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01 - A Guerra da Duquesa

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– Não é que você tenha intuição para a tática – respondeu ele. – Isso soa a treinamento tático. Onde<br />

aprende isso uma quase solteirona meio cega?<br />

Em reali<strong>da</strong>de, onde poderia aprender isso alguma mulher? Mas a senhorita Pursling não pareceu<br />

alterar-se por isso.<br />

– Reuni um montão de papéis que demonstrarão que é o culpado. O que conseguiu você, Excelência?<br />

Fingir que flertava comigo.<br />

Robert piscou, sobressaltado. Ela não o olhava. É obvio, não o olhava. Examinava o chão a seus pés<br />

como se fosse uma mulher páli<strong>da</strong> e tími<strong>da</strong> que não se atrevia a olhá-lo nos olhos.<br />

– Fingir? – Robert se sentia quase perigoso. – Você não me olha nos olhos. Dá suas inteligentes<br />

respostas em sussurros. Rechaça qualquer insinuação de que seja uma mulher inteligente. É você que<br />

finge queri<strong>da</strong>. Ela abriu mais os olhos.<br />

– Isso é… isso apenas é aceitar as pressões <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de…<br />

– É? Levante à vista, Minnie. Me olhe nos olhos. Deixe que todo mundo nesta rua veja o que os dois<br />

sabemos que é ver<strong>da</strong>de. Não está se inclinando ante mim, está me desafiando. Olhe para cima.<br />

Ela não o fez. Manteve a cabeça teimosamente baixa ante ele. Robert tinha vontade de agarrá-la e<br />

sacudi-la. Queria lhe elevar o queixo e obrigá-la a olhá-lo nos olhos. Queria…<br />

Depois disso queria muitas coisas, nenhuma <strong>da</strong>s quais as ia conseguir pela força.<br />

– Eu não finjo paquerar com você – declarou. – Não há nenhum fingimento nisso. A desejo. Por Deus<br />

que a desejo!<br />

Ela soltou um leve coice e levantou, quase involuntariamente, à vista.<br />

Por um momento, Robert viu algo que acreditou que não era fingido… captou um desejo<br />

desesperançado no modo como ela elevava a cara para ele, uma hesitação em sua respiração<br />

entrecorta<strong>da</strong>. A mulher entreabriu os lábios e de repente pareceu incrivelmente bonita.<br />

Mas logo fechou os olhos e voltou a baixar a cabeça. Sua respiração se fez mais firme; apertou os<br />

punhos dos lados. Moveu a cabeça.<br />

– Tem sorte – disse com amargura. – Tem sorte de poder fazer planos e atuar sem fingir. De poder<br />

desejar abertamente e não ter que guar<strong>da</strong>r isso para que se apodreça em seu interior. Tem sorte de poder<br />

erguer os olhos ao céu sem queimar as asas. E de poder pensar no futuro sem terror.<br />

Começaram a lhe tremer as mãos.<br />

– Eu olhei para cima – continuou ela. Sua voz era um sussurro urgente. – E tenho caído mais do que<br />

você possa imaginar. Assim não me exorte. Apenas quero fingir que isto é suficiente, que posso estar<br />

satisfeita com as migalhas que ficam.<br />

Robert voltou a ter a sensação de um animal grande passeando em sua jaula. Desejou lhe tocar a<br />

bochecha e lhe voltar o rosto para ele. Queria lhe sussurrar que tudo ficaria bem.<br />

– Minnie – foi tudo o que disse.<br />

Ela fez uma careta.<br />

– Não diga meu nome assim. Por favor, Excelência. Se de ver<strong>da</strong>de lhe importar algo, finja que flerta,<br />

mas não o faça de ver<strong>da</strong>de.

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