Capítulo VI - Anestesia em Ortopedia Anestesia Casos Clínicos - 97isobáricas, cuja densidade resultaria em pequena dispersão cefálica, mas que em temperatura corporal secomportam como hipobáricas, pode haver menor previsibilidade da altura da dispersão.Outro fator a ser analisado é a existência de soluções anestésicas ineficazes, que resultam de má e prolongadaestocagem, esterilização inadequada e labilidade química dos anestésicos locais em soluções aquosas,que podem sofrer hidrólise resultando em drogas inativas.Alterações anatômicas da coluna vertebral se configuram como outra provável etiologia de falha dobloqueio subaracnóideo. Anormalidades das curvaturas da coluna, ou muito raramente, uma alteraçãoanatômica causada pelo ligamento que sustenta a medula espinhal e que pode formar uma septaçãolongitudinal ou transversal criando uma barreira que impede a dispersão do anestésico local. Pode-secitar ainda, a estenose do canal espinhal resultado de quimioterapia e adesões resultantes de cirurgiaslocais prévias acarretando o aprisionamento de anestésico, dispersão exageradamente cranial ou caudale bloqueio unilateral.3. Qual a provável etiologia relacionada à falha do bloqueio no casoacima?A provável etiologia da falha no caso relatado é o extravio do anestésico para o espaço epidural. A agulhatipo Whitacre 27G, que foi escolhida por se tratar de uma paciente jovem e do sexo feminino, cuja incidênciade cefaléia pós-raqui é aumentada. A utilização de agulhas finas 27 e 29 G e com bisel arredondadoe orifício lateral tipo Whitacre e Sprote tem sido preconizada para diminuição da incidência de cefaléiapós-raqui. Entretanto, estas agulhas estão relacionadas a uma incidência maior de falhas de punção bem,como de um aumento no número de tentativas de punção. Adiciona-se à agulha de pequeno calibre eem ponta de lápis, a utilização de um baixo volume de anestésico. O uso de baixos volumes minimizariaos efeitos colaterais resultantes da dispersão cefálica e do bloqueio simpático. Portanto, a falha deve terocorrido devido à massa anestésica extraviada para espaços extra e subdurais e ao volume retido noespaço morto da agulha.4. Como se evitar a falha do bloqueio?É necessário um correto posicionamento do paciente e definição precisa dos marcos anatômicos. A angulaçãoda inserção da agulha também é um importante fator para sucesso da punção. No ponto médioentre as duas apófises espinhosas, a agulha deve ser inserida o mais medial possível com uma angulaçãolevemente cranial. Pequenos reposicionamentos e angulações de 15° podem ser úteis. Porém, em pacientescom calcificação importante dos ligamentos da linha média, a punção pode ser difícil e uma abordagemlateral ou paramediana pode ser necessária. A ajuda de um auxiliar é muito importante para se conseguirmáxima curvatura da coluna lombar e abertura do espaço entre as apófises espinhosas lombares. A utilizaçãode seringas com conexão em rosca, bem como a firme fixação da agulha, com o apoio do dorso damão do anestesiologista sobre a pele do paciente podem evitar o extravio da solução anestésico. Algunsanestesiologistas recomendam a aspiração logo após posicionamento da seringa e após injeção de metadedo volume da solução para confirmar que não houve deslocamento da agulha. Recomendam ainda que aagulha deva ser rodada 360° e aspirada para que se evite que as membranas ocluam os orifícios da agulhapelo mecanismo valvular. Deve-se ainda evitar a punção em níveis abaixo de L-4, para que não se tenha umbloqueio apenas das fibras sacrais a não ser que se objetive um bloqueio em cela. O uso de soluções cujoarmazenamento e esterilização foram realizados sob condições ótimas, e se encontrem dentro do períodode validade também são medidas fundamentais. Uma anamnese detalhada com identificação de doençasprévias da coluna, cirurgias e falhas em raqui<strong>anestesia</strong> anteriores podem fornecer subsídios para identificaçãode alterações anatômicas e escolha da técnica anestésica adequada.
98 - Anestesia Casos Clínicos Capítulo VI - Anestesia em Ortopedia5. Como deve ser o manejo em caso de falha e que cuidados sãonecessários ao se optar pela repetição do bloqueio?Várias situações implicam em falha da raqui<strong>anestesia</strong>. Após 15 minutos houvendo ausência da instalaçãodo bloqueio, torna-se necessária alguma intervenção. Ausência completa de bloqueio sugere que nãohouve injeção da solução correta, ou que ela foi depositada no espaço errado, ou ainda que a soluçãofoi ineficaz. Nesta situação a repetição da técnica ou <strong>anestesia</strong> geral são as únicas opções. Outra situaçãode falha é quando ocorre bloqueio de boa qualidade, porém com dispersão cefálica insuficiente. Adispersão rostral teria sido impedida por alguma alteração anatômica ou parte do anestésico foi perdida.A solução é a flexão das pernas e joelhos e posicionamento em threndelemburg, para que a curvaturalombar se retifique e que o anestésico aprisionado na curvatura sacral se disperse cranialmente. Umbloqueio efetivo unilateralmente ocorre usualmente pelo posicionamento lateral para punção, ou pela presençade um ligamento intratecal impedindo a dispersão da solução. No caso de utilização de anestésicohiperbárico, se o membro a ser operado não for o lado <strong>anestesia</strong>do, uma tentativa de reposicionamentolateral com o lado a ser operado para baixo deve ser realizada. Configura-se como falha também o bloqueioirregular no qual a extensão é suficiente, porém o grau de bloqueio motor ou sensitivo é insuficiente.Quase todas as etiologias citadas podem estar relacionadas a este tipo de falha, porém o extravio parcialdo anestésico e massa insuficiente do anestésico local são as mais implicadas. Sugere-se a realizaçãode novo bloqueio com dose menor, <strong>anestesia</strong> geral ou ainda complementação com sedação ou infiltraçãolocal caso a constatação da falha se for após o inicio da cirurgia. A mesma conduta se sugere para falhaspor duração inadequada.Ao se considerar razoável a repetição do bloqueio, deve-se sempre ter em mente que alguma parte do anestésicolocal foi depositada no espaço subaracnóideo, por isso, a dose a se utilizar deve ser reduzida mesmona ausência total de bloqueio. Em situações em que o bloqueio ficou restrito a pequena área ou foi unilateraldeve-se lembrar que uma segunda injeção no mesmo sítio resulta em alta concentração de anestésicolocal, podendo levar a lesão nervosa, lesão nas estruturas adjacentes e até síndrome de cauda equina. Apossibilidade de realização de <strong>anestesia</strong> epidural pode ser considerada, porém se causa da falha é barreiraanatômica, a mesma existirá tanto no espaço subaracnoide como epidural.Caso 2Paciente de 49 anos, masculino é submetido à artroscopia de joelho com reparação ligamentar. Realizadosbloqueios do nervo femoral e do nervo ciático ao nível infragluteo com 35 ml de ropivacaina a 0,5%. Apóstrinta minutos, o manguito pneumático foi posicionado em terço superior da coxa e insuflado a 500 mmHg.O paciente referiu dor no local do garroteamento e na face medial do joelho. Optou-se, então, por realizar<strong>anestesia</strong> geral balanceada.1. Qual a causa do desconforto e da dor apresentados pelo paciente?A causa do desconforto durante insuflação do torniquete deve-se a ausência de bloqueio da região lateral dacoxa que é inervado pelo nervo cutâneo femoral lateral e ausência de bloqueio sensitivo na parte medial dojoelho inervado pelo nervo obturador. O bloqueio do nervo femoral perivascular que algumas vezes pode serefetivo para bloqueio do nervo cutâneo femoral lateral, não é efetivo para o bloqueio do nervo obturador. A idéiade bloqueio 3 em 1 não é mais aceita e faz necessário o bloqueio isolado de cada nervo do plexo lombar atravésda clássica abordagem infra-iguinal para se conseguir uma <strong>anestesia</strong> adequada para cirurgias de joelho.
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