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01 - A Guerra da Duquesa

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assim que se encolham os bolsos de seus amos em um contraponto veemente. Sede conscientes de onde<br />

estão e do espaço que deixam para trás.<br />

– Está falando de uma greve – disse Lydia. – Ver<strong>da</strong>de?<br />

“Deixar de trabalhar é uma espécie de ataque à descoberta”. Minnie sentiu que lhe gelava o sangue<br />

nas veias.<br />

– Possivelmente – estava um pouco tonta. – Ain<strong>da</strong> há um longo caminho entre os santinhos e a<br />

organização, e entre a organização e o seguimento – apoiou uma mão na parede para apoiar-se.<br />

“Sede conscientes de onde estão e do espaço que deixam para trás”.<br />

Aquelas palavras eram familiares… muito familiares. A última frase era quase uma entrevista direta<br />

de “Sobre xadrez”, de Tappitt, um livro pouco conhecido. Ela o tinha comentado ao duque de Clermont<br />

sem <strong>da</strong>r importância a suas palavras. Depois de tudo, ele tinha confessado que ignorava o jogo.<br />

Ela também tinha usado essas palavras antes. Havia dito algo quase idêntico á Stevens uns meses<br />

atrás, quando falavam <strong>da</strong> bomba de água do Harley. Isso não tinha na<strong>da</strong> de estranho. As palavras <strong>da</strong><br />

estratégia do xadrez formavam parte de seu vocabulário desde que tinha memória. Sua primeira<br />

lembrança era estar senta<strong>da</strong> ante um tabuleiro de xadrez com seu pai em frente.<br />

– Isto – lhe havia dito ele– é um ataque à descoberta. Vê? Um movimento, duas ameaças. Assinala-me<br />

isso?<br />

– Se não fosse ver<strong>da</strong>de – disse Lydia, – meu pai não teria ficado tão furioso. Mas não pode permitirse<br />

que pare a camisaria.<br />

– Entendo – murmurou Minnie.<br />

Lydia despediu as faxineiras com um gesto.<br />

– Nós terminamos isso – disse. – Se retirem.<br />

As donzelas saíram <strong>da</strong> sala. Lydia se sentou ante o fogo e começou a jogar panfletos a intervalos<br />

regulares.<br />

Minnie respirou em silêncio. Melhor que os queimassem.<br />

Possivelmente ninguém os teria visto. O duque tinha usado suas palavras.<br />

– Lydia, viu o Stevens? – perguntou.<br />

– Sim. Hoje. Depois que distribuíram isto, meu pai e ele estiveram horas trancados. Depois de tudo,<br />

se houver uma greve, terá que ser Stevens que a pare. Discutiram por algo e Stevens se foi. Meu pai me<br />

disse que ia a Manchester para investigar algo, embora não sei o que poderia averiguar ali de nossos<br />

operários. Possivelmente que os operários se comunicam entre eles?<br />

Não. Stevens tinha lido o santinho. Tinha recor<strong>da</strong>do as palavras que lhe tinha mencionado sobre o<br />

ataque à descoberta. E fazendo honra a sua palavra, tinha ido a Manchester para investigar a vi<strong>da</strong> dela<br />

porque a acreditava culpa<strong>da</strong>. Minnie se sentia enjoa<strong>da</strong>.<br />

– Crê que meu pai paga suficiente a seus operários? Stevens diz que, se ceder uma vez a suas<br />

exigências, ca<strong>da</strong> vez serão menos razoáveis. Mas eu acredito que poderia te ocorrer um modo de impedir<br />

isso. Como fez com o Comitê de Higiene dos Operários.<br />

Minnie não podia fazer na<strong>da</strong> sobre tema. Sacudiu a cabeça para limpar seus medos.<br />

– Não sei – disse. – Mas Stevens e seu pai… Lydia ergueu os olhos ao céu.

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