156 - Anestesia Casos Clínicos Capítulo VIII - Anestesia em PediatriaTabela II - Definição de grande queimado.Características da QueimaduraMais de 10% de ASC* de 3º grausMais de 20-25% de ASC 2º grausMais de 15-20% de ASC 2º graus recém-nascidos e lactentesQueimaduras envolvendo a face, mãos, pés ou períneoLesão por inalaçãoQueimaduras elétricas ou químicasQueimaduras com outros traumas associadosQueimaduras circunferenciais, principalmente em tóraxQueimaduras em crianças com doenças associadas*ASC – Área de Superfície Corporal2. Nesta situação, quais os cuidados emergenciais com as vias aéreas aserem tomados pela equipe médica?A prioridade nesta situação é o estabelecimento de via aérea segura, além da ressuscitação volêmica e daavaliação de possíveis lesões traumáticas associadas.A agressão térmica em ambiente fechado pressupõe a existência de dano ao sistema respiratório, cominterferência na capacidade carreadora de oxigênio, devido a envenenamento por dióxido de carbono ou bloqueiomecânico à entrada e saída de ar dos pulmões, principalmente por edema. O dióxido de carbono tem200 vezes mais afinidade pela hemoglobina do que o oxigênio, competindo, assim com este. Para desviaresta reação química, oxigênio a 100% deve ser administrado, o que reduz a meia-vida da carboxi-hemoglobinade 4 horas para 30 a 60 min. A presença de carboxi-hemoglobina determinará leitura falsamente elevadana oxímetria de pulso. Níveis moderados de envenenamento causam náuseas e cefaléia, enquanto níveiselevados provocam convulsões, coma e parada cardiorrespiratória.A inalação de ar quente e produtos da combustão causa lesões graves no trato respiratório, habitualmentelimitadas a estruturas acima da Carina. Inalação direta da chama ou de partículas superaquecidas podeter como consequência lesões nas vias aéreas inferiores. O estreitamento subglótico a nível da cartilagemcricóide é a área mais susceptível a obstrução em crianças. A combinação de macroglossia, supraglotite elaringotraqueobronquite é muito comum no edema causado por inalação de ar quente. Na vigência destequadro, em criança com queimaduras na região cervical, a intubação traqueal de urgência é mandatória.3. Como avaliar e implementar a reposição volêmica?A perda hídrica na criança é maior e mais rápida do que no adulto, principalmente devido à sua grandeárea de superfície corporal. Dois acessos venosos calibrosos devem ser instalados, e na impossibilidadedestes, a via intra-óssea deve ser considerada. Existem controvérsias quanto ao tipo de solução ideal aser infundida (cristalóides, colóides ou solução hipertônica. Como não há evidências que encerre de formadefinitiva a questão, ao que parece é que a escolha da solução é o ponto menos importante, desde que ovolume circulante seja reposto de forma adequada, guiado por parâmetros objetivos. Em geral, pequenasqueimaduras (menos de 10% de área) não requerem ressuscitação volêmica vigorosa, enquanto no queimadocom mais de 15% de área esta ação deve ser prioritária. A solução de reposição na emergência não
Capítulo VIII - Anestesia em Pediatria Anestesia Casos Clínicos - 157deve conter glicose, pois nesta situação, a liberação pelo estresse de catecolaminas provoca hiperglicemia,que, se associada a líquidos com glicose, podem determinar o desenvolvimento de coma hiperglicêmico.Recomenda-se monitorização mais rígida da glicemia para crianças com menos de 20 Kg.Em crianças, particularmente nas que apresentam lesão por inalação, a reposição exclusiva com cristalóidespode promover diluição importante das proteínas plasmáticas, sendo a administração de albumina maisprecocemente indicada, neste grupo de pacientes. A dose de albumina a 5%, a ser administrada após as primeiras24 do trauma, é de 0,3, 0,4 ou 0,5 ml.Kg. -1 por % de área queimada, por 24 horas, para queimadurasde 30 a 50%, 50 a 70% ou 70 a 100% de área queimada, respectivamente.A fórmula de Parkland orienta a reposição volêmica com Ringer Lactato (RL), baseada no peso e área desuperfície corporal (ASC) queimada.Reposição nas primeiras 8 h: 2 x (Peso x ASC)Reposição nas próximas 16 h: 2 x (Peso x ASC)No caso desta criança, com 20 Kg e 30%:Reposição nas primeiras 8 h: 2 x (20 x 30) = 1200 mL de RL= 150 mL por horaReposição nas próximas 16 h: 2 x (20 x 30) = 1200 mL de RL= 75 mL por horaDurante os procedimentos cirúrgicos para tratamento das feridas, a perda de fluidos é aumentada, tanto porevaporação, quanto por extravasamento das áreas manipuladas. De acordo com o tipo de excisão da feridae do enxerto, a perda sanguínea pode variar; é maior nas excisões tangenciais do que nas fasciais, 4 ml.cm-2 e 1,5 ml.cm -2 , respectivamente.A monitorização das perdas sanguíneas e dos processos de coagulação deve ser acompanhada mais pelosdados do campo cirúrgico e dos padrões hemodinâmicos, sendo confirmados pelos testes laboratoriais,principalmente para o diagnóstico diferencial de coagulação intravascular disseminada.4. Descreva as peculiaridades da abordagem pré-anestésica destepaciente.A rotina da avaliação pré-anestésica deve ser mantida. A menos que haja indicação cirúrgica emergencial,os distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-base devem ser previamente corrigidos. Os exames pré-operatóriosdevem ser completos, com avaliação de eletrólitos, hematimetria, coagulação, níveis de glicemia, nitrogênio,cálcio ionizado e proteínas plasmáticas, gasimetria arterial e imagens radiológicas do sistema respiratório.Os exames físicos dos diversos sistemas devem ser individualizados. A família deve ser completamenteinformada dos riscos, sendo solicitada a assinatura do consentimento livre e esclarecido. Monitorizaçãoostensiva deve estar prevista para antes da indução anestésica, lembrando que a oximetria de pulso podenão estar confiável. Após indução anestésica, recomenda-se a obtenção de acesso venoso central paramonitorização e administração de fluidos, bem como de linha arterial.5. Descreva a abordagem farmacológica da indução e manutençãoanestésica deste paciente.O uso de agentes indutores, venosos ou inalatórios, deve ser considerado à luz da situação hemodinâmicavigente. Pacientes hipovolêmicos têm queda do volume de distribuição, aumento do compartimento central,redução do clearance, maior débito para coração e cérebro; são, portanto, mas sensíveis aos opióidese hipnóticos intra-venosos, com efeitos depressivos potencialmente perigosos sobre a função cerebral ecardio-vascular. A dose de propofol deve ser de 10 a 20% da indicada para pacientes hígidos, enquantopara o fentanil e o remifentanil a redução indicada é de 50%. O etomidato é exceção, não necessitando deajuste de doses, sendo o hipnótico de escolha nesta hora. O midazolam, tiopental e cetamina, na vigência
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