04.04.2017 Views

01 - A Guerra da Duquesa

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O duque pensou um momento em suas palavras.<br />

– Considero-o solicitado – respondeu. – Farei um donativo se me deixar os detalhes. Quanto ao<br />

resto… Se isto for pelo ocorrido ontem à noite, pode estar segura de que sou a personificação <strong>da</strong><br />

discrição.<br />

Era bastante ardiloso.<br />

Lydia arqueou uma sobrancelha ao captar a implicação de que o duque e sua amiga tinham falado<br />

antes. Minnie negou com a cabeça.<br />

– Não, Excelência. Há algo mais que devo comentar com você. A senhorita Charingford veio como<br />

acompanhante, mas temo que o que tenho para dizer não é para seus ouvidos.<br />

– Certo – corroborou Lydia, corajosa. – Não sei o que está acontecendo.<br />

– Entendo – disse o duque.<br />

Seu sorriso adquiriu uma frieza cautelosa. Sem dúvi<strong>da</strong> imaginava algo acidentado e escan<strong>da</strong>loso,<br />

algum complô para apanhá-lo em matrimônio. Era um duque de aparência agradável com uma fortuna<br />

razoável; provavelmente sofria tais complôs de modo regular. Mas não a expulsou de sua casa. Esfregou<br />

o queixo e olhou ao seu redor.<br />

– Se quiser falar em voz baixa, a senhorita Charingford pode sentar-se aí – assinalou uma cadeira ao<br />

lado <strong>da</strong> porta. – Deixaremos a porta aberta e nós podemos nos colocar junto à janela. Assim ela verá<br />

tudo, comprovará que não faltamos ao decoro, mas não ouvirá na<strong>da</strong>.<br />

Sustentou a cadeira para Lydia. Atuava em tudo como um cavalheiro, com tanta naturali<strong>da</strong>de que<br />

Minnie quase duvidou de seu instinto.<br />

Ele chamou uma campainha e, quando apareceu um servente, pediu chá em duas bandejas. Enquanto<br />

esperavam, pôs uma mão na parte baixa <strong>da</strong>s costas de Minnie e a guiou para a janela. Era um contato<br />

minúsculo, só a calidez <strong>da</strong> mão dele na coluna, apaga<strong>da</strong> por cama<strong>da</strong>s de tecido, mas ela o sentiu até<br />

mesmo no pulso que lhe palpitava na garganta.<br />

Era tão injusto que tinha vontade de gritar. Ele era rico, atraente e podia acelerar o coração dela com<br />

um simples toque de seu dedo. Ela tinha ido ali para chantageá-lo, não para paquerar. Pela janela se via a<br />

praça de fora.<br />

As praças eram menos comuns em Leicester que em Londres.<br />

Aquela estava muito descui<strong>da</strong><strong>da</strong>. Havia uma árvore tão franzina que dificilmente se poderia chamar de<br />

árvore. A erva secou e deixou espaço para um cascalho cinza. Mas, por outra parte, aquele era um dos<br />

poucos bairros de Leicester onde havia praças.<br />

Os comerciantes de mais êxito viviam perto <strong>da</strong>li, na estra<strong>da</strong> de Londres, em Stoneygate. A<br />

aristocracia vivia em proprie<strong>da</strong>des rodea<strong>da</strong>s de muito terreno no campo circun<strong>da</strong>nte. Todos os que<br />

tinham riqueza e boa posição se estabeleciam fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

Mas o duque não o tinha feito. Minnie tocou o papel que levava no bolso e acrescentou isso à lista de<br />

coisas estranhas <strong>da</strong>quele homem. Quando iam duques a aquela zona, estabeleciam-se no Quorn ou no<br />

Melton-Mowbray para a caça <strong>da</strong> raposa. Ele, entretanto, tinha alugado uma residência situa<strong>da</strong> a poucas<br />

quadras <strong>da</strong>s fábricas.<br />

– No que posso ajudá-la? – perguntou ele.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!