13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

33O intento <strong>que</strong> o levou devia <strong>se</strong>r para re<strong>que</strong>rer <strong>se</strong>us <strong>se</strong>rviços, <strong>que</strong> na verdade eram grandes; eainda <strong>que</strong> eram para <strong>se</strong>u proveito, e de <strong>se</strong>us descendentes, aos quais rende hoje a capitania perto devinte mil cruza<strong>do</strong>s: muito mais eram para el-rei, a qu<strong>em</strong> só os dízimos passam cada ano de 60 milcruza<strong>do</strong>s, fora o pau-<strong>brasil</strong>, e direitos <strong>do</strong> açúcar, <strong>que</strong> importam muito os desta capitania por havernela c<strong>em</strong> engenhos; porém como ainda então não havia tantos, n<strong>em</strong> tanta renda, e devia estarmexerica<strong>do</strong> com el-rei, <strong>que</strong> lhe tomava a jurisdição, quan<strong>do</strong> lhe foi beijar a mão lho r<strong>em</strong>ocou, e orecebeu com tão pouca graça, <strong>que</strong> in<strong>do</strong>-<strong>se</strong> para casa enfermou de nojo, e morreu daí a poucos dias;pelo <strong>que</strong> in<strong>do</strong> Afonso de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> com dó ao passo, e saben<strong>do</strong> el-rei dele por qu<strong>em</strong> o trazia, lhedis<strong>se</strong>: Pesa-me <strong>se</strong>r morto Duarte Coelho, por<strong>que</strong> era muito bom cavaleiro. Esta foi a paga de <strong>se</strong>us<strong>se</strong>rviços, mas mui diferente a <strong>que</strong> de Deus receberia, <strong>que</strong> é só o <strong>que</strong> paga dignamente, e ainda ultracondignum, aos <strong>que</strong> o <strong>se</strong>rv<strong>em</strong>.CAPÍTULO DÉCIMODe como na ausência de Duarte Coelho ficou governan<strong>do</strong> Jerônimo de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> a Capitania dePernambuco, e <strong>do</strong> <strong>que</strong> nela aconteceu neste t<strong>em</strong>poRazão tinha / <strong>se</strong> tivera perfeito uso dela / o gentio desta capitania para não <strong>se</strong> inquietar, einquietá-la com a ausência de Duarte Coelho, pois ficava <strong>em</strong> <strong>se</strong>u lugar sua mulher d. Beatriz deAlbu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, <strong>que</strong> a to<strong>do</strong>s tratava como filhos, e Jerônimo de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> <strong>se</strong>u irmão, <strong>que</strong> assim porsua natural brandura, e boa condição, como por ter muitos filhos das filhas <strong>do</strong>s principais, os tratavaa eles com respeito. Mas como é gente <strong>que</strong> <strong>se</strong> leva mais por t<strong>em</strong>or, <strong>que</strong> por amor, tanto <strong>que</strong> viramau<strong>se</strong>ntes o <strong>que</strong> t<strong>em</strong>iam, começaram a fazer das suas, matan<strong>do</strong>, e comen<strong>do</strong> a quantos brancos enegros <strong>se</strong>us escravos encontravam pelos caminhos, e o pior era <strong>que</strong> n<strong>em</strong> por isto deixavam de lhesvir a casa com <strong>se</strong>us resgates, dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> eles o não faziam, <strong>se</strong>não alguns velhacos, <strong>que</strong> haviammister b<strong>em</strong> castiga<strong>do</strong>s.Muito dava isto <strong>em</strong> <strong>que</strong> entender a Jerônimo de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> por não saber <strong>que</strong> con<strong>se</strong>lhotomas<strong>se</strong>, e assim chamou a ele os oficiais da Câmara, e outras pessoas <strong>que</strong> o podiam dar, e juntos<strong>em</strong> sua casa lhes perguntou o <strong>que</strong> faria, começou logo cada um a dizer o <strong>que</strong> <strong>se</strong>ntia, e os mais foramde parecer <strong>que</strong> os castigass<strong>em</strong>, e lhes fizess<strong>em</strong> guerra, mas não concordan<strong>do</strong> no mo<strong>do</strong> dela, <strong>se</strong>desfez a junta s<strong>em</strong> resolução <strong>do</strong> caso, e <strong>se</strong> foi cada um para sua casa, só ficaram alguns, <strong>que</strong> melhor<strong>se</strong>ntiam, e entre eles um chama<strong>do</strong> Vasco Fernandes de Lucena, hom<strong>em</strong> grave, e muitoexperimenta<strong>do</strong> nesta matéria de índios <strong>do</strong> Brasil, <strong>que</strong> lhes sabia b<strong>em</strong> a língua, e as tretas de <strong>que</strong>usam, o qual dis<strong>se</strong> ao governa<strong>do</strong>r <strong>que</strong> não era b<strong>em</strong> dar guerra a este gentio s<strong>em</strong> <strong>primeiro</strong> averiguarquais eram os culpa<strong>do</strong>s, por<strong>que</strong> não ficass<strong>em</strong> pagan<strong>do</strong> os justos pelos peca<strong>do</strong>res; e <strong>que</strong> ele / <strong>se</strong> lhedava licença / daria ord<strong>em</strong> e traça com <strong>que</strong> eles mesmos <strong>se</strong> descobriss<strong>em</strong>, e acusass<strong>em</strong> uns aosoutros, e sobre isso ficass<strong>em</strong> entre si divisos, e inimigos mortais, <strong>que</strong> era o <strong>que</strong> mais importava;por<strong>que</strong> to<strong>do</strong> o reino <strong>em</strong> si diviso <strong>se</strong>rá assola<strong>do</strong>, e uns aos outros <strong>se</strong> destruíram s<strong>em</strong> nós lhesfazermos guerra, e quan<strong>do</strong> fos<strong>se</strong> necessário fazer-lha, nos ajudaríamos <strong>do</strong> ban<strong>do</strong> contrário, <strong>que</strong> fois<strong>em</strong>pre o mo<strong>do</strong> mais fácil das guerras, <strong>que</strong> os portugue<strong>se</strong>s fizeram no Brasil, e para isto mandas<strong>se</strong>logo ordenar muitos vinhos, e convidar os principais das aldeias, para <strong>que</strong> os viess<strong>em</strong> beber, e nomais deixas<strong>se</strong> a ele o cargo.Pareceu isto b<strong>em</strong> aos <strong>que</strong> ali estavam, e o governa<strong>do</strong>r encomendan<strong>do</strong>-lhes o <strong>se</strong>gre<strong>do</strong> comoconvinha, man<strong>do</strong>u fazer os vinhos, e eles feitos man<strong>do</strong>u chamar os principais das aldeias <strong>do</strong>sgentios, e tanto <strong>que</strong> vieram os man<strong>do</strong>u agasalhar pelos línguas, ou intérpretes, <strong>que</strong> o fizeram ao <strong>se</strong>umo<strong>do</strong> beben<strong>do</strong> com eles, por<strong>que</strong> não suspeitass<strong>em</strong> ter o vinho peçonha, e o bebess<strong>em</strong> de boavontade, e depois <strong>que</strong> estiveram carrega<strong>do</strong>s, lhes dis<strong>se</strong> Vasco Fernandes de Lucena <strong>que</strong> o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!