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01 - A Guerra da Duquesa

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Violet o olhou também.<br />

– Interessa-te uma mulher que viaja em segun<strong>da</strong> classe e te interessa de tal modo que também te<br />

importa o que possa afetar a sua reputação.<br />

Sebastian esfregou as mãos.<br />

– Oh! – exclamou com regozijo. – A sua mãe adorará isto.<br />

– Odeio quando fazem isso – grunhiu Robert.<br />

Não era certo. Normalmente adorava que falassem assim, com os pensamentos de Violet sobrepondose<br />

aos de Sebastian e confundindo a conversa. Mas esse dia lhe resultava inconveniente. Tinha que<br />

livrar-se deles antes que dissessem algo horrível.<br />

– Pois o sinto, Robert, mas não empresto a minha donzela – declarou Violet.<br />

– Mas…<br />

– Mas… – ela esfregou as mãos com brutali<strong>da</strong>de. – Te acompanharei eu mesma encanta<strong>da</strong>.<br />

Robert tragou saliva. Tentou imaginar-se conversando com a senhorita Pursling sob o ávido olhar <strong>da</strong><br />

condessa de Cambury.<br />

– Segun<strong>da</strong> classe – comentou Sebastian. – Nunca viajei na segun<strong>da</strong> classe. Seguro que será divertido.<br />

Robert tossiu em sua mão.<br />

– Não, os dois não. Definitivamente, os dois não.<br />

– Necessita aos dois – declarou Sebastian. – Há quatro assentos. Se levar apenas a Violet, pode<br />

entrar alguém e sentar-se com vocês. Há quatro assentos. Estou seguro que não quer te arriscar a perder a<br />

oportuni<strong>da</strong>de de poder falar.<br />

– Mas…<br />

– Já me conhece – insistiu Sebastian. – Sou a discrição personifica<strong>da</strong>.<br />

– Não, não o é. É justamente o contrário.<br />

Sebastian sorriu.<br />

– Apenas burlo de ti quando ninguém nos ouve. E, além disso, se você não se sentar com essa<br />

misteriosa mulher, irei eu mesmo. Acredito que vi onde estava.<br />

Robert não podia fazer na<strong>da</strong>. Quase seria melhor afastar-se e não falar com ela. Mas…<br />

Olhou de novo o vagão dela. A senhorita Pursling olhava pelo guichê oposto, com os dedos apoiados<br />

no cristal. Não observava a ninguém, tinha a vista perdi<strong>da</strong> na distância, longe <strong>da</strong>s colunas altas <strong>da</strong><br />

estação, como se o que desejava estivesse muito longe.<br />

– Não digam na<strong>da</strong> embaraçoso – pediu Robert.<br />

– Eu? – perguntou Sebastian. – Seria contraproducente fazê-lo. Não estudo o comportamento humano,<br />

mas, cientificamente, a não interferência é imprescindível para observar devi<strong>da</strong>mente os rituais<br />

primitivos de acasalamento de…<br />

Robert ergueu os olhos ao céu. Aquilo ia ser horrível. Teria que ter guar<strong>da</strong>do silêncio.<br />

– Digo-o a sério – advertiu. – Se vierem, não quero ouvir nenhuma palavra em to<strong>da</strong> a viagem.<br />

– Vamos – murmurou Violet. – Acredito que sabe que pode confiar em minha prudência.<br />

– Não é você quem me preocupa – repôs Robert, e era certo. – Sebastian?

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