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01 - A Guerra da Duquesa

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O homem loiro se inclinou levemente sobre a mão de Lydia, e a seguir tomou os dedos de Minnie.<br />

– Senhoritas – seguiu o senhor Charingford –, este é Robert Alan Graydon Blaisdell.<br />

Os olhos azuis do homem, tão claros que faziam pensar em um lago no inverno, encontraram-se com<br />

os de Minnie. Seu sorriso era mais desassossegado que nunca. Seus dedos roçaram os dela e Minnie<br />

encontrou sua mão muito quente inclusive através <strong>da</strong>s luvas de ambos. Contra seu sentido comum, sentiu<br />

que respondia a ele. Sorriu. Em sua imaginação, por um momento, sim houve caminhos iluminados pela<br />

lua. E essa luz pratea<strong>da</strong> pintou de magia to<strong>da</strong>s as facetas sombrias de sua vi<strong>da</strong>.<br />

A seu lado, o senhor Charingford tragou saliva audivelmente.<br />

– É obvio, ele é Sua Excelência o duque de Clermont.<br />

Minnie quase retirou os dedos. Um duque? Um condenado duque a tinha encontrado atrás do sofá?<br />

Não. Não. Impossível.<br />

Charingford indicou ao outro homem que havia ao lado do duque.<br />

– E seu, ah, seu administrador… – Meu amigo – o interrompeu o duque.<br />

– Sim – Charingford tragou saliva. – É obvio. Seu amigo, o senhor Oliver Marshall.<br />

– Senhorita Charingford, senhorita Pursling – o duque fez um gesto com a cabeça a Lydia por cima do<br />

ombro de Minnie. – Todo o prazer <strong>da</strong> apresentação é meu.<br />

Minnie inclinou um pouco a cabeça.<br />

– Excelência – murmurou.<br />

Essa noite, tudo conspirava para destruí-la. O prometido de sua melhor amiga acreditava que se<br />

dedicava à rebelião e o condenado duque de<br />

Clermont podia destruí-la com uma só palavra. Isso era no que <strong>da</strong>va se dedicar a imaginar coisas. Que<br />

visse caminhos iluminados pela lua. Que albergasse pensamentos românticos embora apenas por um<br />

momento. Os sonhos fracassavam e, quando voavam, deixavam a reali<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> mais fria.<br />

Sua Excelência o duque a olhou nos olhos justo antes que Minnie se retirasse. De novo lhe dedicou<br />

aquele sorriso como envergonhado. Essa vez ela soube por que.<br />

Ela não era na<strong>da</strong>. Ele tinha tudo. E pelo que pudesse servir, ele envergonhava-se de sua própria força.<br />

A CARRUAGEM QUE A LEVAVA DE RETORNO à granja de suas tias avós se balançava para frente<br />

e para trás, não com suavi<strong>da</strong>de, mas com movimentos bruscos. Minnie supunha que as molas teriam sido<br />

novas em outro tempo e não teriam amplificado tanto ca<strong>da</strong> buraco do caminho. Mas o dinheiro<br />

escasseava e as reparações eram um luxo que suas tias não se podiam permitir.<br />

Sua tia avó Caroline ia senta<strong>da</strong> em frente a ela, com a bengala apoia<strong>da</strong> no joelho. A seu lado se<br />

sentava Elizabeth, menos encurva<strong>da</strong>, mas muito mais grisalha. Se as tivessem escolhido ao azar entre uma<br />

multidão, não teriam podido ser mais diferentes. Caroline era alta e gordinha, e Eliza era baixa e<br />

angulosa. Caroline era morena com o cabelo liso, com apenas algumas mechas grisalhas, e o cabelo de<br />

Eliza, antes loiro, tornou-se branco e crespo.<br />

Na sua i<strong>da</strong>de, numa noite fria de novembro, deveriam haver ficado em casa ao lado do fogo em vez<br />

de ter que an<strong>da</strong>r vadiando para assistir a musicais. Mas a tinham acompanhado e agora ambas tinham a

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