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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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45irmão; Jerônimo Corrêa Barreto, Henri<strong>que</strong> Moniz Barreto, e outros fidalgos, <strong>que</strong> agasalhou,ban<strong>que</strong>teou, e deu pousadas à sua vontade, e o mesmo fez a toda a mais gente da nau, a <strong>que</strong> deumantimento to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> ali esteve.Seguiu-<strong>se</strong> o ano de mil quinhentos cinqüenta e <strong>se</strong>te mui sinala<strong>do</strong> assim pela morte <strong>do</strong>impera<strong>do</strong>r Carlos Quinto, <strong>que</strong> nele morreu na idade de cinqüenta e oito anos e <strong>se</strong>te me<strong>se</strong>s,renuncian<strong>do</strong> ainda <strong>em</strong> vida <strong>em</strong> <strong>se</strong>u filho Felipe os <strong>se</strong>us reinos, e <strong>em</strong> <strong>se</strong>u irmão Fernan<strong>do</strong> o império,e recolhen<strong>do</strong>-<strong>se</strong> <strong>em</strong> um mosteiro, onde acabou felicissimamente a vida; como pela morte de el-rei d.João, <strong>que</strong> faleceu <strong>em</strong> 11 de junho de idade de cinqüenta e cinco, ten<strong>do</strong> reina<strong>do</strong> trinta e cinco, e nesteano acabou o <strong>se</strong>u governo d. Duarte da Costa, e lhe veio sucessor.Teve d. Duarte da Costa, além de <strong>se</strong>r grande <strong>se</strong>rvi<strong>do</strong>r del-rei, uma virtude singular, <strong>que</strong> por<strong>se</strong>r muito importante aos <strong>que</strong> governam não é b<strong>em</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> cale, e é <strong>que</strong> sofria com paciência asmurmurações <strong>que</strong> de si ouvia, tratan<strong>do</strong> mais de <strong>em</strong>endar-<strong>se</strong>, <strong>que</strong> de vingar-<strong>se</strong> <strong>do</strong>s murmura<strong>do</strong>res,como lhe aconteceu uma noite, <strong>que</strong> andan<strong>do</strong> rondan<strong>do</strong> a cidade ouviu <strong>que</strong> <strong>em</strong> casa de um cidadão <strong>se</strong>estava murmuran<strong>do</strong> dele altissimamente, e depois <strong>que</strong> ouviu muito lhes dis<strong>se</strong> de fora: Senhores,fal<strong>em</strong> baixo, <strong>que</strong> os ouve o governa<strong>do</strong>r. Conheceram-no eles na fala, e ficaram mui medrosos <strong>que</strong>os castigaria, mas nunca mais lhes falou nisso, n<strong>em</strong> lhes mostrou ruim vontade ou s<strong>em</strong>blante.CAPÍTULO SEXTODo terceiro governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, <strong>que</strong> foi M<strong>em</strong> de SáA d. Duarte da Costa sucedeu o dr. M<strong>em</strong> de Sá, <strong>que</strong> com razão pode <strong>se</strong>r espelho degoverna<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Brasil; por<strong>que</strong> concorren<strong>do</strong> nele letras, e esforço, <strong>se</strong> sinalou muito na guerra, ejustiça.Este, <strong>em</strong> pon<strong>do</strong> os pés no Brasil, <strong>que</strong> foi no ano de mil quinhentos cinqüenta e <strong>se</strong>te,nenhuma coisa <strong>do</strong> <strong>se</strong>u regimento executou <strong>primeiro</strong> <strong>que</strong> o <strong>que</strong> el-rei lhe mandava <strong>em</strong> favor daReligião Cristã; para isto man<strong>do</strong>u chamar os principais índios das aldeias vizinhas desta Bahia, eas<strong>se</strong>ntou com eles pazes com condição <strong>que</strong> <strong>se</strong> abstivess<strong>em</strong> de comer carne humana, ainda <strong>que</strong> fos<strong>se</strong>de inimigos presos, ou mortos <strong>em</strong> justa guerra, e <strong>que</strong> recebess<strong>em</strong> <strong>em</strong> suas terras os padres dacompanhia, e os outros mestres da fé, e lhes fizess<strong>em</strong> casas <strong>em</strong> suas aldeias, onde <strong>se</strong> recolhess<strong>em</strong>, et<strong>em</strong>plos onde dis<strong>se</strong>ss<strong>em</strong> missa aos cristãos, <strong>do</strong>utrinass<strong>em</strong> os catecumenos, e pregass<strong>em</strong> o Evangelholivr<strong>em</strong>ente; e por<strong>que</strong> a cobiça os portugue<strong>se</strong>s tinha da<strong>do</strong> <strong>em</strong> cativar quantos podiam colher, fos<strong>se</strong>justa ou injustamente, proibiu o governa<strong>do</strong>r isto com graves penas, e man<strong>do</strong>u dar liberdade a to<strong>do</strong>sos <strong>que</strong> contra justiça eram trata<strong>do</strong>s como escravos.Acudiu depois a vingar as injúrias <strong>do</strong>s índios cristãos, <strong>que</strong> outros <strong>se</strong>us vizinhos pagãos lhefaziam até chegar a matar alguns.Pediu <strong>que</strong> lhe entregass<strong>em</strong> os homicidas, e per<strong>do</strong>aria aos mais, mas eles fia<strong>do</strong>s na suamultidão zombaram da sua petição; pelo <strong>que</strong> o governa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> pessoa os cometeu dentro de suasterras, e feita neles grande matança, e <strong>que</strong>imadas mais de <strong>se</strong>tenta aldeias, os desfez, de sorte <strong>que</strong>lhes foi força<strong>do</strong> pedir<strong>em</strong> a paz, a qual lhes concedeu com as mesmas condições, <strong>que</strong> havia posto aosoutros.O t<strong>em</strong>po <strong>que</strong> lhe vagava da guerra, gastava o bom governa<strong>do</strong>r na administração da justiça,por<strong>que</strong> além de <strong>se</strong>r <strong>em</strong> <strong>que</strong> consiste a honra <strong>do</strong>s <strong>que</strong> reg<strong>em</strong>, e governam, como diz David: HonorRegis judicium diligit: a trazia ele particularmente a cargo por uma provisão del-rei, <strong>em</strong> qu<strong>em</strong>andava <strong>que</strong> nenhuma ação nova <strong>se</strong> tomas<strong>se</strong> s<strong>em</strong> sua licença; o <strong>que</strong> man<strong>do</strong>u el-rei por <strong>se</strong>rinforma<strong>do</strong> das muitas usuras, <strong>que</strong> já na<strong>que</strong>le t<strong>em</strong>po cometiam os merca<strong>do</strong>res no <strong>que</strong> vendiam fia<strong>do</strong>,pelo <strong>que</strong> muitos, por <strong>se</strong> não descobrir a usura, <strong>que</strong> eles s<strong>em</strong>pre costumam paliar, e por não perder<strong>em</strong>

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