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interrompeu e moveu a cabeça. – Isso não importa. Renunciei a tudo para que meu filho pudesse ter esta<br />
vi<strong>da</strong>. Para que tivesse tudo. Você não pode conceber o que tive que suportar. E eu não sacrifiquei minha<br />
vi<strong>da</strong> inteira para que ele desperdice a sua com uma filha de ninguém.<br />
Essas palavras deixaram claro a Minnie que a mãe de Robert desconhecia as esperanças dele de<br />
abolir os títulos de nobreza.<br />
Mas a duquesa seguiu com seu discurso.<br />
– Você não contribui com na<strong>da</strong> a esse enlace. Nem sobrenome nem dinheiro nem terras nem poder.<br />
– Conheço muito bem meus bens, Excelência.<br />
– E de todos os modos, não se casará com ele – disse a duquesa com desprezo. – Conheço meu filho.<br />
Provavelmente lhe interessam o bem e o mal; deseja tão desespera<strong>da</strong>mente encontrar seu lugar em alguma<br />
parte que se empregará a fundo em qualquer causa que escolha cegamente, sem lhe importar os <strong>da</strong>nos<br />
para si mesmo.<br />
Talvez a duquesa sim conhecesse Robert melhor do que Minnie tinha suposto ao princípio.<br />
A duquesa soprou.<br />
– Provavelmente pense que a está salvando de uma vi<strong>da</strong> de penali<strong>da</strong>des.<br />
Olhou mais uma vez o vestido singelo de Minnie e esta se ruborizou. O olhar <strong>da</strong> duquesa viajou até as<br />
luvas <strong>da</strong> jovem e voltou a subir até o coque severo que lhe tinha feito Caroline. Minnie se manteve reta e<br />
lhe devolveu o olhar.<br />
– Está-te salvando de uma vi<strong>da</strong> de penali<strong>da</strong>des – concluiu a duquesa. – Não posso te culpar por<br />
deixar que ele o faça.<br />
– Quem disse que eu o fiz? – perguntou Minnie. – Eu não quereria me encontrar em seu lugar. Nem<br />
por todos seus vestidos ridiculamente exagerados.<br />
Surpreendentemente, isso fez sorrir à duquesa. O sorriso adoçou seu rosto, fazendo-a parecer déca<strong>da</strong>s<br />
mais jovem.<br />
– Ah, não? Nesse caso, pode ser que não careça de sentido comum – a mulher depositou uma bolsinha<br />
com contas bor<strong>da</strong><strong>da</strong>s sobre a mesa. – Sei que pareço dura, mas ele é meu único filho. É o único que tenho<br />
– suspirou. – Não careço totalmente de sentimentos. Uma vez me encontrei na posição em que você está<br />
agora.<br />
Franziu os lábios, mas esta vez não houve sorriso, apenas um grunhido.<br />
– Afeta muito ser corteja<strong>da</strong> por um duque. Um duque jovem e atrativo. Sabia que o pai de Robert<br />
tinha muito má reputação, mas estava segura de poder curá-lo de todos seus defeitos. Tinha deixado de<br />
jogar e de beber em excesso e, se me tivesse, não voltaria a olhar a outra mulher.<br />
A duquesa tirou uma <strong>da</strong>s luvas e a dobrou antes de olhar a Minnie nos olhos.<br />
– Mataram to<strong>da</strong>s as minhas ilusões românticas antes dos vinte anos. Mas não foi o duque o único<br />
responsável. Foi todo mundo com que me encontrei. To<strong>da</strong> a alta socie<strong>da</strong>de me via somente como uma<br />
bolsa de dinheiro para o Duque de Clermont. Durante anos e anos, disseram-me todos os dias, em<br />
sussurros que não eram sempre pelas minhas costas, que eu não era igual a meu marido. Dava no mesmo<br />
se ele não tivesse nem sentido comum, nem dinheiro.<br />
Eu estava abaixo dele e o fato de que ousasse contradizê-lo… Na<strong>da</strong> do que fazia meu marido<br />
provocava jamais nem um sussurro, mas minha insistência em ser trata<strong>da</strong> com respeito era um escân<strong>da</strong>lo.