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01 - A Guerra da Duquesa

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Ela sempre parece respeitável. Não sei como o fazia, mas Robert e eu voltávamos de nossas excursões<br />

enlameados de cima abaixo e Violet estava tão fresca como um dia de primavera.<br />

– Há uma coisa maravilhosa que se chama água – declarou Violet. – Os meninos parecem<br />

desconhecer sua existência – olhou para Minnie por cima <strong>da</strong>s agulhas. – A higiene é importante.<br />

A senhorita Pursling sorriu e baixou a vista.<br />

– Por certo, e em defesa de minha digni<strong>da</strong>de – disse Sebastian, – devo dizer que, quando eu fazia esse<br />

papel, chamava-me “príncipe”, não princesa.<br />

– Chamava-lhe isso você – interveio Robert. – Nós lhe chamávamos “princesa”. A brincadeira não<br />

tinha sentido de outro modo. Os dragões querem devorar princesas, os príncipes pouco importam.<br />

– Tem muito que aprender de dragões. Pensa-o bem. Tiramos mais “vitela” dos bezerros que <strong>da</strong>s<br />

vitelas. É bem sabido que o macho <strong>da</strong> espécie produz uma carne mais fina.<br />

– Eu acreditava que não comíamos as vitelas porque preferíamos as guar<strong>da</strong>r para o leite – declarou a<br />

senhorita Pursling.<br />

Robert não queria tampouco aquela conversa. Suspeitava que ao final só suportaria problemas.<br />

Afundou-se mais em seu assento e esperou o momento inevitável no qual Sebastian faria à senhorita<br />

Pursling gritar.<br />

Seu amigo piscou à senhorita Pursling.<br />

– Os dragões gostam do queijo.<br />

– Mas os dragões não podem ordenhar princesas – respondeu ela. – Não têm polegares objetáveis.<br />

Sebastian olhou o teto.<br />

– Muito inteligente, e quase correto. Mas os dragões têm aju<strong>da</strong>ntes. Em qualquer caso, está claro que<br />

a fêmea <strong>da</strong> espécie humana tem uma carne inferior. Está carrega<strong>da</strong> com depósitos de gordura feminina na<br />

parte dianteira.<br />

Enquanto que o flanco do macho é magro, macio e suculento – enfatizou suas palavras levantando-se e<br />

pousando uma mão em seu traseiro.<br />

A condessa ergueu os olhos ao céu.<br />

– Quanto menos se diga do flanco <strong>da</strong> carne masculina, mais nos alegraremos todos. Além disso,<br />

acreditava que você gostava desses desafortunados depósitos de gordura feminina. Passas suficiente<br />

tempo… Robert tossiu audivelmente.<br />

– Minhas preferências são irrelevantes – declarou Sebastian, com altivez. – Eu não sou um dragão.<br />

– Certo – declarou Robert. – É um pavão que exibe suas plumas diante <strong>da</strong> fêmea <strong>da</strong> espécie.<br />

– Se funcionar… – Sebastian sorriu. Voltou a cabeça para olhar uma imaginária cau<strong>da</strong> de plumas em<br />

seu traseiro. – E sim, esse é um de meus melhores traços, obrigado.<br />

A condessa emitiu um suspiro de derrota.<br />

– Já estamos falando outra vez do traseiro de Sebastian? Não tem mais nenhuma parte no corpo?<br />

Aquele foi o momento no qual Robert se deu conta de que a senhorita Pursling não olhava o chão; de<br />

fato, fazia já tempo que não baixava à vista. Sorria e olhava os outros dois com fascinação e com as<br />

bochechas rosa<strong>da</strong>s.<br />

Robert apontou para Sebastian com o dedo.

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