13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

35o sul, e outras 25 da capitania de Pernambuco para o norte, a <strong>que</strong> chamam de Itamaracá por respeitode uma ilha assim chamada, na qual está situada a vila da Conceição com uma igreja matriz <strong>do</strong>mesmo título, e outra da Santa Mi<strong>se</strong>ricórdia.A ilha t<strong>em</strong> duas léguas de compri<strong>do</strong>, ou pouco mais, ao re<strong>do</strong>r dela v<strong>em</strong> des<strong>em</strong>bocar cincorios, <strong>do</strong>s quais, o de Iguaraçu, <strong>que</strong> d<strong>em</strong>arca e extr<strong>em</strong>a esta capitania da de Pernambuco, e está <strong>em</strong> 7ºe um terço, alaga da ilha da parte <strong>do</strong> sul, onde está a dita vila, e o porto <strong>do</strong>s Navios, os quais paraentrar<strong>em</strong> t<strong>em</strong> por baliza, e sinal umas barreiras vermelhas, com as quais pon<strong>do</strong>-<strong>se</strong> nordeste su<strong>do</strong>esteentram pela barra à vontade. Outra barra t<strong>em</strong> a ilha à parte <strong>do</strong> norte, pela qual entram caravelões dacosta.Os outros rios <strong>que</strong> da terra firme vêm des<strong>em</strong>bocar ao re<strong>do</strong>r desta ilha são os de Araripe,Tapir<strong>em</strong>a, Tujucupapo e Gueena, nos quais há mui bons engenhos de açúcar principalmente nesteúltimo de Gueena, onde está outra freguesia.Nesta ilha de Itamaracá tinham os france<strong>se</strong>s feito uma fortaleza com um presídio de mais dec<strong>em</strong> solda<strong>do</strong>s, com muitas munições, e artilharia, onde <strong>se</strong> recolhia a gente <strong>do</strong>s <strong>se</strong>us navios quan<strong>do</strong>vinham a carregar de pau-<strong>brasil</strong>, <strong>que</strong> os gentios lhe cortavam, e acarretavam aos ombros a troco deferramenta e outros resgates de pouca valia, <strong>que</strong> lhes davam, como também lhes traziam a troco <strong>do</strong>smesmos muito algodão, e fia<strong>do</strong>, e redes feitas <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>do</strong>rm<strong>em</strong>, bugios, papagaios, pimenta e outrascoisas <strong>que</strong> a terra dá, <strong>que</strong> para os france<strong>se</strong>s era de muito ganho, e por esta causa assim neste portocomo nos mais <strong>do</strong> Brasil comerciavam com o gentio, e os alteravam contra os portugue<strong>se</strong>s,induzin<strong>do</strong>-os <strong>que</strong> os não con<strong>se</strong>ntiss<strong>em</strong> povoar, antes os matass<strong>em</strong> e comess<strong>em</strong>, por<strong>que</strong> o mesmovinham eles a fazer, o qual sabi<strong>do</strong> por el-rei d. João Terceiro, ordenou uma armada mui b<strong>em</strong>provida de to<strong>do</strong> o necessário, e man<strong>do</strong>u nela por capitão-mor Pero Lopes de Souza, para <strong>que</strong> vies<strong>se</strong>primeiramente a esta ilha, e daqui a to<strong>do</strong>s os mais portos, e lanças<strong>se</strong> dele to<strong>do</strong>s os france<strong>se</strong>s <strong>que</strong>achas<strong>se</strong>, e destruís<strong>se</strong> suas fortalezas e feitorias, levantan<strong>do</strong> outras, <strong>do</strong>nde lhe carregass<strong>em</strong> o pau<strong>brasil</strong>por sua conta, por<strong>que</strong> esta era a droga <strong>que</strong> tomava para si.Esta armada partiu de Lisboa, e navegou prosperamente até avistar a ilha de Itamaracá at<strong>em</strong>po <strong>que</strong> havia dela saí<strong>do</strong> uma nau francesa carregada para França, a qual cui<strong>do</strong>u fugir-lhe, masman<strong>do</strong>u atrás dela uma caravela muito ligeira, e por capitão dela um João Gonçalves, hom<strong>em</strong> de suacasa, de cujo esforço tinha muita confiança, pela experiência <strong>que</strong> dele tinha de outras armadas <strong>em</strong><strong>que</strong> o acompanhou contra os corsários na costa de Portugal e de Castela; e como a caravela era umpensamento, e a nau francesa sobrecarregada, posto <strong>que</strong> alojou muita parte da carga <strong>do</strong> pau-<strong>brasil</strong>,enfim foi alcançada, e <strong>que</strong>ren<strong>do</strong> <strong>se</strong> pôr <strong>em</strong> defesa lhe tiraram da nossa com um pelouro de cadeia,<strong>que</strong> a colheu de proa a popa, e a de<strong>se</strong>nxarceou de uma banda, e lhe matou alguns homens, com o<strong>que</strong> <strong>se</strong> renderam os mais, <strong>que</strong> eram 35 entre grandes e pe<strong>que</strong>nos, e a nau com oito peças deartilharia, com a qual presa <strong>se</strong> tornou o capitão João Gonçalves, haven<strong>do</strong> já 27 dias <strong>que</strong> o capitãomorestava na ilha, onde teve informação de outra nau <strong>que</strong> vinha de França com munições eresgates aos france<strong>se</strong>s, e a man<strong>do</strong>u esperar por outras duas caravelas, de <strong>que</strong> foram por capitãesÁlvaro Nunes de Andrada, hom<strong>em</strong> fidalgo, galezo, da geração <strong>do</strong>s Andradas, e Gamboas, eSebastião Gonçalves Arvelos, os quais a tomaram, e entraram com ela na mesma maré <strong>em</strong> <strong>que</strong> JoãoGonçalves entrou com a outra, com <strong>que</strong> os france<strong>se</strong>s da fortaleza começaram a enfra<strong>que</strong>cer, edesmaiar, e muito mais por<strong>que</strong> <strong>se</strong> lhe levantou um levantisco, e alguns portugue<strong>se</strong>s <strong>que</strong> eles tinhamtoma<strong>do</strong>, e andavam entre os gentios, os quais, como lhes sabiam falar já a língua, os amotinaramcontra os france<strong>se</strong>s de tal mo<strong>do</strong>, <strong>que</strong> <strong>se</strong> Pero Lopes de Souza lho não proibira, qui<strong>se</strong>ram logo matálos,e comê-los, <strong>que</strong> tão variável é o gentio, e amigo de novidades; e assim vieram logo osprincipais oferecer-<strong>se</strong> a Pero Lopes de Souza para isto, e para tu<strong>do</strong> o mais <strong>que</strong> lhes mandas<strong>se</strong>; oqual os recebeu benignamente, e lhes dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> não fizess<strong>em</strong> o mal aos france<strong>se</strong>s, por<strong>que</strong> to<strong>do</strong><strong>se</strong>ram irmãos, n<strong>em</strong> ele lho havia de fazer, <strong>se</strong> lhe não resistiss<strong>em</strong>, antes muitos benefícios, e favores;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!