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01 - A Guerra da Duquesa

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A jovem virou-se para ele.<br />

– O que acredita que aconteceu antes no salão?<br />

Ele piscou.<br />

– Em que salão? Há algum salão?<br />

– Por que acredita que desmaiei?<br />

– Humm – ele passou as mãos pelo cabelo. – Pelas cabras?<br />

– Vivo em uma granja. Estou acostuma<strong>da</strong> às cabras.<br />

Ele franziu o cenho.<br />

Tem razão. Desmaiou quando já tinham afastado às cabras. Quando as pessoas a rodeavam.<br />

Normalmente, Minnie se esforçava por não recor<strong>da</strong>r os momentos que lhe produziam um terror<br />

abjeto. Separava-os de sua mente assim que recuperava o conhecimento. Mas naquele momento viu a<br />

parede de rostos e trajes, um montão de caras que riam dela. Lhe encolheu o estômago só recor<strong>da</strong>ndo-o.<br />

O coração lhe pulsou com muita força.<br />

– Tenho medo <strong>da</strong>s multidões – suas palavras foram quase um gemido, mas ao menos as tinha<br />

pronunciado. – Não, medo não. Terror.<br />

Robert tomou a mão.<br />

– Especialmente <strong>da</strong>s multidões onde todo mundo olhe para mim. Uma vez me vi apanha<strong>da</strong> em meio de<br />

uma multidão; tinha doze anos – tocou a bochecha. – O medo se deve a isso. As pessoas atiravam pedras.<br />

Robert ergueu uma mão até o rosto dela. Suas luvas eram de couro negro; Minnie podia cheirá-los<br />

muito perto. Ele colocou os dedos na cicatriz dela, seguiu-a pela cara com a gema dos dedos, primeiro<br />

levemente, depois com um pouco mais de força.<br />

Minnie não havia dito to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de. A multidão não só atirava pedras. Atiravam nela.<br />

– Isto foi uma pedra cruel.<br />

Ela assentiu.<br />

Robert voltou a percorrer a cicatriz com os dedos, essa vez apertando um pouco mais.<br />

– Posso apalpar uma fratura no osso. Muito perto do olho.<br />

– Nos primeiros dias, quando estava cheia de golpes, não estava muito claro que pudesse voltar a ver<br />

por esse olho quando se curasse.<br />

Ele não tinha afastado a mão de sua bochecha.<br />

– Por isso agora não posso tolerar estar em grupos grandes de gente. E se todos me olham, torna-se<br />

impossível. Não sou capaz de pensar. Não posso respirar. Apenas quero escapar.<br />

– Por isso é tão cala<strong>da</strong>. Por isso esconde tudo quão bom tem e espera que ninguém a olhe.<br />

Minnie olhou as saias.<br />

– Sim – sua voz soava angustia<strong>da</strong>. Sentia-se menor.<br />

Robert não disse na<strong>da</strong> em um momento. Logo lhe pôs um dedo no queixo e lhe ergueu a cara.<br />

– Pois o sinto – murmurou. – Mas eu já a vi.

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