04.04.2017 Views

01 - A Guerra da Duquesa

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Não rechacei ao Gardley porque queira muito. Não foi porque pensasse que podia ter algo melhor.<br />

Foi porque sei que não podia ter na<strong>da</strong> pior.<br />

Caroline tentou reprimir um suspiro, mas não conseguiu.<br />

– Pensem nisto com lógica – disse Minnie. – Porque eu deveria havê-lo pensado antes. Se me casar<br />

com alguém que queira uma esposa cala<strong>da</strong> e solícita, jogara-me de sua casa se descobrir meu passado.<br />

As agulhas de Eliza ficaram imóveis.<br />

Era perigoso falar assim e to<strong>da</strong>s sabiam.<br />

“Olhe para cima”. Mas Minnie não o faria. Se olhasse para cima, pensaria em um homem colocado a<br />

seu lado, com o sol arrancando reflexos de seu cabelo loiro enquanto dizia que era uma mulher<br />

inteligente.<br />

– Você é cala<strong>da</strong>, Minnie – disse por fim Eliza. – Eu não iria querer que fosse contra sua natureza.<br />

Cala<strong>da</strong>, sim. E sua voz, além disso, era fraca. Não gostava de chamar a atenção. Mal estava à vontade<br />

nos cantos de uma reunião. Mas solícita…<br />

Quase podia ver Clermont pelo canto do olho, como se estivesse ain<strong>da</strong> a seu lado. Tinha olhos azuis<br />

brilhantes e um sorriso que lhe curvava os cantos dos lábios para cima quando a via. Pensou em sua mão<br />

segurando o pulso dela para que não voltasse a golpear o sofá. No timbre profundo de sua voz quando<br />

estava ao seu lado e dizia…<br />

“A desejo”.<br />

Moveu a cabeça. Se sonhasse tão alto, queimaria-se com certeza. Ela apenas queria segurança.<br />

– Os homens procuram muitos tipos de esposas – disse Eliza. – Esposas bonitas e vivazes. Esposas<br />

ricas e indulgentes. Ou de alto berço e orgulhosas – mordeu o lábio inferior. – Não quero te ferir, Minnie.<br />

Mas é meu dever te fazer ver a ver<strong>da</strong>de. Ninguém busca uma garota tími<strong>da</strong> e inteligente cujo pai morreu<br />

cumprindo uma condenação a trabalhos forçados.<br />

Minnie levou um dedo à ponta do nariz e apertou com força para tentar vencer a dor. Não conseguiu.<br />

As fronteiras de sua vi<strong>da</strong> se fechavam a seu redor como os muros de um cárcere. Olhar para cima? Com<br />

as rochas pontu<strong>da</strong>s que havia sob seus pés, se olhasse para cima, tropeçaria.<br />

– Faz uma lista <strong>da</strong>s coisas que é – disse Eliza. – E te pergunte que homem as quereria.<br />

“A desejo”. Mas Clermont tampouco sabia.<br />

– Suas escolhas são tuas – continuou Eliza. – Nós não lhe tiraremos isso.<br />

Não. Elas nunca lhe tiravam suas opções. Apenas assinalavam, de um modo amável, doce e<br />

implacável, as poucas que tinha. As mãos de Minnie tremiam. Quão único tinham feito mal tinha sido lhe<br />

permitir acreditar que tinha uma opção quando não havia nenhuma.<br />

Minnie não via nenhum caminho para percorrer. Não podia ver nenhum futuro. Sentia-se<br />

asfixiantemente cega.<br />

Apenas havia uma coisa que podia fazer, e era seguir na direção que tinha começado. Evitar a<br />

desonra uma semana mais, rezar pedindo um refúgio embora ain<strong>da</strong> não tivesse encontrado nenhum. E isso<br />

implicava que precisava encontrar provas do que tinha feito Clermont. Tinha que se ocupar do passo<br />

seguinte e confiar no futuro.<br />

E isso queria dizer…

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!