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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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16terra basta. Vinho? de açúcar <strong>se</strong> faz mui suave, e para qu<strong>em</strong> o <strong>que</strong>r rijo, com o deixar ferver <strong>do</strong>isdias <strong>em</strong>bebeda como de uvas.Azeite? faz-<strong>se</strong> de cocos de palmeiras. Pano? faz-<strong>se</strong> de algodão com menos trabalho <strong>do</strong> <strong>que</strong> lá<strong>se</strong> faz o de linho, e de lã; por<strong>que</strong> debaixo <strong>do</strong> algo<strong>do</strong>eiro o pode a fiandeira estar colhen<strong>do</strong>, e fian<strong>do</strong>,n<strong>em</strong> faltam tintas com <strong>que</strong> <strong>se</strong> tinja.Sal? cá <strong>se</strong> faz artificial e natural como agora diss<strong>em</strong>os. Ferro? muitas minas há dele, e <strong>em</strong> S.Vicente esta um engenho onde <strong>se</strong> lavra finíssimo. Especiaria? há muitas espécies de pimenta egengibre. Amên<strong>do</strong>as? também <strong>se</strong> escusam com a castanha de caju, et sic de caeteris.Se me dis<strong>se</strong>r<strong>em</strong> <strong>que</strong> não pode sustentar-<strong>se</strong> a terra, <strong>que</strong> não t<strong>em</strong> pão de trigo, e vinho de uvaspara as missas, conce<strong>do</strong>, pois este divino Sacramento é nosso verdadeiro sustento, mas para istobasta o <strong>que</strong> <strong>se</strong> dá no mesmo Brasil <strong>em</strong> S. Vicente e Campo de S. Paulo, como tenho dito no capítulonono, e com isto está, <strong>que</strong> t<strong>em</strong> os portos abertos e grandes barras, e baías, por onde cada dia lheentram navios carrega<strong>do</strong>s de trigo, vinho e outras ricas merca<strong>do</strong>rias, <strong>que</strong> deixam a troco das daterra.CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDODa orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> gentio <strong>do</strong> Brasil, e diversidade de línguas <strong>que</strong> entre eles há.D. Diogo de Avalos vizinho de Chuquiabue no Peru na sua Miscelânea Austral, diz <strong>que</strong> nas<strong>se</strong>rras de Altamira, <strong>em</strong> Espanha, havia uma gente bárbara, <strong>que</strong> tinha ordinária guerra com o<strong>se</strong>spanhóis, e <strong>que</strong> comiam carne humana, <strong>do</strong> <strong>que</strong> enfada<strong>do</strong>s os espanhóis juntaram suas forças, e lhesderam batalha na Andaluzia, <strong>em</strong> <strong>que</strong> os desbarataram, e mataram muitos. Os poucos <strong>que</strong> ficaramnão <strong>se</strong> poden<strong>do</strong> sustentar <strong>em</strong> terra a des<strong>em</strong>pararam, e <strong>se</strong> <strong>em</strong>barcaram para onde a fortuna os guias<strong>se</strong>,e assim deram consigo nas ilhas Fortunadas, <strong>que</strong> agora <strong>se</strong> chamam Canárias: tocaram as de CaboVerde e aportaram no Brasil: saíram <strong>do</strong>is irmãos por cabos desta gente, um chama<strong>do</strong> Tupi e outroGuarani, este último deixan<strong>do</strong> o Tupi povoan<strong>do</strong> o Brasil passou ao Paraguai com sua gente, epovoou o Peru: esta opinião não é certa, e menos o são outras, <strong>que</strong> não refiro, por<strong>que</strong> não t<strong>em</strong>fundamento: o certo é <strong>que</strong> esta gente veio de outra parte, porém <strong>do</strong>nde não <strong>se</strong> sabe, por<strong>que</strong> n<strong>em</strong>entre eles há escrituras, n<strong>em</strong> houve algum autor antigo, <strong>que</strong> deles escreves<strong>se</strong>. O <strong>que</strong> de pre<strong>se</strong>ntev<strong>em</strong>os é <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s são de cor castanha, e s<strong>em</strong> barba, e só <strong>se</strong> distingu<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>se</strong>r<strong>em</strong> uns maisbárbaros, <strong>que</strong> outros / posto <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s o são assaz /. Os mais bárbaros <strong>se</strong> chamam in genereTapuias, <strong>do</strong>s quais há muitas castas de diversos nomes, diversas línguas, e inimigos uns <strong>do</strong>s outros.Os menos bárbaros, <strong>que</strong> por isso <strong>se</strong> chamam Apuabetó, <strong>que</strong> <strong>que</strong>r dizer homens verdadeiros,posto <strong>que</strong> também são de diversas nações e nomes; por<strong>que</strong> os de S. Vicente até o rio da Prata sãoCarijós, os de Rio de Janeiro, Tamoios, os da Bahia, Tupinambás, os <strong>do</strong> rio de S. Francisco,Amaupiras, e os de Pernambuco, até o rio das Amazonas Potiguaras, contu<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s falam umamesma linguag<strong>em</strong> e este aprend<strong>em</strong> os religiosos <strong>que</strong> os <strong>do</strong>utrinam por uma arte de gramática <strong>que</strong>compôs o padre José de Anchieta, varão santo da ord<strong>em</strong> da Companhia de Jesus, é linguag<strong>em</strong> muicompendiosa, e de alguns vocábulos mais abundantes <strong>que</strong> o nosso Português; por<strong>que</strong> nós a to<strong>do</strong>s osirmãos chamamos irmãos e a to<strong>do</strong>s os tios, tios, mas eles ao irmão mais velho chamam de umamaneira, aos mais de outra. O tio irmão <strong>do</strong> pai t<strong>em</strong> um nome, e o tio irmão da mãe outro, e algunsvocábulos têm de <strong>que</strong> não usam <strong>se</strong>não as fêmeas, e outros <strong>que</strong> não <strong>se</strong>rv<strong>em</strong> <strong>se</strong>não aos machos, e s<strong>em</strong>falta são mui eloqüentes, e <strong>se</strong> prezam alguns tanto disto, <strong>que</strong> da prima noite até pela manhã andampelas ruas e praças pregan<strong>do</strong>, excitan<strong>do</strong> os mais a paz, ou a guerra, ou trabalho, ou qual<strong>que</strong>r outracoisa <strong>que</strong> a ocasião lhes oferece, e entretanto <strong>que</strong> um fala to<strong>do</strong>s os mais calam, e ouv<strong>em</strong> comatenção, mas nenhuma palavra pronunciam com f, l ou r, não só das suas, mas n<strong>em</strong> ainda das

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