13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

63desordenadas, começou a entender nas da guerra; e a primeira a <strong>que</strong> acudiu foi a lançar os gentiosinimigos <strong>do</strong> rio Real, e povoá-lo como el-rei lhe havia manda<strong>do</strong>, pelas boas informações <strong>que</strong> deletinha, e o mesmo nome de rio Real esta publican<strong>do</strong>, e prometen<strong>do</strong>.Este rio esta <strong>em</strong> 12 graus, t<strong>em</strong> de boca meia légua, <strong>em</strong> a qual há <strong>do</strong>is canais, e por qual<strong>que</strong>rdeles entram navios da costa de cinqüenta toneladas. Da barra para dentro é o rio mui fun<strong>do</strong>, e fazuma baía de mais de uma légua, onde há grandes pescarias de peixes-bois, e de toda a mais sorte depeixe.Entra a maré por ele <strong>se</strong>te ou oito léguas. Do salga<strong>do</strong> para cima é a terra muito boa paracanas-de-açúcar, e outras plantas; t<strong>em</strong> muito pau-<strong>brasil</strong>, e por todas estas coisas a mandava el-reipovoar; porém como havia ali gentio contrário, foi <strong>primeiro</strong> o governa<strong>do</strong>r para a fazer despejar commuitos mora<strong>do</strong>res da Bahia, uns por terra, outros nos barcos, <strong>em</strong> <strong>que</strong> iam os mantimentos, ealcançou vitória de um grande principal chama<strong>do</strong> Sorobi, <strong>que</strong>iman<strong>do</strong>-lhe as aldeias, matan<strong>do</strong>, ecativan<strong>do</strong> a muitos; e por<strong>que</strong> outro chama<strong>do</strong> Aperipé lhe fugiu com a sua gente o <strong>se</strong>guiu cinqüentaléguas pelo <strong>se</strong>rtão s<strong>em</strong> lhe poder dar alcance, onde achou duas léguas notáveis, uma de quinhentasbraças de compri<strong>do</strong>, e cento de largo, cuja água é mais salgada <strong>que</strong> a <strong>do</strong> mar, e toda cercada deperrexil outra pegada a esta de mais de 600 braças de largo de água muito <strong>do</strong>ce; ambas têm muitospeixes, e o governa<strong>do</strong>r man<strong>do</strong>u pescar muito, com <strong>que</strong> <strong>se</strong> tornou para a Bahia, encarregan<strong>do</strong> apovoação a Garcia da Vida, <strong>que</strong> tinha sua casa, fazenda, e muitos currais dali a 12 ou 13 léguas norio de Tatuapará, o qual a começou, mas nunca <strong>se</strong> acabou de povoar <strong>se</strong>não de currais de ga<strong>do</strong>.CAPÍTULO VIGÉSIMODas entradas, <strong>que</strong> neste t<strong>em</strong>po <strong>se</strong> fizeram pelo <strong>se</strong>rtãoNão ficaram pouco pesarosos os mora<strong>do</strong>res da Bahia, <strong>que</strong> acompanharam o governa<strong>do</strong>r aorio Real, por não achar<strong>em</strong> o gentio, <strong>que</strong> buscavam, para o cativar<strong>em</strong>, e <strong>se</strong> <strong>se</strong>rvir<strong>em</strong> dele comoa<strong>que</strong>les a qu<strong>em</strong> havia leva<strong>do</strong> mais esta cobiça <strong>que</strong> o zelo da nova povoação, <strong>que</strong> el-rei pretendia <strong>se</strong>fizes<strong>se</strong>; mas ainda <strong>se</strong> ajudaram <strong>do</strong> sucesso para <strong>se</strong>u intento, dizen<strong>do</strong> ao governa<strong>do</strong>r <strong>que</strong> pois asguerras afugentavam os gentios, como <strong>se</strong> vira nesta, e nas <strong>que</strong> <strong>se</strong>u antecessor lhes havia feitas, com<strong>que</strong> os fez afastar <strong>do</strong> mar mais de <strong>se</strong>s<strong>se</strong>nta léguas, <strong>se</strong>ria melhor trazê-los por paz, e per persuasão d<strong>em</strong>amalucos, <strong>que</strong> por eles saber<strong>em</strong> a língua, e pelo parentesco, <strong>que</strong> com eles tinham / porqu<strong>em</strong>amalucos chamamos mestiços, <strong>que</strong> são filhos de brancos, e de índias/, os trariam mais facilmente<strong>que</strong> por armas.Por estas razões, ou por comprazer aos suplicantes, deu o governa<strong>do</strong>r as licenças, <strong>que</strong> lhepediram, para mandar<strong>em</strong> ao <strong>se</strong>rtão descer índios por meio <strong>do</strong>s mamalucos, os quais não iam tãoconfia<strong>do</strong>s na eloqüência, <strong>que</strong> não levass<strong>em</strong> muitos solda<strong>do</strong>s brancos, e índios confedera<strong>do</strong>s, eamigos, com suas flechas, e armas, com as quais, quan<strong>do</strong> não <strong>que</strong>riam por paz, e por vontade, ostraziam por guerra, e por força: mas ordinariamente bastava a língua <strong>do</strong> parente mamaluco, <strong>que</strong> lhesrepre<strong>se</strong>ntava a fartura <strong>do</strong> peixe, e mariscos <strong>do</strong> mar, de <strong>que</strong> lá careciam, a liberdade de <strong>que</strong> haviamde gozar, a qual não teriam <strong>se</strong> os trouxess<strong>em</strong> por guerra.Com estes enganos, e com algumas dádivas de roupas, e ferramentas, <strong>que</strong> davam aosprincipais, e resgates, <strong>que</strong> lhes davam pelos <strong>que</strong> tinham presos <strong>em</strong> cordas para os comer<strong>em</strong>,abalavam aldeias inteiras, e <strong>em</strong> chegan<strong>do</strong> à vista <strong>do</strong> mar, apartavam os filhos <strong>do</strong>s pais, os irmãos<strong>do</strong>s irmãos, e ainda às vezes a mulher <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong> uns o capitão mamaluco, outros ossolda<strong>do</strong>s, outros os arma<strong>do</strong>res, outros os <strong>que</strong> impetraram a licença, outros qu<strong>em</strong> lha concedeu, eto<strong>do</strong>s <strong>se</strong> <strong>se</strong>rviam deles <strong>em</strong> suas fazendas, e alguns os vendiam, porém com declaração <strong>que</strong> eramíndios de consciência, e <strong>que</strong> lhes não vendiam <strong>se</strong>não o <strong>se</strong>rviço, e qu<strong>em</strong> os comprava, pela primeira

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!