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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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148sair de cada freguesia 20 homens a assistir no arraial, e com esta prevenção <strong>se</strong> defenderam <strong>do</strong>sinimigos <strong>em</strong> algumas partes, e ainda <strong>em</strong> outras os ofenderam, como fez Bartolomeu Pires, mora<strong>do</strong>rna boca <strong>do</strong> rio de Matuim, o qual ven<strong>do</strong> <strong>que</strong> de um patacho <strong>que</strong> ali <strong>se</strong> pôs saíam os holande<strong>se</strong>s àsvezes ao engenho de Simão Nunes de Mattos, <strong>que</strong> está defronte na ilha de Maré, a comer com ofeitor, por<strong>que</strong> <strong>se</strong>u <strong>do</strong>no não estava aí, <strong>se</strong> foi meter com eles, e os convi<strong>do</strong>u para uma merenda no dia<strong>se</strong>guinte, avisan<strong>do</strong> a Antônio Car<strong>do</strong>so de Barros lhe mandas<strong>se</strong> gente para o ajudar, como man<strong>do</strong>u, ea pôs <strong>em</strong> cilada da outra parte <strong>do</strong> engenho, e mortas as galinhas, postas a assar para maisdissimulação, tanto <strong>que</strong> os teve juntos deu sinal aos da <strong>em</strong>boscada, os quais saíram, e mataramalguns, <strong>em</strong> <strong>que</strong> entrou um merca<strong>do</strong>r holandês; e fugin<strong>do</strong> os mais para o batel, cativaram só três, <strong>que</strong>depois daí a <strong>se</strong>is me<strong>se</strong>s tornaram a fugir de casa de Antônio Car<strong>do</strong>so de Barros para os <strong>se</strong>us.Outros foram <strong>em</strong> uma nau à ponta da ilha de Itaparica, chamada a ponta da Cruz, e depois dea carregar<strong>em</strong> de azeite, ou graxa de baleia, <strong>que</strong> aí havia / por<strong>que</strong> a<strong>que</strong>le é o lugar onde <strong>se</strong> faz /, <strong>se</strong>foram ao engenho de Gaspar de Azeve<strong>do</strong>, <strong>que</strong> está na praia uma légua atrás da ponta, onde lhe nãotomaram açúcar n<strong>em</strong> fizeram algum dano, antes lhe escreveram <strong>que</strong> vies<strong>se</strong> para o <strong>se</strong>u engenho, <strong>em</strong>oes<strong>se</strong> cana, e lhe dariam para isso negros, e toda a fábrica necessária, e somente a uma cruz depau alta, <strong>que</strong> estava no terreiro <strong>do</strong> engenho, deram algumas cutiladas, a qual milagrosamente <strong>se</strong>torceu, e virou logo para outra parte, para a qual caminhan<strong>do</strong> depois os holande<strong>se</strong>s acharam algunsmora<strong>do</strong>res da ilha com Afonso Rodrigues da Cachoeira, <strong>que</strong> então ali chegou com o <strong>se</strong>u gentio, <strong>em</strong>ortos oito à flechadas, e arcabuzadas, lhes tomaram uma lancha com três ro<strong>que</strong>iras, e fizeram<strong>em</strong>barcar os mais com a água pela barba, e muitos mui malferi<strong>do</strong>s; pelo <strong>que</strong> <strong>se</strong> ficou ten<strong>do</strong> a<strong>que</strong>lacruz <strong>em</strong> tanta veneração e estima <strong>do</strong>s católicos, <strong>que</strong> faz<strong>em</strong> dela relíquias, com <strong>que</strong> saram muito<strong>se</strong>nfermos de maleitas, e outras enfermidades.O capitão Francisco holandês foi <strong>em</strong> outra nau a ilha de Boipeba, <strong>que</strong> é de fora da barra, eentran<strong>do</strong> pelo rio dentro até a vila <strong>do</strong> Cairu, <strong>que</strong> <strong>se</strong>rá de 20 vizinhos, com duas lanchas d<strong>em</strong>os<strong>que</strong>teiros; man<strong>do</strong>u o português <strong>que</strong> consigo levava à terra, e de lá veio com ele Antônio deCouros, <strong>se</strong>nhor ali de um engenho, por <strong>se</strong>r amigo <strong>do</strong> dito capitão holandês Francisco, <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>que</strong>nesta cidade esteve preso, como diss<strong>em</strong>os no capítulo nono deste <strong>livro</strong>; o qual Antônio de Couros,depois de <strong>se</strong> saudar<strong>em</strong> com as palavras, e cerimônias devidas, <strong>se</strong> virou ao português medianeiro,chaman<strong>do</strong>-lhe tre<strong>do</strong> a el-rei, e parcial <strong>do</strong>s holande<strong>se</strong>s, e logo dis<strong>se</strong> ao capitão <strong>que</strong> não <strong>que</strong>ria comele paz <strong>se</strong>não guerra, e para ela o ia esperar <strong>em</strong> terra, e foi tão honra<strong>do</strong> o holandês <strong>que</strong>, ou pelo<strong>se</strong>guro da paz <strong>que</strong> lhe havia da<strong>do</strong>, ou pela amizade e conhecimento <strong>que</strong> tinham dantes, ou pelo <strong>que</strong>fos<strong>se</strong>, n<strong>em</strong> por palavras, n<strong>em</strong> por obras lhe deu ruim resposta, antes <strong>se</strong> tornou para a nau, <strong>que</strong> haviadeixa<strong>do</strong> no morro de S. Paulo, <strong>que</strong> é a barra da<strong>que</strong>le rio, e daí para a cidade, depois tornou aoCamamu com outra nau, e com mais lanchas e solda<strong>do</strong>s, e outro português, <strong>que</strong> havia si<strong>do</strong> <strong>se</strong>ucarcereiro no t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> esteve preso, e com muitos negros <strong>do</strong>s <strong>que</strong> haviam toma<strong>do</strong> <strong>do</strong>s navios deAngola, para ver <strong>se</strong> lhos <strong>que</strong>riam trocar por vacas, porcos, e galinhas, e também por lhe nãoresponder<strong>em</strong> ao <strong>se</strong>u propósito, <strong>se</strong> tornou só com 12 bois, <strong>que</strong> tomou <strong>do</strong> pasto <strong>do</strong> engenho <strong>do</strong>spadres da companhia, e ainda estes lhes custaram oito holande<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> os índios mataram àflechadas, e por haver leva<strong>do</strong> as lanchas de vela perderam cá a presa de um navio de Viana, <strong>que</strong>vinha da ilha da Madeira carrega<strong>do</strong> de vinhos, e mui <strong>em</strong>bandeira<strong>do</strong>, ao qual estan<strong>do</strong> já junto dasnaus holandesas para tomar a vala, e deitar âncora, tiraram de uma delas duas bombardadas, o <strong>que</strong>visto pelos portugue<strong>se</strong>s <strong>do</strong> navio conheceram pelos pelouros <strong>que</strong> levavam <strong>se</strong>r de guerra, e largan<strong>do</strong>to<strong>do</strong> o pano ao vento, <strong>que</strong> era largo, foram corren<strong>do</strong> pela Bahia dentro, in<strong>do</strong> também a holandesa,<strong>que</strong> era a nau Tigre, após ela, porém como <strong>se</strong> deteve <strong>em</strong> <strong>se</strong> desamarrar, e largar as velas, s<strong>em</strong>pre onavio lhe levou esta vantag<strong>em</strong>, a qual bastou para a <strong>se</strong>u salvo <strong>se</strong> pôr na boca <strong>do</strong> rio de Matuim, ondea nau, por <strong>se</strong>r grande, <strong>que</strong> era de 350 toneladas, e não levar lanchas, não pôde chegar n<strong>em</strong> fazer-lhedano.

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