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01 - A Guerra da Duquesa

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– Uau! – disse outra voz que Robert não reconheceu. Uma voz jovem e meio pastosa pela bebi<strong>da</strong>. –<br />

Não invejo a essa mulher.<br />

– Não fale mal de minha quase prometi<strong>da</strong> – respondeu a primeira voz. – Você sabe que é perfeita para<br />

mim.<br />

– Essa ratinha tími<strong>da</strong>?<br />

– Cui<strong>da</strong>rá bem de casa. Se ocupará do meu conforto. Se encarregará dos meninos e não se queixará<br />

<strong>da</strong>s minhas amantes – se ouviu um ranger de dobradiças, o som inconfundível de alguém que abria uma<br />

<strong>da</strong>s portas de cristal que protegiam as estantes de livros.<br />

– O que faz, Gardley? – perguntou o homem bêbado. – A procura entre os volumes em alemão? Não<br />

acredito que caiba aí – terminou com uma gargalha<strong>da</strong>.<br />

Gardley. Podia ser o ancião senhor Gardley, dono de uma destilaria, mas a voz soava jovem, assim<br />

devia ser o senhor Gardley filho. Robert o tinha visto a distância: um indivíduo anódino de estatura<br />

média, cabelo castanho e traços que lhe recor<strong>da</strong>vam vagamente os de cinco pessoas mais.<br />

– Ao contrário – dizia o Gardley jovem. – Acredito que caberia muito bem. No que se refere a<br />

esposas, a senhorita Pursling será igual a esses livros. Quando queira lê-la, ela estará aí. Quando não,<br />

esperará pacientemente, no mesmo lugar onde a deixei. Será uma esposa cômo<strong>da</strong> para mim, Ames. Além<br />

disso, a minha mãe aprova.<br />

Robert não acreditava conhecer Ames. Encolheu os ombros e olhou a que supunha devia ser a<br />

senhorita Pursling para ver como reagia a essa revelação.<br />

Ela não se mostrava nem surpreendi<strong>da</strong> nem escan<strong>da</strong>liza<strong>da</strong> pelos comentários pouco românticos de seu<br />

quase prometido. Parecia mais era resigna<strong>da</strong>.<br />

– Terá que se deitar com ela, sabe? – perguntou Ame.<br />

– Certo. Mas, graças a Deus, não muito frequentemente.<br />

– É como um camundongo. E como todos os ratos, é claro que chiará quando nela se enterrar.<br />

Houve um ruído surdo.<br />

– O que? –protestou Ames.<br />

– Está falando de minha futura esposa.<br />

Robert pensou que possivelmente Gardley não fosse tão mau depois de tudo.<br />

Até que o ouviu continuar:<br />

– Eu sou o único que pode pensar em se enterrar nesse camundongo.<br />

A senhorita Pursling apertou os lábios e ergueu a vista como se implorasse ao céu. Mas dentro <strong>da</strong><br />

biblioteca não havia céu ao que implorar. E quando ergueu a vista e olhou através <strong>da</strong> separação <strong>da</strong>s<br />

cortinas…<br />

Seu olhar se encontrou com o de Robert. A mulher abriu muito os olhos. Não gritou nem lançou um<br />

coice. Nem mesmo se moveu. Simplesmente lhe lançou um olhar terrivelmente acusador e lhe tremeram<br />

as aletas do nariz.<br />

Robert não pôde fazer outra coisa que saudá-la com um gesto de mão.<br />

Ela tirou os óculos e se voltou com tanto desdém que ele teve que olhá-la para assegurar-se de que<br />

estava senta<strong>da</strong> a seus pés. E de que, do ângulo onde estava em cima dela, podia ver o interior de seu

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