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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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54à costa, passou por eles uma caravela, <strong>que</strong> ia para a pederneira, e pedin<strong>do</strong> aos homens dela <strong>que</strong> àhonra da morte e paixão de Nosso Senhor os qui<strong>se</strong>ss<strong>em</strong> socorrer, e <strong>que</strong> lhes pagariam muito b<strong>em</strong> <strong>se</strong>os tomass<strong>em</strong>, e levass<strong>em</strong> à terra, responderam <strong>que</strong> Jesus Cristo lhes vales<strong>se</strong>, <strong>que</strong> eles não podiamperder t<strong>em</strong>po de viag<strong>em</strong>, e <strong>se</strong> foram s<strong>em</strong> alguma piedade, ou porventura houveram me<strong>do</strong> da nau porlhes parecer fantasma, por<strong>que</strong> nunca <strong>se</strong> viu no mar coisa tão dess<strong>em</strong>elhada para navegar, como opedaço da nau <strong>em</strong> <strong>que</strong> iam; porém este me<strong>do</strong> ou crueldade não tiveram outros <strong>que</strong> iam para aAtouguia, os quais acudiram logo aos <strong>primeiro</strong>s bra<strong>do</strong>s / <strong>que</strong> não podiam ouvir <strong>se</strong>nãomilagrosamente por estar<strong>em</strong> muito longe / e levaram a nau à toa até a por<strong>em</strong> <strong>em</strong> Cascais, a horas desol posto; <strong>do</strong>nde o infante d. Henri<strong>que</strong>, cardeal, <strong>que</strong> neste t<strong>em</strong>po governava o reino de Portugal, aman<strong>do</strong>u levar pelo rio acima, e pô-la defronte da igreja de São Paulo, para <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>que</strong> aviss<strong>em</strong> dess<strong>em</strong> muitos louvores a Deus, por livrar os <strong>que</strong> nela vinham de tantos perigos comopassaram. E assim, ainda <strong>que</strong> esta viag<strong>em</strong> pertence tanto a História <strong>do</strong> Brasil <strong>que</strong> vou escreven<strong>do</strong>por <strong>se</strong>r ele o término a quo, e feita, e padecida por um <strong>do</strong>s capitães destas partes, e natural delas,contu<strong>do</strong> rogo aos <strong>que</strong> ler<strong>em</strong> este capítulo, <strong>que</strong> dê<strong>em</strong> ao Senhor as mesmas graças, e louvores; etenham s<strong>em</strong>pre nele firme esperança, <strong>que</strong> os pode livrar de to<strong>do</strong>s os perigos.CAPÍTULO DÉCIMO SEGUNDODe como o governa<strong>do</strong>r M<strong>em</strong> de Sá tornou ao Rio de Janeiro, fun<strong>do</strong>u nele a cidade deS. Sebastião, e <strong>do</strong> mais <strong>que</strong> lá fez até tornar à BahiaPosto <strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r M<strong>em</strong> de Sá não estava ocioso na Bahia, não deixava de estar com opensamento nas coisas <strong>do</strong> Rio de Janeiro, e assim sacudin<strong>do</strong>-<strong>se</strong> de todas as mais, aprestou umaarmada, e com o bispo d. Pedro Leitão, <strong>que</strong> ia visitar as capitanias <strong>do</strong> sul, <strong>que</strong> todas na<strong>que</strong>le t<strong>em</strong>poeram da sua dioce<strong>se</strong>, e jurisdição, e com toda a mais luzida <strong>que</strong> pôde levar desta cidade, <strong>se</strong><strong>em</strong>barcou e chegou brev<strong>em</strong>ente ao Rio, onde <strong>em</strong> dia de São Sebastião, vinte de janeiro <strong>do</strong> ano d<strong>em</strong>il quinhentos <strong>se</strong>s<strong>se</strong>nta e <strong>se</strong>te, acabou de lançar os inimigos de toda a en<strong>se</strong>ada, e os <strong>se</strong>guiu dentrode suas terras sujeitan<strong>do</strong>-os a <strong>se</strong>u poder, e arrasan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is lugares <strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> haviam fortifica<strong>do</strong> osfrance<strong>se</strong>s, posto <strong>que</strong> <strong>em</strong> um deles, <strong>que</strong> foi na aldeia de um índio principal chama<strong>do</strong> Iburaguaçumirim, <strong>que</strong> <strong>que</strong>r dizer «pau grande pe<strong>que</strong>no,» lhe feriram <strong>se</strong>u sobrinho Estácio de Sá de umamortífera flechada, de <strong>que</strong> depois morreu.Sos<strong>se</strong>gadas as coisas da guerra, escolheu o governa<strong>do</strong>r sítio acomoda<strong>do</strong> ao edifício de umanova cidade, a qual man<strong>do</strong>u fortalecer com quatro castelos, e a barra ou entrada <strong>do</strong> Rio com <strong>do</strong>is,chamou a cidade de S. Sebastião, não só por <strong>se</strong>r nome de <strong>se</strong>u rei, <strong>se</strong>não por agradecimento <strong>do</strong>sbenefícios recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> santo, pois a vitória passada <strong>se</strong> ganhou dia de S. Sebastião; e <strong>em</strong> este dia,<strong>do</strong>is anos antes, partiu Estácio de Sá de S. Vicente para o Rio de Janeiro, e começou a guerrainvocan<strong>do</strong> o <strong>se</strong>u favor, o qual reconheceram b<strong>em</strong> os portugue<strong>se</strong>s, assim na batalha naval das canoas,como <strong>em</strong> outras ocasiões de perigo.Pelo <strong>que</strong>, ainda <strong>em</strong> m<strong>em</strong>ória da vitória das canoas, <strong>se</strong> faz to<strong>do</strong>s os anos na<strong>que</strong>la baía,defronte da cidade, no dia <strong>do</strong> glorioso São Sebastião uma escaramuça de canoas com grande grita<strong>do</strong>s índios, <strong>que</strong> as r<strong>em</strong>am, e <strong>se</strong> combat<strong>em</strong>, coisa muito para ver.O sítio <strong>em</strong> <strong>que</strong> M<strong>em</strong> de Sá fun<strong>do</strong>u a cidade de São Sebastião foi o cume de um monte,<strong>do</strong>nde facilmente <strong>se</strong> podiam defender <strong>do</strong>s inimigos, mas depois, estan<strong>do</strong> a terra de paz, <strong>se</strong> estendeupelo vale ao longo <strong>do</strong> mar, de sorte <strong>que</strong> a praia lhe <strong>se</strong>rve de rua principal, e assim <strong>se</strong>n<strong>do</strong> lá capitãomorAfonso de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, <strong>se</strong> achou uma manhã defronte da porta <strong>do</strong> Convento <strong>do</strong> Carmo, <strong>que</strong>ali está, uma baleia morta, <strong>que</strong> de noite havia da<strong>do</strong> à costa; e as canoas <strong>que</strong> v<strong>em</strong> das roças, ougranjas <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, ali ficam des<strong>em</strong>barcan<strong>do</strong> cada um à sua porta, ou perto dela, com o <strong>que</strong>

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