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– Sério?<br />
Finney assentiu.<br />
– Tem muita razão, senhor Blaisdell.<br />
– Mas os nobres usam esse privilégio, não para dizer a ver<strong>da</strong>de a não ser para ocultá-la. Pense,<br />
senhor Finney. O que faria você se tivesse um lugar na Câmara dos Lordes?<br />
– Eu sentado com os lordes? – Finney riu. – Isso eu gostaria de vê-lo.<br />
– A mim também – respondeu Robert. – Se eu tomasse parte no Governo desta nação, não perderia<br />
tempo protegendo meus privilégios e interesses. Não. Encontraria to<strong>da</strong>s as falhas que tem a lei e que<br />
permitem que pessoas como Clermont envenenem seus operários e em segui<strong>da</strong> os castiguem quando se<br />
queixam disso. E erradicaria to<strong>da</strong>s essas falhas.<br />
A ele mesmo surpreendeu a veemência de suas palavras.<br />
– Isso sim é rebelião – interveio a senhora Finney. – E será melhor que não diga essas palavras por<br />
muito seguro que creia estar. É jovem, senhor Blaisdell. Todos fomos jovens. Mas respire fundo e<br />
esqueça esse modo de falar. Não fará nenhum bem a ninguém – olhou à senhorita Pursling com<br />
nervosismo. Além disso, senhorita Pursling, você não viu o duque de Clermont? Você se move às vezes<br />
nesses círculos.<br />
O senhor Finney se afundou mais em seu assento. Parecia envergonhado.<br />
A senhorita Pursling afastou a vista de Robert.<br />
– Sim, o conheci.<br />
– E como é esse velho estúpido? – perguntou Finney. – Porque espero que…<br />
– Silêncio – interveio sua esposa.<br />
– Acredito que este é o filho do velho – disse a senhorita Pursling. Finney fez um gesto com a mão no<br />
ar.<br />
– Se tiver visto um duque, viu-os todos. Não tenho razão, senhor Blaisdell?<br />
Robert não respondeu. Observava à senhorita Pursling, que não tinha mostrado nenhuma emoção<br />
quando falava dele. Nem sequer tinha enrugado a testa pensativa.<br />
Ela moveu a cabeça.<br />
– É alto, rico e atrativo. Essas coisas não chegam a ser boas para a personali<strong>da</strong>de de um homem.<br />
Robert fez uma careta.<br />
Mas ela não tinha terminado.<br />
– Duvido muito que enten<strong>da</strong> o que significa ser um homem trabalhador e suspeito que em sua vi<strong>da</strong><br />
sempre conseguiu o que queria apenas pedindo.<br />
Era um julgamento duro, e o fato de que fosse ver<strong>da</strong>de o fazia ain<strong>da</strong> mais duro. A Robert custava ficar<br />
quieto no assento.<br />
– Os homens que só conheceram bons tempos, frequentemente não podem compreender os tempos<br />
duros – continuou ela.<br />
Era incrível quanto podia ferir a ver<strong>da</strong>de. Robert nem sequer podia zangar-se com ela. Ele havia dito<br />
o mesmo.