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01 - A Guerra da Duquesa

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– Não quero falar de Stevens – baixou a voz. Olhou-a. – Crê que se inteirou do que passou há alguns<br />

anos? – perguntou, em direta contradição com sua declaração anterior. – Que esses rumores sobre seu<br />

passado são porque alguém lhe falou de mim? Nós duas fomos a Cornwall. Possivelmente…<br />

possivelmente descobriu algo ali.<br />

– Estou segura que não – retrucou Minnie.<br />

– Mas como…?<br />

– Sei por que me falou de suas provas – disse Minnie. – Não tem na<strong>da</strong> sobre ti. São to<strong>da</strong>s tolices,<br />

algo sobre minha mãe não estar casa<strong>da</strong>, algum rumor que ouviu de uma velha que está perdendo a<br />

memória ao final de seus dias.<br />

Lydia suspirou.<br />

Mas a Minnie isso não tranquilizou. Stevens tinha ido procurar notícias delas. Tinha a impressão de<br />

que a sala estava envolta em partes de algodão, em nuvens e nuvens de algodão que a rodeavam. Na<br />

distância ouvia gritos apagados. Os ruídos de uma grande multidão, a pisca<strong>da</strong> quando o sol brilhante<br />

tragava sua visão…<br />

– Minnie, está bem?<br />

A voz preocupa<strong>da</strong> de Lydia a devolveu ao presente. Não havia gritos nem distúrbios. Não havia<br />

multidão.<br />

Ao menos ain<strong>da</strong>. E possivelmente…<br />

– Estou bem – disse. – Somente… pensava.<br />

Stevens demoraria uma semana ao menos em descobrir a ver<strong>da</strong>de… caso soubesse vê-la quando a<br />

tivesse diante dele. E ela tinha a carta do duque. Isso, junto com todo o resto que tinha descoberto,<br />

provaria que ela não tinha estado envolvi<strong>da</strong>.<br />

Lydia a observava com atenção.<br />

– Do que queria me falar?<br />

Minnie suspirou. Olhou a sua amiga.<br />

– O outro dia na Comissão de Higiene dos Operários, o doutor Grantham perguntou por ti.<br />

Lydia ergueu um pouco o nariz.<br />

– E o que?<br />

– Que… queria verte – embora talvez o houvesse dito apenas para incomo<strong>da</strong>r ao Stevens. – É jovem<br />

e atrativo. Cai-me muito bem.<br />

– A mim não – retrucou Lydia. – Ele trabalhava com o doutor Parwine quando ocorreu aquilo. E<br />

agora me olha com cumplici<strong>da</strong>de.<br />

– Olha a todo mundo assim – replicou Minnie. – Acredito que não pode evitá-lo.<br />

– E é muito sarcástico.<br />

– É sarcástico com todo mundo.<br />

Lydia afastou a vista.<br />

– Eu não gosto de recor<strong>da</strong>r e ele me faz recor<strong>da</strong>r. Ca<strong>da</strong> vez que ri para mim, que me olha, julga-me<br />

por minha frivoli<strong>da</strong>de. Não suporto estar perto dele.

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