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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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70saudar<strong>em</strong>, e render<strong>em</strong> as graças os <strong>que</strong> ficaram livres <strong>do</strong> cerco, lhes perguntou <strong>se</strong> sabia o capitãoda<strong>que</strong>la rebelião <strong>do</strong> gentio, e por lhe dizer<strong>em</strong> <strong>que</strong> não, lhe escreveu <strong>do</strong>is escritos <strong>do</strong> <strong>que</strong> haviapassa<strong>do</strong>, e <strong>que</strong> logo <strong>se</strong> tornas<strong>se</strong> com boa ord<strong>em</strong>, e vigilância até <strong>se</strong> juntar<strong>em</strong> com ele, <strong>que</strong> também oia buscar, por<strong>que</strong> entre tantos inimigos não convinha andar<strong>em</strong> espalha<strong>do</strong>s: um destes escritos levavaum mamaluco, <strong>que</strong> não chegou, por<strong>que</strong> os inimigos o mataram no caminho; o outro levou um índio<strong>que</strong> chegou, o qual visto pelo capitão dissimulou o t<strong>em</strong>or, e alvoroço, <strong>que</strong> com ele recebeu e dis<strong>se</strong>ao Seta e aos mais, <strong>que</strong> os acompanhavam, <strong>que</strong> era necessário tornar atrás a socorrer os brancos,<strong>que</strong> o Porquinho tinha posto <strong>em</strong> cerco, e com isto fez volta até um rio, <strong>que</strong> distava dali quatroléguas, onde os rebeldes o estavam já aguardan<strong>do</strong> <strong>em</strong> cilada, e rebentan<strong>do</strong> dela <strong>se</strong> travou entre to<strong>do</strong>suma briga, <strong>que</strong> durou até a noite, e tornan<strong>do</strong> pela manhã a continuá-la, chegaram Diogo de Castro, eo Porquinho, com cujo socorro <strong>se</strong> animou mais o capitão, e combaten<strong>do</strong>-os uns por detrás, outrospor diante, mataram mais de 500.Ali tomaram con<strong>se</strong>lho, e as<strong>se</strong>ntaram <strong>que</strong> os acabass<strong>em</strong> de uma vez, e foss<strong>em</strong> a uma cercaforte, e grande, onde <strong>se</strong> haviam acolhi<strong>do</strong>, dali a 12 léguas, no alto de uma <strong>se</strong>rra.Começaram a marchar, e no <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> dia chegaram a um rio, <strong>que</strong> manava de um pene<strong>do</strong>,onde acharam morto, e com os braços corta<strong>do</strong>s, e as pernas, o mamaluco, <strong>que</strong> haviam manda<strong>do</strong> como escrito ao capitão. Dali mandaram um branco com <strong>do</strong>is negros por espias, <strong>que</strong> <strong>se</strong> encontraramcom outros <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s inimigos; um mataram, e trouxeram o outro vivo, <strong>do</strong> qual souberam <strong>que</strong> a cercadistava dali duas léguas, e <strong>que</strong> estavam nela 43 principais nomea<strong>do</strong>s com toda a sua gente, mulhere<strong>se</strong> filhos.Chega<strong>do</strong>s os nossos à vista, não a qui<strong>se</strong>ram os brancos dar de si <strong>se</strong>não só os <strong>do</strong> Porquinho,<strong>que</strong> já a este t<strong>em</strong>po eram vin<strong>do</strong>s das suas aldeias mais de <strong>do</strong>is mil, os quais vistos pelos da cercasaíram a eles outros tantos, e fingin<strong>do</strong> os <strong>do</strong> Porquinho, depois de haver<strong>em</strong> b<strong>em</strong> batalha<strong>do</strong>, <strong>que</strong> lhesfugiam, <strong>se</strong> foram retiran<strong>do</strong> até os afastar um bom espaço da cerca, e então saiu o nosso capitão comos brancos, dan<strong>do</strong>-lhe sua surriada de pelouros pelas costas, e voltaram os da retirada com outra deflechas, onde toman<strong>do</strong>-os <strong>em</strong> meio trezentos, e os mais s<strong>em</strong> poder<strong>em</strong> tornar à cerca, <strong>se</strong> acolherampara os matos.A cerca tinha três mil e 236 braças <strong>em</strong> circuito, e lançava um braço até a água de <strong>que</strong>bebiam; esta lhe determinaram os nossos tomar <strong>primeiro</strong>, e posto <strong>que</strong> os de dentro a defenderamcom muito esforço <strong>se</strong>is dias, contu<strong>do</strong> no sétimo foi rendida, com o <strong>que</strong> começaram a morrer de<strong>se</strong>de, e a cometer muitos parti<strong>do</strong>s, e o último foi <strong>que</strong> entregariam uma aldeia de <strong>se</strong>us contrários <strong>se</strong>os brancos foss<strong>em</strong> com eles a tomar a entre a como foram, e entran<strong>do</strong> na aldeia começaram a pregar<strong>que</strong> eles os tinham vendi<strong>do</strong> por <strong>se</strong>r<strong>em</strong> <strong>se</strong>us inimigos, e ainda lhe faziam muita mercê <strong>em</strong> não osmatar<strong>em</strong> n<strong>em</strong> os vender<strong>em</strong> a outros gentios, <strong>que</strong> os matass<strong>em</strong> ou maltratass<strong>em</strong>, <strong>se</strong>não a cristãos, <strong>que</strong>os haviam tratar cristãmente; ao <strong>que</strong> respondeu o principal da aldeia, chama<strong>do</strong> Araconda, <strong>que</strong> ele<strong>se</strong>ram os <strong>que</strong> mereciam o cativeiro, e a morte, por <strong>se</strong>r<strong>em</strong> mata<strong>do</strong>res de brancos, e não ele n<strong>em</strong> os<strong>se</strong>us, <strong>que</strong> nunca lhes fizeram nenhum dano; e então <strong>se</strong> virou para o capitão, e lhe dis<strong>se</strong>: «Branco, eununca fiz mal a teus parentes, n<strong>em</strong> estes me pod<strong>em</strong> vender; mas eu por minha vontade <strong>que</strong>ro <strong>se</strong>rcativo, e ir contigo.»O capitão lhe agradeceu com palavras, e man<strong>do</strong>u <strong>que</strong> <strong>se</strong> aprestass<strong>em</strong> dentro de quinze diaspara o caminho, como fizeram; eram tantos, <strong>que</strong> in<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s <strong>em</strong> fileira um atrás de outro comocostumam /, ocupavam uma légua de terra.Não <strong>se</strong>i eu com <strong>que</strong> justiça e razão homens cristãos, <strong>que</strong> professavam guardá-la, qui<strong>se</strong>ramaqui <strong>que</strong> pagas<strong>se</strong> o justo pelo peca<strong>do</strong>r, trazen<strong>do</strong> cativo o gentio, <strong>que</strong> não lhes havia feito mal algum,e deixan<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua liberdade os rebeldes, e homicidas, <strong>que</strong> lhes haviam feito tanta guerra e traições.Porém eles lhes deram o pago, pois apenas os haviam deixa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> determinaram de lhe ir noalcance, e mandaram adiante alguns por espias, <strong>que</strong> <strong>se</strong> metess<strong>em</strong> pelos matos, e quan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>

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