13.07.2015 Views

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

história do brasil frei vicente do salvador livro primeiro em que se ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

59mais conta <strong>do</strong>s interes<strong>se</strong>s desta vida, <strong>que</strong> da <strong>que</strong> haviam de dar a Deus, e principalmente veio umclérigo a esta capitania, a <strong>que</strong> vulgarmente chamavam o Padre <strong>do</strong> Ouro, por ele <strong>se</strong> jactar de grand<strong>em</strong>ineiro, e por esta arte era mui estima<strong>do</strong> de Duarte Coelho de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, e o man<strong>do</strong>u ao <strong>se</strong>rtãocom 30 homens brancos, e 200 índios, <strong>que</strong> não quis ele mais, n<strong>em</strong> lhe eram necessários; por<strong>que</strong> <strong>em</strong>chegan<strong>do</strong> a qual<strong>que</strong>r aldeia <strong>do</strong> gentio, por grande <strong>que</strong> fos<strong>se</strong>, forte, e b<strong>em</strong> povoada, depenava umfrangão, ou desfolhava um ramo, e quantas penas , ou folhas lançava para o ar tantos d<strong>em</strong>ôniosnegros vinham <strong>do</strong> inferno lançan<strong>do</strong> labaredas pela boca, com cuja vista somente ficavam os pobresgentios machos, e fêmeas, tr<strong>em</strong>en<strong>do</strong> de pés e mãos, e <strong>se</strong> acolhiam aos brancos, <strong>que</strong> o padre levavaconsigo; os quais não faziam mais <strong>que</strong> amarrá-los, e levá-los aos barcos, e a<strong>que</strong>les i<strong>do</strong>s, outrosvin<strong>do</strong>s, s<strong>em</strong> Duarte Coelho de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, por mais repreendi<strong>do</strong> <strong>que</strong> foi de <strong>se</strong>u tio, e de <strong>se</strong>u irmãoJorge de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, <strong>do</strong> reino, <strong>que</strong>rer nunca atalhar tão grande tirania, não <strong>se</strong>i <strong>se</strong> pelo <strong>que</strong>interessava nas peças, <strong>que</strong> <strong>se</strong> vendiam, <strong>se</strong> por<strong>que</strong> o Padre Mágico o tinha enfeitiça<strong>do</strong>; e foi istocausa para <strong>que</strong> el-rei d. Sebastião o mandas<strong>se</strong> ir para o reino, <strong>do</strong>nde passou, e morreu com ele naÁfrica, e ficou a capitania a Jorge de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong> Coelho, <strong>que</strong> também passou com el-rei, e foicativo, feri<strong>do</strong>, e aleija<strong>do</strong> de ambas as pernas, mas resgatou-<strong>se</strong>, e viveu depois muitos anos casa<strong>do</strong>com a filha de d. Álvaro Coutinho de Amourol, da qual houve <strong>do</strong>is filhos, Duarte de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>Coelho, e Mathias de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, de <strong>que</strong> tratar<strong>em</strong>os <strong>em</strong> o Livro Quinto. E o Padre <strong>do</strong> Ourotambém foi preso <strong>em</strong> um navio para o reino, o qual arribou às ilhas, <strong>do</strong>nde desapareceu uma noites<strong>em</strong> mais <strong>se</strong> saber dele.CAPÍTULO DÉCIMO SEXTODe como vinha por governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil d. Luiz Fernandes de Vasconcelos,e o mataram no mar os corsáriosNo ano <strong>do</strong> Senhor de mil quinhentos e <strong>se</strong>tenta vinha por governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil d. LuizFernandes de Vasconcelos, o qual, parti<strong>do</strong> <strong>em</strong> uma boa frota, ao <strong>se</strong>gun<strong>do</strong> dia <strong>que</strong> saiu da barra deLisboa começou a correr tormenta, <strong>que</strong> fez apartar umas naus das outras, <strong>do</strong>nde uma foi encontrarcom corsários poderosos, <strong>que</strong> a tomaram, e mataram quarenta padres da Companhia de Jesus, <strong>que</strong>nela vinham com o padre Inácio de Azeve<strong>do</strong>, <strong>que</strong> já havia si<strong>do</strong> no Brasil <strong>se</strong>u <strong>primeiro</strong> visita<strong>do</strong>r, e atoda a mais gente <strong>que</strong> a nau trazia e d. Luiz arribou destroça<strong>do</strong> da t<strong>em</strong>pestade à ilha da Madeira,onde refazen<strong>do</strong>-<strong>se</strong>, sobre ter navega<strong>do</strong> de uma parte para a outra mais de duas mil léguas, comimenso trabalho chegou à vista <strong>do</strong> Brasil, <strong>que</strong> d<strong>em</strong>andava, e s<strong>em</strong> a poder tomar, por mais <strong>que</strong> porisso trabalhou, lhe foi força<strong>do</strong> arribar dali a ilha Espanhola, <strong>que</strong> é das Índias de Castela, e invernarnela, e arribar dali outra vez a Portugal com a nau desbaratada da falta de tu<strong>do</strong>, e aportan<strong>do</strong> assimna ilha Terceira, no porto da ilha lhe deram a nova da morte de <strong>se</strong>u filho d. Fernan<strong>do</strong>, <strong>que</strong>desastradamente morreu na Índia a mãos de mouros.Passa<strong>do</strong> a outra nau, esperan<strong>do</strong> t<strong>em</strong>po para tornar a cometer a viag<strong>em</strong> <strong>do</strong> Brasil, partiuquan<strong>do</strong> o teve, s<strong>em</strong> alguma companhia de outras naus, e encontrou na mesma s<strong>em</strong>ana três naus decorsários luteranos, a cujas mãos, não <strong>se</strong>n<strong>do</strong> poderoso de defender-<strong>se</strong> n<strong>em</strong> <strong>se</strong> <strong>que</strong>ren<strong>do</strong> render,sobre ter mui esforçadamente peleja<strong>do</strong>, foi morto na batalha.Era d. Luiz Fernandes de Vasconcelos / além de outras boas qualidades, pelas quais pareciadigno de melhor ventura / curiosíssimo da arte marítima, e tão <strong>do</strong>uto, e diligente nela, <strong>que</strong> podiacompetir com os mais cientes, e experimenta<strong>do</strong>s pilotos; mas com isto infelicíssimo <strong>em</strong> todas suasviagens, e navegações.A primeira vez <strong>que</strong> houve de sair ao mar, <strong>se</strong>n<strong>do</strong> despacha<strong>do</strong> por capitão-mor da Armada daÍndia, estan<strong>do</strong> já as naus carregadas, e a ponto de partir<strong>em</strong>, abriu a sua capitania uma tão grossa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!