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01 - A Guerra da Duquesa

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– Estava esperando que me dissesse isso. Sebastian a mencionou e me surpreendeu não saber na<strong>da</strong>.<br />

Quem é ela?<br />

Robert o disse. Não contou tudo; não podia lhe falar dos santinhos, pois aquele era um risco que<br />

insistia em correr sozinho. Mas lhe falou <strong>da</strong> Minnie, do cala<strong>da</strong> que parecia até que falava com ele. De<br />

como havia tornado seu mundo do avesso.<br />

– Beijei-a e não posso esquecê-lo – disse. – Tampouco posso repeti-lo. Sei como se fazem essas<br />

coisas e isto não está certo.<br />

– Não está certo? – perguntou Oliver.<br />

O silêncio que seguiu parecia um silêncio afiado. Quase nunca falavam <strong>da</strong>s circunstâncias que os<br />

tinham feito irmãos, mas isso era algo que se erguia entre eles. A mãe de Oliver tinha sido governanta em<br />

uma casa que tinha visitado o anterior Duque de Clermont. O que podia fazer uma governanta quando a<br />

perseguia um duque? Se aceitava, ele a fazia dele. Se negava-se, ele a fazia dele.<br />

– Não sei o que é que está certo – respondeu por fim. – Sou um duque. Ela é sobrinha neta de uma<br />

mulher que tem alguma pretensão de ser uma <strong>da</strong>ma. Se fizer algo que não devo aqui, é o único em quem<br />

posso confiar que me <strong>da</strong>rá um murro no estômago.<br />

Oliver negou com a cabeça.<br />

– Não chegaria a isso.<br />

As últimas ba<strong>da</strong>la<strong>da</strong>s morriam na distância. Robert sentia ain<strong>da</strong> o beijo dela, podia sentir ain<strong>da</strong> o<br />

desejo em seu sangue.<br />

– Talvez sim. Você sabe quem foi meu pai. O tipo de homem que era – baixou a voz. – E eu a desejo.<br />

Aqui estava; havia-o dito em voz alta. Desejava-a. E não desejava apenas seu corpo. Poucas pessoas<br />

sabiam quem era em reali<strong>da</strong>de nem o que desejava. E, entretanto, Minnie tinha aceitado suas palavras.<br />

Não tinha se inclinado perante ele nem lhe tinha arranhado; em vez disso, havia-lhe dito que podia vencêlo.<br />

Mais que isso. Robert tinha passado muito tempo escondendo o que sentia e o que queria. Tinha que<br />

trabalhar no Parlamento para que se aprovassem to<strong>da</strong>s as leis que podia fazer avançar, mesmo<br />

remotamente, seus objetivos, embora ele apertasse os dentes pela lentidão do progresso. A Câmara dos<br />

Lordes debatia o limite apropriado de proprie<strong>da</strong>de de bens quando a Robert chateava a ideia de que<br />

houvesse proprie<strong>da</strong>des. Eles murmuravam sobre os privilégios dos nobres, quando ele os queria todos<br />

abolidos. Mas se declarava um pouco radical, alienaria a todo mundo. E por isso seguia na brecha.<br />

Discutia por minúcias. Votava leis que fariam a vi<strong>da</strong> um pouco mais suportável quando em reali<strong>da</strong>de<br />

queria gritar a todos.<br />

E Minnie… Ela era uma mulher que sabia o que era esconder o que sentia. E ele a desejava tanto!<br />

Tanto!<br />

– Não confio em mim mesmo – comentou.<br />

Oliver encolheu os ombros.<br />

– E por que vai confiar em mim, então? Tenho tanto do Clermont como você.<br />

– Você… – Robert se interrompeu; olhou a seu irmão – é diferente.<br />

– O mesmo sangue – seu irmão tirou as lentes. – Os mesmos olhos. O mesmo nariz.

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