04.04.2017 Views

01 - A Guerra da Duquesa

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Eu acreditava… Definitivamente, jamais teria adivinhado isso.<br />

– Acabou-se sabendo, claro – seguiu ela. – Se soube de um modo muito ruim – esfregou as mãos, em<br />

um esforço por impedir que tremessem. – To<strong>da</strong> Londres soube. Saiu nos jornais. A multidão de qual falei<br />

antes? Prosseguia-me. Queriam me castigar por ter ousado fingir tanto. Por ser tão antinatural.<br />

– Ah!<br />

Robert a olhava com o cenho franzido. Seus olhos percorriam o corpo dela como se a visse de outra<br />

maneira, essa vez como a uma coisa que não tinha saído bem. Possivelmente tinha lido o escân<strong>da</strong>lo em<br />

seu momento. Talvez tentasse recor<strong>da</strong>r os detalhes. Ou possivelmente tinha formado parte <strong>da</strong>quela<br />

multidão, do grupo que lhe jogava pedras.<br />

Não. Isso não. Não lhe tinha soltado a mão e Minnie não podia imaginá-lo atirando pedras em<br />

ninguém, e muito menos em uma menina.<br />

– Foi tão duro que tive que renunciar totalmente a minha vi<strong>da</strong>. Troquei de nome. Batizaram-me como<br />

Minerva Lane. Quando estava… quando fingia ser um menino, meu pai me chamava Maximilian.<br />

– Ah! –repetiu ele. Moveu a mandíbula, mas não falou.<br />

– Diga algo – pediu ela. – Diga qualquer coisa. Você não sabia quando me Propôs matrimônio. Não o<br />

culparei se mu<strong>da</strong>r de ideia – ergueu a vista e o olhou aos olhos. – Mas diga algo.<br />

Robert lhe observou um momento a cara; encolheu os ombros.<br />

– Gostava de ser um menino?<br />

– Ah… bom… – era a primeira vez que lhe faziam essa pergunta, e o sobressalto conseguiu com que<br />

esquecesse o medo. – A princípio não conhecia outra coisa. O engano começou quando eu era muito<br />

jovem. A mim nem sequer me ocorreu pensá-lo – suspirou. – Mas odiava mentir. As desculpas para não<br />

ter que tirar a roupa diante de outras pessoas. Isso o odiava muito. E quando fiz doze anos, comecei a<br />

gostar de um de meus amigos. Isso foi… foi muito incômodo.<br />

– Imagino que sim – Robert piscou. – Isso explica muitas coisas sobre você.<br />

– Depois disso, tive que aprender a ser uma garota. Tive que aprender a an<strong>da</strong>r e a falar. Havia tantas<br />

coisas pequenas que podia fazer errado que era mais fácil tornar-se tími<strong>da</strong> e cala<strong>da</strong>. Assim não podia<br />

cometer enganos.<br />

– Isso me faz pensar que devemos ter uma longa conversa sobre os temas apropriados para a<br />

educação feminina – disse ele com um sorriso. – Quando nós tivermos casado.<br />

– Você não fala a sério, Excelência. Sou um escân<strong>da</strong>lo em potencial.<br />

– Minnie, eu quero abolir a nobreza. Escrevo santinhos radicais em segredo. Não vou gritar: “Oh,<br />

não, um escân<strong>da</strong>lo!”, e sair correndo. Não me importa o escân<strong>da</strong>lo.<br />

Minnie o olhou nos olhos.<br />

– Mas a mim sim, Excelência. A mim sim.<br />

Alguém bateu na porta. Uns momentos depois, repetiu-se a chama<strong>da</strong>. O trinco começou a mover-se<br />

com lentidão; depois de fazer hora, Lydia abriu a porta e entrou com uma jarra de água.<br />

– Parece-me que foste procurar essa água em Bath – comentou Minnie. – Caminhaste até ali ou<br />

tomaste o trem?<br />

Sua amiga lhe sorriu com malícia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!