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E homens desconhecidos seguiam sendo amáveis com ela. Ele era injustamente atrativo. E sem dúvi<strong>da</strong><br />
isso explicava o brilho nos olhos de Lydia. Pelo que havia dito sua amiga, ele participava <strong>da</strong> política.<br />
Um membro do Parlamento possivelmente? Parecia muito jovem para isso.<br />
– Que séria! – Lydia fez uma careta. – Sim, tem razão. Poderiam te cuspir pela rua e te insultar como<br />
a um monstro. E também os Dragões poderiam te comer. Seja razoável. Na<strong>da</strong> disso é nem remotamente<br />
possível. Se você não pode sonhar, farei-o eu por ti. Vou passar um minuto imaginando que ele se vire e<br />
te olhe.<br />
Não houve necessi<strong>da</strong>de de imaginar. Ele, quem quer que fosse, voltou-se então. Olhou para Lydia, que<br />
mal pode conter seu entusiasmo, lhe fez uma reverência profun<strong>da</strong>. Logo seus olhos se pousaram em<br />
Minnie.<br />
“Está aí”, parecia lhe dizer com o olhar. Ou algo pelo estilo. Porque uma faísca de reconhecimento<br />
percorreu as veias dela. Não foi algo tão simples como ver sua cara e que lhe resultasse familiar. Foi a<br />
sensação de que se conheciam, e de um modo mais profundo que os poucos momentos passados juntos<br />
atrás de um sofá.<br />
Os olhos dele viraram à direita e pousaram no pai de Lydia, que estava ao lado delas. Separou-se <strong>da</strong><br />
gente que o rodeava e se adiantou uns passos.<br />
– Senhor Charingford, ver<strong>da</strong>de? – perguntou.<br />
Ao aproximar-se, olhou de novo para Minnie nos olhos e lhe dedicou um sorriso que parecia surgir<br />
de alguma recor<strong>da</strong>ção por um longo tempo escondi<strong>da</strong>.<br />
Se o nervosismo do senhor Charingford não lhe tivesse <strong>da</strong>do já uma pista, aquele sorriso teria<br />
convencido a Minnie de que aquele homem era importante. Demorou um momento em se localizar a<br />
curiosa expressão de sua cara, aquele sorriso acompanhado de uns olhos que se enrugavam com um jeito<br />
parecido à inquietação.<br />
Tinha visto essa expressão oito anos atrás na cara de Willy Jenkins. Este era então maior que todos os<br />
outros meninos de sua i<strong>da</strong>de, até um ponto alarmante. Aos quinze anos media um metro e oitenta e pesava<br />
cento e oitenta libras. E tinha uma força de acordo com seu tamanho. Minnie o tinha visto levantar seus<br />
dois irmãos mais jovens, um em ca<strong>da</strong> braço.<br />
Willy Jenkins era grande e forte e os outros meninos teriam tido medo dele a não ser por seu sorriso.<br />
O senhor Charingford se inclinou obsequioso, tanto que quase se dobrou em dois. Mal se entendiam<br />
suas palavras.<br />
– Posso lhe apresentar…?<br />
Nem sequer <strong>da</strong>va é obvio que aquele homem permitiria a apresentação. Parecia pensar que não seria<br />
de má educação que dissesse que não.<br />
– É obvio – disse o homem importante. Seus olhos pousaram nos de Minnie e ela afastou rapi<strong>da</strong>mente<br />
à vista. – Meu círculo de conhecidos nunca é tão amplo que não possa incluir a mais senhoritas – voltou a<br />
sorrir <strong>da</strong>quele modo com o que parecia justificar-se, o mesmo sorriso que usava Willy quando ganhava<br />
uma que<strong>da</strong> de braço… e ele sempre ganhava. Era um sorriso que dizia: “Sinto ser maior que você e mais<br />
forte que você. Sempre vou ganhar, mas tentarei não te machucar no processo”. Era o sorriso de um<br />
homem que sabia que possuía uma força considerável e lhe resultava embaraçoso.<br />
– Muito considerado – disse o senhor Charingford. Esta é minha filha, a senhorita Lydia Charingford;<br />
e sua amiga, a senhorita Wilhelmina Pursling.