166 - Anestesia Casos Clínicos Capítulo IX - Anestesia para Cirurgia Cardíacaanalisar a contratilidade por ecografia transesofágica transoperatória. A inspeção direta cardíaca tambémdeve ser feita, com a verificação do volume cardíaco, do sangramento no campo cirúrgico e da contratilidade.Ritmo cardíaco, contratilidade e enchimento ventricular podem ser examinados por meio de uma observaçãocuidadosa do coração e devem ser assistidos pela ecografia.2. Quais as causas para a disfunção ventricular após a saída da circulaçãoextracorpórea?As causas para a disfunção ventricular após a saída da CEC são diversas, e cada uma deve ser avaliadae analisada pelo anestesista. Alterações eletrocardiográficas, como supradesnível difuso do segmento STe hipocontratilidade, podem ser sugestivas de embolia por ar residual coronariano. É indicado manter aelevação da pressão arterial e a circulação extracorpórea até a resolução do quadro. Verificar se o enxertocoronariano está posicionado adequadamente; a possibilidade de “kinking” da ponte pode ser uma dascausas; espasmo coronariano também é outra causa para esse quadro; doença residual não corrigida ounova patologia valvar pode ser verificada; a presença de “leak” perivalvar observado por ecografia tambémdeve ser analisado e reparado pelo cirurgião; excesso de cardioplegia, proteção miocárdica inadequada elesão por reperfusão devem ser considerados; os dados laboratoriais devem ser analisados, tendo em vistaa presença de acidose significativa (ph < 7,20); hipocalcemia e hipercalemia (> 5,5 mEq/L) devem ser prontamentecuidadas; hematócrito e hemoglobina também devem ser verificados e tratados conforme protocoloadotado pela instituição.3. Qual o manejo inicial para a saída de perfusão difícil?Existem vários protocolos para a saída de perfusão, devendo se considerar cada caso, como comorbidadesprévias do paciente, experiência e protocolos próprios dos serviços cirúrgicos e dos anestésicos.O manejo inicial para a disfunção ventricular pode seguir estes passos: otimizar o ritmo cardíaco, por meiode marca-passo ou do uso de drogas inotrópicas (é importante ressaltar que o uso dessas drogas deve seravaliado com critério, pelo risco de elas aumentarem a demanda miocárdica de oxigênio, podendo elevaro grau de isquemia miocárdica); verificar a pré-carga cardíaca através da inspeção direta do coração,por meio de métodos invasivos, como PVC e medidas de cateter de artéria pulmonar, e da utilização devisualização de câmeras cardíacas pela ecografia transesofágica. Após a integração de todos os dados eum diagnóstico estabelecido, o tratamento adequado deve ser iniciado. Pacientes com disfunção contrátildevem ser mantidos na CEC enquanto o tratamento com drogas vasopressoras e inotrópicas é iniciado. Sea pós-carga estiver alta, podem ser instituídos também vasodilatadores arteriolares, como o nitroprussiato.Em pacientes com história prévia de hipertensão pulmonar, o dado da pressão da artéria pulmonar tambémpode ser utilizado para avaliar a disfunção ventricular, já que o aumento da pressão dessa artéria e a diminuiçãoda pressão arterial sistêmica podem indicar insuficiência ventricular esquerda. O contrário também éválido: a pressão arterial sistêmica normal e a pressão da artéria pulmonar diminuída são um indicativo dedisfunção ventricular direita, o que sugere, então, tratamento com vasodilatador pulmonar, como ON e PGEinalatória, além de suporte inotrópico. O uso de inotrópicos e vasopressores em ambas as situações deveser contemplado.No manejo clínico, deve-se notar que uma causa pode determinar um tipo de insuficiência ventricular, mas outrascausas concomitantes podem estar presentes. Por exemplo, a isquemia ventricular pode levar à disfunçãodo ventrículo direito e estar mascarada pelo aumento da pós-carga causado por outra patologia simultânea. Nocaso de disfunção ventricular direita, o manejo inicial consiste em otimizar a pré-carga, com valores de PVC entre12 mm Hg e 15 mm Hg, estabelecer um ritmo sinusal, reduzir a pós-carga, como comentado anteriormente,e, se necessário, prestar assistência com suporte mecânico, como balão intra-aórtico.
Capítulo IX - Anestesia para Cirurgia Cardíaca Anestesia Casos Clínicos - 1674. Quais as maiores indicações para o uso do balão intra-aórtico?O balão intra-aórtico (BIA) foi inicialmente testado clinicamente em 1968. O principal mecanismo desseequipamento consiste na insuflação que ocorre na diástole e na deflação que ocorre na sístole de um balãopreenchido por hélio, posicionado na aorta descendente. As duas maiores indicações para o uso do balãointra-aórtico são isquemia miocárdica intratável por terapia máxima medicamentosa e disfunção ventricularesquerda manejada inadequadamente com inotrópicos. O balão intra-aórtico também apresenta efeitos favoráveisna disfunção ventricular direita, sendo os mecanismos complexos por se tratar, provavelmente, deum aumento direto do fluxo miocárdico direito, que diminui a pressão do átrio esquerdo da artéria pulmonar,secundário à melhora da performance do ventrículo esquerdo e à interdependência ventricular.A eficácia do BIA está intimamente relacionada com seu posicionamento correto na aorta e o tempo adequadode insuflação e desinsuflação. Deve ser posicionado o mais perto do coração possível, mas distal aosgrandes vasos, e deve ser inflado em sincronia com o ponto da curva do traçado arterial. Pode também sercontrolado pelo ECG do paciente, monitorado diretamente pelo aparelho. Vale lembrar que o balão intraaórticoé contraindicado para pacientes com incompetência aórtica e dissecção de aorta.5. Quais as arritmias mais frequentes em cirurgia cardíaca após a saída deperfusão?Apesar da fibrilação atrial (FA), as arritmias mais comumente associadas no pós-operatório de cirurgia cardíacasão as supraventriculares e ventriculares, e podem ocorrer na saída da CEC. Elas podem se manifestarlogo no início da cirurgia ou ser também uma exacerbação de uma arritmia preexistente. Taquicardiasupraventricular, primariamente FA, ocorre entre 15% e 40% dos pacientes, tendo como fatores de riscoprincipais: FA preexistente, idade, cirurgias combinadas de válvulas e revascularização, duração de clampeamentoe CEC, canulação bicaval e “venting” da veia pulmonar. Apesar de a FA estar relacionada commorbidade aumentada no pós-operatório, como AVC perioperatório não está relacionada com aumento demortalidade.O tratamento inicial de uma arritmia supraventricluar consiste em controlar a resposta ventricular e convertêla,o quanto antes, em ritmo sinusal. Cardioversão é a alternativa inicial para o tratamento da FA, no entanto,drogas que diminuam o tempo de condução atrioventricular são também utilizadas. O uso de agentes quevão diminuir o inotropismo cardíaco deve ser avaliado. Reversão farmacológica para o ritmo sinusal tambémé complicada, pois os tratamentos não são totalmente efetivos. O manejo da FA é influenciado no intraoperatório– basicamente, se estiver relacionado com a repercussão hemodinâmica, a eficácia da cardioversãoelétrica, o papel do marca-passo e o reconhecimento de que agentes com inotropismo negativo devem serevitados.Taquicardia ventricular não sustentada também é comum após cirurgia cardíaca, podendo ocorrer em até50% dos pacientes, porém, também não influencia diretamente o desfecho do paciente a longo prazo. Taquicardiaventricular e fibrilação ventricular sustentadas ocorrem principalmente quando existe uma funçãoventricular diminuída associada com isquemia, mesmo que não aparente, e após troca de válvula aórtica.Após cardioversão apropriada, o balanço eletrolítico e o uso de antiarrítmicos devem ser otimizados e aisquemia no transoperatório deve ser tratada.Caso 3Paciente de 25 anos, do sexo feminino, apresenta-se para curetagem uterina devido a abortamento espontâneo.Ela relata história de palpitações, mas desconhece a causa e o tipo da arritmia. Refere aumento
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