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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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58Com toda esta gente <strong>se</strong> partiu Duarte Coelho de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, e foi marchan<strong>do</strong> até àsprimeiras cercas <strong>do</strong>s inimigos, onde o esperaram aos <strong>primeiro</strong>s encontros, e houve alguns mortos eferi<strong>do</strong>s de parte a parte, mas ven<strong>do</strong> <strong>que</strong> era impossível resistir a tantos, <strong>se</strong> pu<strong>se</strong>ram <strong>em</strong> fugida comgrande pressa, para <strong>que</strong> <strong>se</strong>guin<strong>do</strong>-os com a mesma não tivess<strong>em</strong> os nossos lugar de desmancharlhesas casas, e as cercas, e assim tornass<strong>em</strong> depois pelos matos a meter-<strong>se</strong> nelas; mas DuarteCoelho, <strong>que</strong> lhes adivinhou os pensamentos, lhes man<strong>do</strong>u <strong>que</strong>imar algumas, e <strong>em</strong> outras deixoupresídios, com ord<strong>em</strong> <strong>que</strong> lhes arrancass<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os mantimentos, com o <strong>que</strong> os obrigou a cometerpazes, e ele lhas outorgou com as condições, <strong>que</strong> melhor lhe estiveram, e repartiu as terras porpessoas, <strong>que</strong> as começaram logo a lavrar, os quais como acharam tanto mantimento planta<strong>do</strong> nãofaziam mais <strong>que</strong> comê-lo, e replantá-lo da mesma rama, e nas mesmas covas, e com isto foramfazen<strong>do</strong> <strong>se</strong>us canaviais, e engenhos de açúcar, com <strong>que</strong> enri<strong>que</strong>ceram muito, por a terra <strong>se</strong>rfertilíssima, e só um, <strong>que</strong> por isto <strong>se</strong> chamou João Paes <strong>do</strong> Cabo, chegou a fazer oito engenhos, <strong>que</strong>repartiram por oito filhos <strong>que</strong> teve, e coube a cada um <strong>se</strong>u de legítima.E por<strong>que</strong> as terras <strong>do</strong> rio de Cirinhaen, <strong>que</strong> ficam defronte da ilha de Santo Aleixo, <strong>se</strong>isléguas <strong>do</strong> cabo, eram também muito boas, e as tinha ocupadas outro gentio contrário, <strong>que</strong> já estavasujeito e pacífico, e de lá os vinham inquietar, e salteá-los, lhes man<strong>do</strong>u Duarte Coelho dizer pelosnossos línguas, e intérpretes, <strong>que</strong> <strong>se</strong> quietass<strong>em</strong>, e foss<strong>em</strong> amigos, <strong>se</strong>não <strong>que</strong> lhe <strong>se</strong>ria necessáriodefendê-los, e tomar vingança <strong>do</strong>s agravos, e injúrias, <strong>que</strong> lhes faziam.Ao <strong>que</strong> eles com muita arrogância responderam <strong>que</strong> não o haviam com os brancos, n<strong>em</strong> comele, <strong>se</strong>não com a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> eram <strong>se</strong>us inimigos, e contrários antigos; mas <strong>se</strong> os brancos <strong>que</strong>riam poreles tomar pendências, ainda tinham braços para <strong>se</strong> defender<strong>em</strong> de uns, e de outros.Torna<strong>do</strong>s os línguas com esta reposta, fez Duarte Coelho de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> uma junta deoficiais da Câmera, e mais pessoas da governança, onde <strong>se</strong> julgou <strong>se</strong>r a coisa bastante para <strong>se</strong> lhesfazer guerra justa, e os cativar, e com este as<strong>se</strong>nto <strong>se</strong> aprestou logo outro exército, <strong>em</strong> <strong>que</strong> foi FilipeCavalcante, fidalgo florentino, capitão <strong>do</strong>s <strong>que</strong> foram por mar <strong>em</strong> barcos, e caravelões, e Jerônimode Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, <strong>do</strong>s <strong>que</strong> marcharam por terra, <strong>que</strong> Duarte Coelho como solda<strong>do</strong> quis ir solto, nacompanhia <strong>do</strong>s aventureiros, e tanto <strong>que</strong> chegaram às cercas, e aldeias <strong>do</strong>s inimigos, tiveramgrandes encontros, e resistências, por<strong>que</strong> eram muitas, e rotas umas <strong>se</strong> acolhiam logo, e <strong>se</strong>fortificavam, e defendiam <strong>em</strong> outras com grande ânimo e corag<strong>em</strong>.Porém quan<strong>do</strong> viram o socorro <strong>do</strong>s barcos, e <strong>que</strong> não puderam impedir-lhes o des<strong>em</strong>barcar,posto <strong>que</strong> o acometeram animosamente, logo desconfiaram, e fugiram para o <strong>se</strong>rtão, levan<strong>do</strong> asmulheres, e filhos diante, e fican<strong>do</strong> os valentes fazen<strong>do</strong>-lhes costas, <strong>que</strong> nunca as viraram aosnossos aventureiros, e índios nossos amigos, <strong>que</strong> os foram <strong>se</strong>guin<strong>do</strong> muitas léguas, até chegar a umagrande cerca, onde <strong>se</strong> meteram uma tarde, aparecen<strong>do</strong> alguns pelos altos dela, com tantos ralhos, <strong>em</strong>ostras de <strong>se</strong> defender<strong>em</strong>, <strong>que</strong> ali cuidaram os nossos <strong>que</strong> os tinham certos, e não sabiam já quan<strong>do</strong>havia de amanhecer para abalroar<strong>em</strong>, animan<strong>do</strong>-<strong>se</strong> to<strong>do</strong>s uns aos outros para a peleja; porém pelamanhã a acharam despejada, <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s haviam fugi<strong>do</strong>, e só saíram de entre o mato um moço e umamoça de outro gentio, <strong>que</strong> eles tinham cativos, os quais contaram <strong>que</strong> no mesmo t<strong>em</strong>po, <strong>que</strong> osralha<strong>do</strong>res apareceram na fronteira da cerca, iam to<strong>do</strong>s os mais <strong>se</strong>cretamente fugin<strong>do</strong> pela outraparte; e assim não havia para <strong>que</strong> cansar mais <strong>em</strong> os <strong>se</strong>guir, por<strong>que</strong> iam para mui longe, e para maisnão tornar<strong>em</strong>, como de feito assim foi, e os nossos <strong>se</strong> tornaram para onde haviam deixa<strong>do</strong> os mais, eos acharam arrancan<strong>do</strong>, e desfazen<strong>do</strong> os mantimentos <strong>do</strong>s fugi<strong>do</strong>s, com o <strong>que</strong> <strong>se</strong> tornaram to<strong>do</strong>s,uns por mar outros por terra, a Olinda com muito contentamento.A fama destas duas vitórias ficou to<strong>do</strong> o gentio desta costa até o rio de S. Francisco tãoat<strong>em</strong>oriza<strong>do</strong>, <strong>que</strong> <strong>se</strong> deixavam amarrar <strong>do</strong>s brancos como <strong>se</strong> foram <strong>se</strong>us carneiros e ovelhas; e assimiam <strong>em</strong> barcos por es<strong>se</strong>s rios, e os traziam carrega<strong>do</strong>s deles a vender por <strong>do</strong>is cruza<strong>do</strong>s, ou mil-réiscada um, <strong>que</strong> é o preço de um carneiro. Isto não faziam os <strong>que</strong> t<strong>em</strong>iam a Deus, <strong>se</strong>não os <strong>que</strong> faziam

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