04.04.2017 Views

01 - A Guerra da Duquesa

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Estava em jogo seu futuro. Não podia permitir-se ser irracional. To<strong>da</strong>s as mulheres em sua posição<br />

tinham que suportar imperfeições em seu par. Um pouco de barriga e umas quantas amantes não eram<br />

coisas que devessem preocupá-la. Queria-a porque acreditava que ela se mostraria pateticamente<br />

agradeci<strong>da</strong>. E não se equivocava. Estava agradeci<strong>da</strong> e era patética. Não?<br />

– Não – se ouviu dizer.<br />

Gardley encolheu os ombros.<br />

– Depois do Natal, então. Presumo que quer celebrar as festas com suas tias? Suponho que posso<br />

permitir isso.<br />

Minnie tinha falado em voz alta em resposta a sua própria pergunta. “Não, não era patética”. Mas<br />

aquela palavra tinha contribuído com clari<strong>da</strong>de ao empenho. Queria-a porque acreditava que era patética.<br />

E se, se casasse com ele, seria-o.<br />

– Permitirá que eu escolha a <strong>da</strong>ta de meu casamento? – murmurou. – Que tolerante por sua parte!<br />

Ele ergueu a cabeça ao ouvi-la.<br />

– Tolerante? Não ache que vou ser um marido fácil por lhe conceder isso. Não o serei nem um pouco.<br />

Se tentar algum truque quando estivermos casados, Minnie, jogarei-a de casa. E os dois sabemos que não<br />

tem aonde ir.<br />

Minnie não podia respirar.<br />

Céu Santo, não podia respirar!<br />

As palavras dele não a surpreendiam. Mas tinha imaginado que o matrimônio, embora fosse com um<br />

homem que lhe produzia repulsa, lhe <strong>da</strong>ria segurança. Em sua mente, o matrimônio durava para sempre.<br />

Jamais lhe tinha ocorrido que alguém pudesse vê-lo de outro modo.<br />

Se, se casava com ele, estaria ain<strong>da</strong> mais desespera<strong>da</strong>, não menos. Se alguma vez soubesse a ver<strong>da</strong>de<br />

sobre ela, jogaria-a à rua sem que importasse o matrimônio.<br />

Minnie esfregou as mãos na saia.<br />

– Senhor Gardley, o “não” era to<strong>da</strong> sua proposta, não só à <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> cerimônia. Obrigado, mas não.<br />

Ele franziu o cenho e esfregou a testa.<br />

– Por que diz que não?<br />

Tinha que perguntá-lo depois do discurso que lhe tinha feito?<br />

– Você acredita que sou cala<strong>da</strong>, débil e tola – inclusive então falava em voz baixa, que não chegava a<br />

todos os cantos <strong>da</strong> sala.<br />

Ele se moveu e seu assento rangeu. Minnie sentia que sua voz se afogava no ruído dele.<br />

O homem soltou um risinho forçado.<br />

– Seu caráter feminino, senhorita Pursling, é sua maior virtude – adiantou o tronco para ela. – Nunca<br />

se considere fraca porque se dobra.<br />

– Senhor Gardley, não está me escutando.<br />

– A mulher se dobra como um junco na tormenta – continuou ele, falando por cima dela. – O homem<br />

se parte como um carvalho – franziu o cenho. – Ou é uma faia? Sim, isso, com um vento forte, o homem<br />

se quebra como uma faia – tomou a mão dela. – A escolhi porque você compreenderia minhas<br />

necessi<strong>da</strong>des, e porque acredito que as pode cumprir.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!