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– Não pode fazer isso.<br />
Mas sem dúvi<strong>da</strong> sabia que Robert sim podia. Não diretamente, mas apenas tinha que dizer uma<br />
palavra às pessoas apropria<strong>da</strong>s. Robert não queria empregar sua influência sem uma boa razão, e tendo<br />
em conta o que esperava encontrar ali, precisava conservar esse poder o melhor que pudesse. Mas isso<br />
não implicava que tivesse que se privar de ameaçar.<br />
Stevens inclinou a cabeça.<br />
– Me perdoe, Excelência. Essa mulher não é na<strong>da</strong>, cometi um engano. Não tinha me ocorrido que se<br />
interessasse por alguém que está tão abaixo de você.<br />
– Que sentido teria ser duque se não o fizesse? – A pergunta saiu sem pensar, mas Robert não a teria<br />
retirado embora tivesse podido.<br />
Stevens piscou confuso e Robert moveu a cabeça. Era uma loucura <strong>da</strong>r tanto poder a um homem e não<br />
ter expectativas sobre como o utilizaria. Podia esmagar à senhorita Pursling com uma frase.<br />
Possivelmente, inclusive, poderia esmagá-la com seu silêncio. Mas isso não estaria certo.<br />
– Excelência – disse Stevens por fim. – Essa preocupação pelos outros lhe honra.<br />
Tais lisonjas, em troca, não honravam na<strong>da</strong> a ele.<br />
Robert o olhou aos olhos.<br />
– Não, não é certo. Chama-se decência básica. E não mereço elogios por fazer o que deveriam fazer<br />
todos os homens.<br />
Stevens se encolheu visivelmente e levou uma mão à fronte. Uma fronte pegajosa, a julgar pelos<br />
rastros de dedos que deixou nela.<br />
– E agora – Robert ficou em pé, – se me desculpar, há outras pessoas com as quais devo falar.<br />
Cruzou a sala muito consciente de levar os olhos de Stevens cravados nas costas. Tomou nota<br />
mentalmente de que teria que vigiar a aquele homem.