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a tivesse encontrado e houvesse lhe trazido para a mente más lembranças. – Você precisamente não<br />
deveria me chamar Excelência.<br />
Ela o olhou. Robert observou o chão de pedra entre seus pés.<br />
– Depois do que os duques de Clermont fizeram a você e aos seus – disse com voz fraca, – não<br />
merecemos seu respeito. Apenas posso dizer que o sinto. Sinto muito que Oliver…<br />
– Você não tem culpa.<br />
– Sim tenho. Meu irmão está esperando ser julgado por um ato que eu cometi, pela única razão de que<br />
não podem me processar. Se isso não for minha culpa, não sei o que é – olhou a parede do pátio. – Mas<br />
lhe prometo que não permitirei que lhe aconteça na<strong>da</strong>.<br />
Ela permaneceu diante dele uns minutos mais. Robert manteve a cabeça baixa, consciente de ca<strong>da</strong><br />
respiração dela.<br />
E então, muito lentamente, ela se sentou com cui<strong>da</strong>do no banco a seu lado. A seis polega<strong>da</strong>s de<br />
distância, mas a seu lado. – Você foi um bom amigo para meu filho.<br />
– Fui seu irmão – ele seguia sem olhá-la.<br />
– Quando vinha para casa de férias, falava muito de você. De Sebastian Malheur e de você, mas<br />
sobretudo de você. Não é preciso dizer que a mim e ao senhor Marshall nos alarmava isso. Mas ele não<br />
falava de um menino que parecia uma versão mais jovem de seu pai. Você parecia considerado e<br />
tranquilo, duas coisas que o Duque de Clermont nunca pôde ser. Sempre pensei que eu gostaria de ter<br />
estado mais prepara<strong>da</strong> quando nos vimos faz anos. Pelas palavras de Oliver, eu tinha imaginado a um<br />
menino muito diferente. E quando entrei na sala e o vi me olhando… com os olhos, o nariz e a boca<br />
dele… não sei o que me ocorreu. Não voltei a ser eu mesma até que estive a meia milha <strong>da</strong>li.<br />
– Não tem que explicar na<strong>da</strong>. Sei o que fez meu pai. Se eu fosse você, tampouco poderia suportar.<br />
– Oliver me disse depois que acreditava que eu tinha ferido seus sentimentos.<br />
Robert negou com a cabeça.<br />
– Meus sentimentos não contam nisso. A atacaram. Não é sua responsabili<strong>da</strong>de estender o ramo de<br />
oliveira, a não ser a mim me afastar de seu caminho. Lhe <strong>da</strong>r o pouco conforto que lhe possa oferecer.<br />
– Talvez – repôs ela. – Mas eu não posso evitar pensar que sim é também minha responsabili<strong>da</strong>de.<br />
O céu estava azul, sem uma só nuvem. Parecia impossível naquela época do ano e, entretanto, assim<br />
era. Robert jogou a cabeça para e fechou os olhos.<br />
– Contamos a ver<strong>da</strong>de a Oliver sobre seu nascimento quando era muito jovem. Ou, melhor dizendo,<br />
Hugo a contou. Não tudo, enten<strong>da</strong>-o, a não ser a versão infantil. Havia um homem mal. Atacou-me.<br />
Algumas pessoas poderiam lhe dizer que seu pai era outro homem, mas nós o queríamos e a ver<strong>da</strong>de era<br />
essa. Eu não queria dizer na<strong>da</strong>, mas Hugo me convenceu – a mulher suspirou.<br />
Robert tentou imaginar como seria ter uns pais que parassem para pensar no que dizer a seus filhos,<br />
uns pais a quem importasse esses detalhes. Que assegurassem a seu filho que o queriam.<br />
“Eu quero ser essa classe de pai”. Apertou os punhos.<br />
– Hugo disse com muita naturali<strong>da</strong>de e Oliver aceitou bem. Até que se inteirou <strong>da</strong> existência de você.<br />
Então teve pesadelos.<br />
– Comigo?