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01 - A Guerra da Duquesa

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Sabia que seria uma grande sorte assegurar-se isso. Para uma garota sem dote e não muito agracia<strong>da</strong>,<br />

qualquer homem era um bom partido. Embora ele a quisesse porque pensava que ela suportaria suas<br />

grosserias em silêncio. E, entretanto, essa possibili<strong>da</strong>de não a entusiasmava nem um pouco.<br />

– O ouvi falar sobre mim– comentou. – Disse que sou um camundongo e que não direi na<strong>da</strong> se tiver<br />

amantes.<br />

Caro e Eliza se olharam.<br />

– Não tem por que te casar com ele – declarou Eliza. – Se isso te fizer infeliz, é obvio que não. Mas<br />

antes de recusar, por favor, considera quais seriam suas outras alternativas. Sempre pode esperar algo<br />

mais.<br />

Disse-o com dúvi<strong>da</strong>, com uma expressão que indicava que, à medi<strong>da</strong> que Minnie ficasse mais velha,<br />

seria improvável que recebesse outra proposta mais satisfatória.<br />

– Se houver alguma possibili<strong>da</strong>de de que Stevens adivinhe a ver<strong>da</strong>de… – prosseguiu.<br />

Não precisava que terminasse a frase. Se soubesse a ver<strong>da</strong>de, não haveria nenhuma oferta.<br />

Minnie não tinha mentido ao duque de Clermont. Gardley era o melhor ao que podia aspirar, um<br />

homem que só sabia que ela permanecia cala<strong>da</strong> em público. Um homem que a preferia silenciosa. Não<br />

tinha se incomo<strong>da</strong>do em descobrir algo sobre ela, nem sua cor favorita nem sua comi<strong>da</strong> predileta.<br />

Embora, por outra parte, seria mais seguro casar-se com um homem que não queria saber na<strong>da</strong> dela.<br />

A senhorita Wilhelmina Pursling sentiria uma patética gratidão por<br />

Gardley por lhe oferecer matrimônio. Mas Minerva Lane, por sua parte…<br />

– Nem sequer sabe quem sou – disse. – Me chamou de camundongo. Minerva Lane jamais foi um<br />

camundongo.<br />

– Não pronuncie esse nome – Eliza falava com voz baixa e assusta<strong>da</strong>. Sua mão apertou o joelho de<br />

Minnie.<br />

– Silêncio – interveio Caroline. – Não tem sentido dizer a ver<strong>da</strong>de. “Silêncio. Não ce<strong>da</strong> ao pânico.<br />

Não diga a ver<strong>da</strong>de a ninguém”. Minnie tinha vivido doze anos com as regras delas, e para que? Para<br />

poder ter a sorte de ser totalmente esqueci<strong>da</strong> algum dia.<br />

A lembrança de Minerva Lane, pelo que tinha sido e o que tinha feito, era como um carvão quente<br />

abafado com cinzas. Seguia ardendo muito depois que se extinguiu o fogo. Às vezes todo esse calor ardia<br />

dentro dela até que sentia a necessi<strong>da</strong>de de gritar. Até que desejava queimar todos os retalhos tímidos de<br />

sua maltrata<strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de.<br />

Essa rebeldia feroz se ergueu naquele momento em seu interior.<br />

A parte dela que seguia sendo Minerva, a parte que não tinha sido asfixia<strong>da</strong>, sussurrou-lhe tentações<br />

ao ouvido. “Não precisa guar<strong>da</strong>r silêncio, o que precisa é uma estratégia”.<br />

Na<strong>da</strong> de estratégias. Suas tias protestariam se soubessem que estava considerando atuar. Fazia anos<br />

que não se permitia fazer isso.<br />

“Stevens acredita que escrevo os panfletos. Eu sei que não sou eu.<br />

Averiguarei quem o faz”.<br />

Era uma estupidez. Uma tolice. Uma idiotice. Era impossível.

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