13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

97Alcançada a vitória, e cura<strong>do</strong>s os feri<strong>do</strong>s, armou Cristóvão de Barros alguns caravelões,como faz<strong>em</strong> na África, por provisão de el-rei, <strong>que</strong> para isso tinha, e fez repartição <strong>do</strong>s cativos, e dasterras, fican<strong>do</strong>-lhe de uma coisa, e outra muito boa porção, com <strong>que</strong> fez ali uma grande fazenda decurrais de ga<strong>do</strong>, e outros a <strong>se</strong>u ex<strong>em</strong>plo fizeram o mesmo, com <strong>que</strong> veio a crescer tanto pelabondade <strong>do</strong>s pastos, <strong>que</strong> dali <strong>se</strong> provêm de bois os engenhos da Bahia e Pernambuco, e os açouguesde carne.Está Sergipe na altura de 11º graus e <strong>do</strong>is terços, por cuja barra com os batéis diantecostumam entrar os france<strong>se</strong>s com naus de mais de c<strong>em</strong> toneladas, e vinham acabar de carregar dabarra para fora, por ela não ter mais de três braças de baixa-mar; e assim ficou Cristóvão de Barrosnão só castigan<strong>do</strong> os homicidas de <strong>se</strong>u pai, mas tiran<strong>do</strong> esta colheita aos france<strong>se</strong>s, <strong>que</strong> ali iamcarregar suas naus de pau-<strong>brasil</strong>, algodão, e pimenta da terra, e sobretu<strong>do</strong> fran<strong>que</strong>an<strong>do</strong> o caminho dePernambuco, e mais capitanias <strong>do</strong> norte, para esta Bahia, e daqui para elas, <strong>que</strong> dantes ninguémcaminhava por terra, <strong>que</strong> o não matass<strong>em</strong>, e comess<strong>em</strong> os gentios, e o mesmo faziam aosnavegantes, por<strong>que</strong> ali começa a en<strong>se</strong>ada de Vasa-barris, onde <strong>se</strong> perd<strong>em</strong> muitos navios, por causa<strong>do</strong>s recifes <strong>que</strong> lança muito ao mar, e os <strong>que</strong> escapavam <strong>do</strong> naufrágio não escapavam, de suas mãos,e dentes, <strong>do</strong>nde hoje <strong>se</strong> caminha por terra com muita facilidade, e <strong>se</strong>gurança, e v<strong>em</strong>, e vão cada diacom suas apelações, e o mais <strong>que</strong> lhes importa, s<strong>em</strong> esperar<strong>em</strong> <strong>se</strong>is me<strong>se</strong>s para monção, comodantes faziam, <strong>que</strong> muitas vezes <strong>se</strong> tinha <strong>primeiro</strong> resposta de Portugal <strong>que</strong> daqui ou dePernambuco, e com <strong>se</strong>r tão boa obra esta, e digna de galardão, o <strong>que</strong> achou Cristóvão de Barros,quan<strong>do</strong> tornou para a cidade, foi achar o <strong>se</strong>u lugar ocupa<strong>do</strong> não só da prove<strong>do</strong>ria-mor da FazendaReal, de <strong>que</strong> ele havia pedi<strong>do</strong> a el-rei o tiras<strong>se</strong> para poder assistir na sua, <strong>que</strong> tinha quatro engenhosde açúcar, mas também <strong>do</strong> governo, por<strong>que</strong> estan<strong>do</strong> na dita guerra chegou Baltazar Rodrigues Soracom provisão para <strong>se</strong>rvir o cargo de prove<strong>do</strong>r-mor, <strong>em</strong> <strong>que</strong> logo o bispo o admitiu; porém <strong>que</strong>ren<strong>do</strong>logo entrar no governo, não lho con<strong>se</strong>ntiu, dizen<strong>do</strong> <strong>que</strong> a sua provisão não falava nisto, e a outra poronde Cristóvão de Barros governava não dizia só <strong>que</strong> governas<strong>se</strong> o prove<strong>do</strong>r, como dizia a <strong>do</strong>ouvi<strong>do</strong>r-geral, <strong>se</strong>não <strong>que</strong> o nomeas<strong>se</strong> por <strong>se</strong>u nome, e era graça pessoal; contu<strong>do</strong> insistiu o prove<strong>do</strong>rBaltazar Rodrigues Sora, pedin<strong>do</strong> ao bispo pu<strong>se</strong>s<strong>se</strong> o caso <strong>em</strong> disputa, como o pôs, ajuntan<strong>do</strong>-<strong>se</strong>com outros letra<strong>do</strong>s, teólogos, e juristas no Colégio da Companhia, <strong>do</strong>nde s<strong>em</strong> valer<strong>em</strong> as razões <strong>do</strong>bispo saiu Baltazar Rodrigues com a sua pela maior parte <strong>do</strong>s pareceres, e entrou na mesa <strong>do</strong>governo. Porém tu<strong>do</strong> desfez Cristóvão de Barros com sua chegada, por <strong>se</strong>r contraparte não ouvida,<strong>que</strong> estava atualmente <strong>em</strong> <strong>se</strong>rviço de el-rei, para o qual agravou Baltazar Rodrigues, e <strong>se</strong> foi com o<strong>se</strong>u agravo para o reino, <strong>do</strong>nde nunca mais tornou.CAPÍTULO VIGÉSIMO PRIMEIRODe uma entrada, <strong>que</strong> <strong>se</strong> fez ao <strong>se</strong>rtão <strong>em</strong> busca <strong>do</strong>s gentios,<strong>que</strong> fugiram das guerras de Sergipe e outrasAlcançada a vitória, <strong>que</strong> t<strong>em</strong>os dito no capítulo precedente, partiu-<strong>se</strong> o governa<strong>do</strong>r Cristóvãode Barros para a Bahia, e deixou Rodrigues Martins <strong>em</strong> Sergipe, para acabar de recolher o gentio,<strong>que</strong> da guerra havia fugi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s quais <strong>se</strong> haviam passa<strong>do</strong> muitos para a outra parte <strong>do</strong> rio de S.Francisco, <strong>que</strong> é da capitania de Pernambuco, <strong>do</strong>nde também vieram logo muitos à caça deles: o<strong>primeiro</strong> foi Francisco Barbosa da Silva, <strong>do</strong> qual diss<strong>em</strong>os no capítulo vigésimo <strong>se</strong>xto <strong>do</strong> <strong>livro</strong>precedente, <strong>que</strong> veio desbarata<strong>do</strong> de outra entrada <strong>do</strong> <strong>se</strong>rtão, e desta lhe sucedeu pior, por<strong>que</strong> lhecustou a vida, e a quantos com ele vinham, <strong>que</strong> não sofren<strong>do</strong> os aflitos uma aflição sobre outra, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!