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01 - A Guerra da Duquesa

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– Há algo nela que atrai meu olhar. Algo que desafia às palavras. Possivelmente seja seu cabelo, mas<br />

tentei dizer-lhe e me disse que era ridículo. Suponho que o era. Possivelmente sejam seus lábios. Ou seus<br />

olhos, embora quase nunca me olhe.<br />

Os dedos que estavam na bochecha de Minnie baixaram até o queixo. Ela se sentia paralisa<strong>da</strong> no<br />

lugar.<br />

– É inteligente – murmurou ele. – Sempre que a vejo, descubro que subestimei seu poder. Confundeme<br />

muito.<br />

Eram apenas palavras, palavras que diria qualquer homem que queria deixar louca a uma mulher.<br />

Eram apenas palavras. Não significavam na<strong>da</strong>.<br />

Mas não eram somente palavras. Ninguém mais as havia dito antes; não sabia que as queria ouvir até<br />

que ele as havia dito. Agora estavam crava<strong>da</strong>s como uma faca entre suas costelas. Desejava que fossem<br />

ver<strong>da</strong>de… o ansiava tanto que lhe doía a ca<strong>da</strong> respiração.<br />

– O que é que tenta dizer? – perguntou aos botões do colete dele. Sua voz não vacilou nem tremeu. –<br />

Que está em desvantagem? Isso já o estabelecemos.<br />

Pois claro que estou em desvantagem – lhe tocava levemente a bochecha. – O varão <strong>da</strong> espécie<br />

humana tem uma falha fun<strong>da</strong>mental. No momento em que mais desejamos dizer algo inteligente e que<br />

impressione, todo o sangue foge de nosso cérebro.<br />

– Ah, sim?<br />

– É um fato fisiológico – respondeu o duque. – A excitação me torna estúpido. Faz-me dizer idiotices<br />

como: “Eu gosto de suas tetas” e<br />

“Socorro! temos um problema com a massa”. Faz com que queira estar perto de você embora saiba<br />

que estou em desvantagem, embora esteja seguro de que você vai ganhar – baixou a voz. – Verá, quero<br />

ver como o faz.<br />

Minnie tragou saliva. E por um momento, acreditou. Acreditou que ela ganharia, que ganharia de<br />

algum modo um futuro tão incrivelmente brilhante que a deslumbrava apenas pensando nele.<br />

– Embora saiba que vou dizer tolices – disse. – E fazer coisas como lhe jogar pasta em cima – houve<br />

uma pausa. – Perdoe-me por isso – disse por fim. – Foi muito estúpido por minha parte.<br />

– Eu acreditava que havia… coisas… que o macho <strong>da</strong> espécie humana podia fazer com suas falhas<br />

fisiológicas.<br />

Ele seguia tocando-a; seus dois dedos apertavam levemente o queixo dela. Minnie não podia olhá-lo<br />

enquanto falava. Lhe esquentava o rosto só de pensar o que podiam entranhar essas “coisas” <strong>da</strong>s quais<br />

falava.<br />

– Aqui não – murmurou ele com voz diverti<strong>da</strong>. – Agora não.<br />

Seu polegar acariciou o lábio dela; recor<strong>da</strong>va vagamente a um beijo.<br />

– Com você não – continuou ele. – O sinto.<br />

E ela sentiu muito calor então. Tinha a sensação de que lhe ardia a pele. Notava que se umedecia sob<br />

as saias. Mas aquele banho de desejo líquido apenas servia para entristecê-la.<br />

Os dois tinham interpretado bem o momento. Minnie era muito gentil para que ele se deitasse com ela<br />

de um modo casual, e não o bastante eleva<strong>da</strong> para desposá-la. Isso fazia com que não fosse na<strong>da</strong> para ele,

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