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história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

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149O dia <strong>se</strong>guinte chegadas as lanchas <strong>do</strong> Camamu as mandaram logo ao dito rio, onde por nãoachar<strong>em</strong> o navio, <strong>que</strong> <strong>se</strong> foi meter dali a uma légua na Petinga, deram na fazenda de ManuelMendes Mesas, lavra<strong>do</strong>r, e lhe tomaram algumas ovelhas, <strong>que</strong> viram andar no pasto, com <strong>que</strong>tornaram para as suas naus.O bispo man<strong>do</strong>u logo o capitão Francisco de Castro, e outros ao rio da Petinga, paradefender<strong>em</strong> o navio <strong>se</strong> lá foss<strong>em</strong> os holande<strong>se</strong>s enquanto <strong>se</strong> descarregava, e dele levaram <strong>se</strong>is peçasde artilharia para o arraial, e saben<strong>do</strong> <strong>que</strong> uma nau <strong>se</strong> pu<strong>se</strong>ra entre a ilha <strong>do</strong>s Frades, e a de Maré,para daí com a sua lancha tomar os barcos, <strong>que</strong> por a<strong>que</strong>les bo<strong>que</strong>irões navegavam, encarregou aocapitão Agostinho de Paredes <strong>que</strong> andas<strong>se</strong> por aí <strong>em</strong> uma barca para lhe impedir as presas, e ver <strong>se</strong>podia tomar-lhes a lancha, porém eles <strong>se</strong> guardaram disso, por<strong>que</strong> estan<strong>do</strong> ali 20 dias, e sain<strong>do</strong> nelaqua<strong>se</strong> cada dia o capitão, <strong>que</strong> <strong>se</strong> chamava Cornélio Corneles, com 25 mos<strong>que</strong>teiros, ou quan<strong>do</strong> elenão ia o piloto, a qual<strong>que</strong>r barco <strong>que</strong> passava, tanto <strong>que</strong> o barco encalhava <strong>em</strong> terra, ou <strong>se</strong> metiapelos bo<strong>que</strong>irões o deixavam, e <strong>se</strong> tornavam à nau, o <strong>que</strong> eu <strong>se</strong>i como test<strong>em</strong>unha de vista, por<strong>que</strong>neste t<strong>em</strong>po ainda estava cativo nesta nau, e um dia lhes dis<strong>se</strong> <strong>que</strong> <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nganass<strong>em</strong> de poder fazerpresa alguma; por<strong>que</strong> estava defronte uma fortaleza, mostran<strong>do</strong>-lhe uma igreja de Nossa Senhora <strong>do</strong>Socorro de muitos milagres, a qual defendia to<strong>do</strong> a<strong>que</strong>le circuito, <strong>do</strong> <strong>que</strong> muito <strong>se</strong> riram, mas enfim<strong>se</strong> tornaram para o porto da cidade s<strong>em</strong> pilhag<strong>em</strong> alguma.CAPÍTULO VIGÉSIMO OITAVODos navios, <strong>que</strong> os holande<strong>se</strong>s tomaram na Bahia, e o <strong>que</strong> fizeram da gente <strong>que</strong> cativaramQuan<strong>do</strong> os holande<strong>se</strong>s tomaram a Bahia acharam trinta navios ancora<strong>do</strong>s, alguns ainda carrega<strong>do</strong>s com asfazendas, <strong>que</strong> trouxeram <strong>do</strong> reino, outros de açúcar, já para partir<strong>em</strong>, outros de farinha da terra, e outros mantimentospara Angola, os quais to<strong>do</strong>s tomaram descarregan<strong>do</strong>-os nos <strong>se</strong>us, e <strong>em</strong> suas lojas, escolheram os melhores para osarmar<strong>em</strong>, e <strong>se</strong>rvir<strong>em</strong> deles, e aos mais meteram no fun<strong>do</strong>, e fora estes lhes vieram depois a cair nas mãos alguns vinte;por<strong>que</strong> como este porto é de tanto comércio, e v<strong>em</strong> a ele de partes tão r<strong>em</strong>otas, <strong>que</strong> n<strong>em</strong> daí a quatro me<strong>se</strong>s <strong>se</strong> pôdenelas saber como estava impedi<strong>do</strong> por si <strong>se</strong> vinham entregar, e ancorar entre os inimigos, com quanto lhes eranecessário de farinha de trigo, biscoito, azeite, vinho, <strong>se</strong>das, e outras ricas merca<strong>do</strong>rias, e por r<strong>em</strong>ate lhes veio um <strong>do</strong> rioda Prata carrega<strong>do</strong> dela, <strong>em</strong> <strong>que</strong> vinha d. Francisco Sarmento, <strong>que</strong> havia <strong>se</strong>rvi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Potosi de correge<strong>do</strong>r, e traziamulher e filhos, e um genro e neto, <strong>que</strong> to<strong>do</strong>s recolheu o coronel <strong>em</strong> sua casa depois de rouba<strong>do</strong>s, e lhes deu mesa evesti<strong>do</strong>s.Entre estes navios toma<strong>do</strong>s foi logo <strong>do</strong>s <strong>primeiro</strong>s um o <strong>do</strong>s padres da companhia, <strong>em</strong> <strong>que</strong>costumam visitar os colégios e casas, <strong>que</strong> t<strong>em</strong> por esta costa, e nesta ocasião vinha ao Rio deJaneiro o padre Domingos Coelho, <strong>se</strong>u provincial, <strong>que</strong> ia já acaban<strong>do</strong>, e o padre Antônio de Mattos,<strong>que</strong> lhe havia de suceder, e outros padres e irmãos da companhia, <strong>que</strong> por to<strong>do</strong>s eram 10.Vinham também quatro religiosos de S. Bento, e eu, e meu companheiro da ord<strong>em</strong> <strong>do</strong> nossopadre S. Francisco: amanhec<strong>em</strong>os aos 28 de maio da dita era de 1624 na ponta <strong>do</strong> morro de S.Paulo, <strong>que</strong> é por onde <strong>se</strong> entra na primeira boca da Bahia, onde vimos duas lanchas, e uma nau, <strong>que</strong><strong>se</strong> vieram a nós, e brev<strong>em</strong>ente ferraram <strong>do</strong> navio por vir desarma<strong>do</strong>, e <strong>se</strong> <strong>se</strong>nhorearam dele, e dequanto trazia, <strong>que</strong> eram caixões de açúcar, marmeladas, dinheiro, e outras coisas de encomendas, ede passageiros, <strong>que</strong> nele vinham e nos trouxeram para o porto, <strong>do</strong>nde nos repartiram pelas suas nausde <strong>do</strong>is <strong>em</strong> <strong>do</strong>is, e de quatro <strong>em</strong> quatro, e assim estiv<strong>em</strong>os até o fim de julho, <strong>que</strong> o <strong>se</strong>u general <strong>se</strong>partiu com 11 naus para as salinas, e o almirante com cinco, e <strong>do</strong>is patachos para Angola, ejuntamente partiram quatro <strong>em</strong> direitura carregadas de açúcar para Holanda, <strong>em</strong> <strong>que</strong> mandaram ogoverna<strong>do</strong>r Diogo de Men<strong>do</strong>nça Furta<strong>do</strong>, com <strong>se</strong>u filho, e o ouvi<strong>do</strong>r-geral Pero Cas<strong>que</strong>iro daRocha, e o sargento-mor, e também os padres da companhia, e os de S. Bento, e a nós deixarampara nos trocar<strong>em</strong> pelos <strong>se</strong>us, <strong>que</strong> estavam cativos <strong>do</strong>s assaltos, sobre o <strong>que</strong> andava um português,mora<strong>do</strong>r na terra, <strong>que</strong> falava a língua flamenga, o qual depois acharam <strong>que</strong> lhe era tre<strong>do</strong>, e o<strong>se</strong>nganava, pelo <strong>que</strong> o prenderam, e enforcaram com um irmão <strong>se</strong>u, e um mulato, <strong>que</strong> os

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