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01 - A Guerra da Duquesa

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mesma expressão descontente.<br />

Na escuridão <strong>da</strong> carruagem, que as escondia <strong>da</strong> vista do homem que conduzia a carruagem, tinham<br />

suas mãos uni<strong>da</strong>s em busca de calor.<br />

E, como sempre, Minnie estava a ponto de estragar tudo ain<strong>da</strong> mais.<br />

– Tia Caroline. Tia avó Eliza – sua voz soava tranquila na noite avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>, quase silencia<strong>da</strong> pelo<br />

estalo continuo <strong>da</strong>s ro<strong>da</strong>s. – Há algo que tenho que lhes dizer. Trata-se do capitão Stevens.<br />

As duas mulheres trocaram um longo olhar.<br />

– Sabemos – disse sua tia avó Caroline. – Não sabíamos como lhe dizer isso.<br />

– Está investigando meu passado.<br />

As duas mulheres trocaram outro olhar. Caroline foi primeira a falar.<br />

– É um contratempo, certamente, mas atravessamos tormentas piores.<br />

Minnie moveu a cabeça.<br />

– Sabe. Ou saberá logo. Não sei o que fazer.<br />

Eliza estendeu o braço e lhe deu uns tapinhas no joelho.<br />

– Está cedendo ao pânico – murmurou. – Nunca faça isso. Isso indica que há algo estranho. Você<br />

mesma recor<strong>da</strong> que a ver<strong>da</strong>de é muito estranha para que pensem nela. Ninguém o adivinhará nunca.<br />

Minnie respirou fundo algumas vezes.<br />

– Mas…<br />

– Para descobrir a ver<strong>da</strong>de, teriam que fazer as perguntas pertinentes – disse Eliza. – E me acredite,<br />

queri<strong>da</strong>. Ninguém jamais perguntará se seu pai te fez passar por um moço os primeiros doze anos de sua<br />

vi<strong>da</strong>.<br />

– Mas só tem que suspeitar…<br />

– Basta, Minnie. Respire. Te alterando não vais obter na<strong>da</strong>.<br />

Para ela era fácil dizê-lo. Minnie, com os olhos fechados, podia ver a multidão fechando-se a seu<br />

redor e ouvindo os gritos duros e dissonantes que brotavam de seus rostos desfigurados pela raiva.<br />

– Não é na<strong>da</strong> – disse Eliza. Moveu-se na carruagem para sentar-se ao lado de Minnie e lhe pôs uma<br />

mão no ombro. – Não é na<strong>da</strong>. Não é na<strong>da</strong> – Enquanto falava, alisava o cabelo de Minnie. Ca<strong>da</strong> sussurro<br />

lhe produzia uma calma maior, até que Minnie conseguiu controlar o pânico. Encerrou aquela lembrança<br />

no passado a qual pertencia e o manteve ali até que deixou de lhe <strong>da</strong>nçar à vista e sua respiração<br />

recuperou uma cadência regular.<br />

– Assim está melhor – murmurou Eliza. – Nos ocuparemos disto. Stevens também falou comigo.<br />

Acredita que nós estamos mentindo. De fato, insinuou que podia não ser quem afirma ser, que te aproveita<br />

de nossa bon<strong>da</strong>de.<br />

– Oh, Senhor! – Minnie enterrou a cabeça nas mãos.<br />

– Não, não – disse Caroline. – Esta história é mais fácil de combater, porque é claramente falsa. Nem<br />

sequer temos necessi<strong>da</strong>de de mentir. Disse-lhe que eu estava presente no dia que nasceu, que prometi a<br />

sua mãe em seu leito de morte que cui<strong>da</strong>ria de ti e que eu não gostava que colocasse o nariz onde não lhe<br />

importava. Quando lhe disse que era impossível que fosse um passarinho que tinham jogado- em nosso<br />

ninho sem que nos déssemos conta, acreditou-me – assentiu com força com a cabeça. – Sabe que é minha

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