Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
– Isso não me importa na<strong>da</strong>! – A cara de Stevens se tornou vermelha. – Já ouvi suficientes calúnias.<br />
Charingford, se você não…<br />
Minnie tirou devagar a carta que Robert lhe tinha <strong>da</strong>do no trem.<br />
– Isto é uma carta pessoal de sua Excelência – nesse momento lhe tremia a voz e lhe tremiam as mãos.<br />
Alisou o papel contra a mesa e o agarrou pela bor<strong>da</strong>. – Devo assinalar que utiliza o papel de maior<br />
quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Graydon Mills. Aí está a marca d'água e sua assinatura também se pode autentificar –<br />
assinalou. – Mas me parece que encontrarão vocês o conteúdo muito mais interessante que a fonte.<br />
Stevens lhe tirou o papel <strong>da</strong> mão. – Não sei o que faço… – murmurou lendo. Interrompeu-se e a olhou.<br />
– Escrevo santinhos – leu devagar.<br />
Leu em silêncio, movendo os olhos pelo papel. Charingford olhava a carta por cima do ombro do<br />
Stevens. Tinha o cenho franzido. Quando se afastou, moveu a cabeça.<br />
– Não acredito – murmurou Stevens. Mas suas palavras não eram as de um homem que duvi<strong>da</strong>sse <strong>da</strong><br />
carta; eram um intento por negar a reali<strong>da</strong>de.<br />
– Minnie – disse Charingford. – Esta carta… o tom é bastante íntimo. A sau<strong>da</strong>ção… As palavras que<br />
emprega… Até o modo como está assina<strong>da</strong> a carta. Como é que está em posse dessa carta?<br />
Da<strong>da</strong>s as circunstâncias, Robert provavelmente lhe perdoaria que dissesse a ver<strong>da</strong>de. A duquesa<br />
havia dito que tinha que traí-lo, ganharia seu desprezo.<br />
Se tivesse se tratado de uma parti<strong>da</strong> de xadrez, aquele teria sido o momento no qual teria beijado a<br />
peça. Quando fizesse aquele movimento, já não haveria volta atrás.<br />
Arqueou uma sobrancelha.<br />
– A duquesa de Clermont veio ver-me – comentou. – Quer que seu filho renuncie a seus ideais.<br />
Ofereceu-me cinco mil libras esterlinas para que eu pudesse pará-lo.<br />
A ver<strong>da</strong>de. Não to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de. E <strong>da</strong>quele modo, transmitia uma impressão que era totalmente falsa.<br />
A Minnie tremiam as mãos.<br />
– Digam que disse isso– comentou, com voz surpreendentemente firme. – Mostrem a carta e não<br />
negará sua participação.<br />
Já não havia volta atrás. Se tinha entendido bem a relação entre eles, ao fazer saber ao duque que se<br />
havia mancomunado com sua mãe mataria qualquer afeto que ele pudesse sentir por ela.<br />
E por outro lado, no momento em que Stevens a tinha relacionado o nome de Minerva Lane, tinha<br />
terminado qualquer possibili<strong>da</strong>de que pudesse ter de um matrimônio feliz com o duque.<br />
– É um duque – comentou Stevens. – Como pode fazer isto um duque?<br />
– Lhe perguntem – Minnie baixou a cabeça. – Eu não sei o que faz um duque nem por que o faz.<br />
– E como vou responsabilizá-lo, embora tenha sido ele? – Stevens seguia olhando o papel. – Instigou<br />
à ci<strong>da</strong>de com seus santinhos e suas afirmações. A próxima coisa será que os operários se manifestarão e<br />
se negarão a ir trabalhar. Como vou manter a paz se os ci<strong>da</strong>dãos acreditarem que se pode violar<br />
impunemente a lei?<br />
Minnie estendeu a mão para a carta, mas Stevens a separou dela.<br />
Olhou com raiva os papéis.<br />
– Alguém tem que pagar por isso – disse.