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Acreditava na moderação. Decidira não imitar a seu pai. Negava-se a ser o tipo de homem que<br />
possuía a uma mulher só porque gostava. Mas havia vezes em que desejava sê-lo. Desejava sê-lo com<br />
to<strong>da</strong>s as fibras de seu ser.<br />
Afastou os lençóis que o cobriam ain<strong>da</strong> e deixou que o ar frio tocasse sua pele. Não serviu de na<strong>da</strong>.<br />
Isso, em si mesmo, nunca servia de na<strong>da</strong>. Baixou a mão pelo pênis muito devagar e foi adotando um<br />
ritmo familiar. Pensou no sonho. Em Minnie de joelhos, Minnie sorrindo-lhe quando fechava os lábios em<br />
seu membro. Acariciou-se com movimentos curtos e bruscos, que foram voltando-se mais rápidos e<br />
urgentes até que chegou o momento do clímax.<br />
E nesse momento imaginou que Minnie lhe dedicava aquele sorriso aberto e espontâneo e lhe dizia<br />
que sabia quem era. Robert mordeu o lábio para resistir ao prazer selvagem que o embargou.<br />
Demorou um momento em recuperar o sentido comum e admitir que estava em uma situação em que<br />
tinha fixação por uma pessoa. Aquela não era a primeira vez que tinha sonhado com ela. Tampouco era a<br />
primeira vez que despertou em um frenesi de luxúria e se masturbou. Imaginava possuindo-a contra a<br />
parede e na cama. A beleza <strong>da</strong> masturbação era que sempre conseguia o que queria e como o queria. Não<br />
sofria ninguém e não tinha consequências.<br />
“Sei quem é”.<br />
Olhou a escuridão <strong>da</strong> noite. É obvio, tinha sido apenas um sonho. Nos sonhos aconteciam coisas que<br />
não tinham relevância na reali<strong>da</strong>de. Se seus sonhos tivessem algo de ver<strong>da</strong>de, faria anos que o teriam<br />
expulsado <strong>da</strong> companhia <strong>da</strong>s pessoas decentes. Não obstante, os sonhos frequentemente serviam como<br />
alavanca para sua luxúria. Despertava aquecido, recor<strong>da</strong>va imagens do sonho enquanto se provocava o<br />
orgasmo, e a combinação de seu sonho e seus esforços aliviava o pior de suas frustrações.<br />
Mas não havia orgasmos suficientes no mundo que pudessem aliviá-lo do desejo que o enchia por<br />
dentro naquele momento. Até então tinha tido a sensatez de deixar-se levar por desejos que podia<br />
satisfazer facilmente. E não havia motivos para mu<strong>da</strong>r isso.<br />
“Sei quem é”.<br />
Olhou a escuridão e desejou esquecer aquelas palavras, mas ficaram flutuando a seu redor. Umas<br />
palavras não pronuncia<strong>da</strong>s e que, entretanto, ressonavam em seus ouvidos.<br />
Ela acreditava que ele não era como seu pai. E Robert queria que soubesse quem era. E queria<br />
conhecê-la por sua vez.<br />
Apesar de SEUS ESFORÇOS, passou uma semana até que voltou a ver a senhorita Pursling, e foi em<br />
um encontro que teve que organizar ele mesmo.<br />
Fez um donativo de cem libras à Comissão de Higiene dos Operários. Isso o convertia em um de seu<br />
mecenas, e não teria sentido ver como se gastaria seu dinheiro?<br />
A Comissão não se reunia em uma respeitável sala priva<strong>da</strong> do Hotel Três Coroas, nem na sala<br />
dianteira do pub O Sino. Reunia-se nos subúrbios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de velha, em um lugar decrépito chamado<br />
Hospe<strong>da</strong>ria Cabeça de Cavalo.<br />
Robert chegou dez minutos depois <strong>da</strong> hora assinala<strong>da</strong> e não chamou a atenção de ninguém, pois entrou<br />
na sala atrás de uma donzela. A mulher se movia pela sala com ar competente, enchendo as xícaras <strong>da</strong>s