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01 - A Guerra da Duquesa

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Quando ele ia visitar prostitutas, isso não era na<strong>da</strong> para a socie<strong>da</strong>de. Golpeava-me porque eu insistia na<br />

fideli<strong>da</strong>de marital e quão único a boa socie<strong>da</strong>de encontrava escan<strong>da</strong>loso era que eu ousasse questioná-lo<br />

– à duquesa lhe tremia a voz. – Ao menos eu tinha dinheiro.<br />

Como acredita que será essa vi<strong>da</strong> para você?<br />

Minnie tragou saliva.<br />

– Robert não é assim.<br />

As mãos <strong>da</strong> duquesa apertaram a luva que tirou.<br />

– Li Orgulho e Preconceito. Sei exatamente em qual papel me colocou, o de lady Catherine, tola<br />

intrometi<strong>da</strong> que acredita que Darcy deve casar-se com sua miserável filha – apertou os lábios. –<br />

Possivelmente seja esse meu papel. Deveria me erguer agora e lhe gritar: – “vão poluir assim as sombras<br />

<strong>da</strong> mansão Clermont?”.<br />

Minnie piscou surpreendi<strong>da</strong> e a duquesa sorriu.<br />

– Já lhe disse que eu também fui romântica – disse. – E possivelmente tenha que ser lady Catherine.<br />

Mas me vejo também nele, quando eu era mais jovem. Em sua galanteria, sua certeza do amor, sua<br />

esperança pelo futuro. E eu não desejaria minha vi<strong>da</strong> a ninguém.<br />

Aquela conversa não ia como Minnie tinha imaginado. Em lugar de enfurecê-la, as palavras <strong>da</strong><br />

duquesa contribuíam uma espécie de clari<strong>da</strong>de fria à situação.<br />

– Deve querer muito a seu filho – disse.<br />

– Não – repôs a outra com suavi<strong>da</strong>de. – Suponho que em outro tempo poderia havê-lo querido. Mas<br />

se utilizarem muitas vezes a um menino como uma espa<strong>da</strong> crava<strong>da</strong> em seu coração, deixa de sentir. Eu<br />

não tive escolha e… – encolheu os ombros. – Não tenho esse sentimento para convencê-la, nem para<br />

suplicar. Apenas o pedirei o mais amavelmente que possa – olhou a Minnie nos olhos. – Por favor, não<br />

faça isso com meu filho.<br />

Minnie concluiu que a duquesa era uma mulher estranha. Muito estranha. Sentiu uma faísca de<br />

compaixão por ela.<br />

– É muito mais gentil do que era seu pai – a duquesa apertou os lábios. – Quando vir como a tratam,<br />

será desgraçado. Nunca pôde tolerar os abusos.<br />

– Tudo isso está muito bem – respondeu Minnie. – Se eu fosse uma pessoa melhor, suponho que<br />

recusaria me casar com ele. Mas você mesma disse. Não tenho fortuna nem família nem futuro – sorriu<br />

com nervosismo. – Você já ouviu os rumores que me relacionam com seu filho. O que acredita que será<br />

de minha reputação sem ele?<br />

A duquesa entreabriu os olhos.<br />

– Há-a…?<br />

– Não estou desonra<strong>da</strong> – continuou Minnie. – E os falatórios até o momento são apenas de ultraje.<br />

Mas eu não necessito mais que uma simples suspeita negativa. No tema <strong>da</strong> morali<strong>da</strong>de, os detalhes são<br />

para os ricos. Eu não posso permitir isso – moveu a cabeça. – Sei que seria desastroso me casar com ele.<br />

Mais do que você possa imaginar.<br />

A ideia de ser duquesa, de suportar os falatórios, de sentir o peso do olhar de todo o mundo em<br />

qualquer lugar que fosse, fazia com que Minnie se sentisse enjoa<strong>da</strong>. Mas tinha a oportuni<strong>da</strong>de de prover<br />

para sempre suas tias avós e a si mesma.

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