158 - Anestesia Casos Clínicos Capítulo VIII - Anestesia em Pediatriade depressão cardio-circulatória não devem ser utilizados, por risco maior de deterioração das funções.Comparados aos agentes intra-venosos, os inalatórios têm a desvantagem de inibir mais profundamente aresposta compensatória dos barorrecetores e piorar o quadro hemodinâmico; se for esta a única opção, concentraçõesmais baixas devem ser utilizadas (menos de 1 CAM). Para acesso a via aera e/ou procedimentoemergencial, em vigência de instabilidade hemodinâmica, o uso de etomidado associado a fentanil e umBNM adespolarizante do tipo rocurônio (dose de 1,2 mg.Kg -1 ) parece a melhor escolha, principalmente como Sugammadex disponível para a reversão do relaxamento em caso de não intubo, não ventilo.A <strong>anestesia</strong> realizada alguns dias após a lesão tem características diferentes. Por alterações farmacocinéticase farmacodinâmicas, tolerância a opióides pode existir precocemente, resultando em maior necessidadedestes fármacos. A partir de 24 h da queimadura, ocorre disseminação de receptores colinérgicosextra-juncionais, com maior resposta aos bloqueadores neuro musculares despolarizantes (BNM) e risco dehiperkalemia e seus desdobramentos. A disseminação pode perdurar por 15 meses ou mais. Os BNM de escolhasão, portanto, os adespolarizantes. Por resistência dos receptores extra-juncionais a estes fármacos,a dose administrada deve ser maior (pode haver necessidade de dose superior a 3 vezes a recomendadapara pacientes hígidos). Para a indução, em situação de normovolemia, tanto propofol quanto o etomidatoou a cetamina pode ser uma boa escolha.Para os debridamentos seriados de ferida, podem ser utilizados: bloqueios nervosos periféricos ou centrais,com administração de anestésico local e/adjuvantes através de cateter; cetamina ou hipnóticos intra-venososassociados a opióides.O controle rígido da temperatura corporal é mandatório. Hipotermia central abaixo de 32º C está associadacom taxas de até 100% de mortalidade em alguns estudos.Caso 10Criança de 7 anos é escalada para tratamento cirúrgico de fratura de cotovelo, ocorrida há 3 dias. Tem históriade asma, com última crise há 1 mês. Não faz uso de medicação de rotina.1. Como esta criança pode ser classificada quanto à asma e qual aimportância dessa classificação?Classificar os pacientes de acordo com os seus sintomas <strong>clínicos</strong> pode estratificar riscos e guiar as condutaspré-operatórias. Os pacientes asmáticos podem ser classificados em Grupo I, II ou III.O grupo I inclui aqueles pacientes que têm história de asma, mas estão assintomáticos e sem uso de medicaçãode rotina.O grupo II inclui os pacientes com ataques de asma recorrentes, fazendo uso de medicação profilática, massem sintomas ativos.O grupo III inclui os pacientes sintomáticos ou aquele estão com a sua condição física deteriorada.2. Como deve ser a avaliação pré-anestésica e que critérios utilizar para oadiamento de cirurgia eletiva?A criança asmática que se apresenta para cirurgia eletiva deve estar sem sibilos na ausculta pulmonar.Pacientes com sintomas leves a moderados não requerem trabalho adicional, mas os que estão com sintomasde asma ativa, devem ter a cirurgia eletiva postergada para otimização do seu estado. Asmáticos não devem ser<strong>anestesia</strong>dos para cirurgia eletiva durante infecção viral aguda de vias aéreas, pois têm risco aumentado de broncoespasmo.Nesse caso, a conduta ideal é remarcar a cirurgia para 4 a 6 semanas após o evento.
Capítulo VIII - Anestesia em Pediatria Anestesia Casos Clínicos - 159É de especial importância pesquisar sobre história anestésica prévia, alergias, tosse ou escarro, regimemedicamentoso, necessidade de tratamento hospitalar prévio (intubação ou infusão IV) e nível de atividade.O exame físico deve incluir ausculta pulmonar e atenção aos sinais vitais, presença de tosse, utilizaçãode musculatura acessória, cianose, avaliação de alteração do estado mental e nível de hidratação.Avaliação da oximetria de pulso com a criança respirando ar ambiente é útil para saber o valor basal e se háhipóxia pré-existente.Não há indicação de qualquer exame laboratorial, a menos que haja suspeita de infecção aguda.3. Como deve ser o preparo pré-anestésico da criança asmática?Para a asma leve, deve ser administrado através de nebulização um agonista adrenérgico beta-2, uma a duashoras antes da cirurgia. Pacientes com asma moderada devem fazer uso regular de nebulização com um agonistaadrenérgico beta-2 na semana que precede a cirurgia, além de um agente antiinflamatório por inalação.4. Como deve ser conduzida a <strong>anestesia</strong> dessa criança?O Tiopental deve ser evitado, pois pode liberar histamina, além de prover um plano anestésico superficial,podendo desencadear broncoespasmo na vigência de instrumentação da via aérea.A Cetamina produz relaxamento da musculatura lisa das vias aéreas e broncodilatação, podendo ser oagente de escolha em crianças com sibilos ativos e instabilidade hemodinâmica que necessitam de cirurgiade urgência.A lidocaína previne broncoconstricção reflexa e tem pouca toxicidade na dose de 1 a 1,5 mg.Kg-1 IV, 1 a 3minutos antes da intubação traqueal. A borrifação direta de lidocaína pode desencadear reação da via aérea,portanto é preferível a sua administração intravenosa.O uso de propofol (2,5 mg.Kg -1 ) resulta numa redução significante da incidência de sibilos após a intubaçãotraqueal. Deve ser o agente de escolha para indução intravenosa em crianças hemodinamicamente estáveiscom asma.O sevoflurano é excelente para indução inalatória, levando a menor incidência de laringoespasmo e arritmiascardíacas, quando comparado com os outros agentes inalatórios potentes, além de ser um profundobroncodilatador.O uso de vecurônio, rocurônio e cisatracúrio como relaxantes musculares são admissíveis na criança asmática.A reversão do bloqueio neuromuscular com neostigmine não causa broncoconstricção, se este foradministrado simultaneamente com a atropina ou o glicopirrolato.A intubação traqueal é o fator de risco mais importante para desencadear broncoespasmo, e, em situaçõesapropriadas, deve ser substituída por máscara facial ou máscara laríngea.Glicopirrolato ou atropina intravenosos, após a indução, diminuem as secreções e produzem broncodilataçãoadicional.A utilização de gases umidificados ajuda a limitar o ressecamento excessivo das vias aéreas. A aspiraçãoda traquéia deve ser feita com o paciente em plano anestésico profundo. A extubação traqueal em planoprofundo reduz os riscos de broncoespasmo, mas pode aumentar o de broncoaspiração em pacientes susceptíveis.Se houver necessidade de cirurgia de urgência, apesar da presença de asma ativa, o controle do broncoespasmodeve ser instituído antes da indução da <strong>anestesia</strong>, com administração de oxigênio, hidratação,adrenalina subcutânea, terapia com beta2 agonista, corticóides e antibióticos.
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