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01 - A Guerra da Duquesa

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O salão ao qual o conduziram poderia ter estado desprovido de móveis e não o teria notado. Não se<br />

sentou. Não olhou na<strong>da</strong>. Apenas esperou, sabendo o que poderia acontecer.<br />

Ela abriu a porta.<br />

Possivelmente, no fundo, tinha temido que, quando voltasse a vê-la, se sentiria tão afligido por seus<br />

sentimentos que lhe perdoaria o que tinha feito. Tinha fabricado uma imagem dela, apoiando-se em coisas<br />

que ela não havia dito, em palavras que não se pronunciaram; até que tinha chegado a acreditar-se<br />

apaixonado por uma mulher que não existia. Mas quando ela entrou, não sentiu na<strong>da</strong>.<br />

Ela era pequena, e parecia encolhi<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> sua magia se perdeu.<br />

Robert só sentiu uma dor apaga<strong>da</strong> onde antes tinha estado ela.<br />

Estava a salvo, graças a Deus. A salvo de si mesmo.<br />

– Excelência – disse ela.<br />

Ele inclinou a cabeça.<br />

Era a primeira vez desde que se conheciam em que ela o tratava como a um duque. E também era a<br />

primeira vez que ele queria ser tratado como tal. Os duques não tinham que explicar na<strong>da</strong>. Não tinham<br />

que suplicar.<br />

Simplesmente atuavam e ninguém questionava seus atos.<br />

– Estou certo que sabe por que vim – comentou.<br />

Ela inclinou a cabeça. Ele notou vagamente que parecia desgraça<strong>da</strong>. Tinha círculos escuros sob os<br />

olhos. E a luz que tinha visto neles, a formosa luz que parecia encher a sala, estava completamente<br />

apaga<strong>da</strong>.<br />

Não se importou. A Robert já não importava na<strong>da</strong>.<br />

– Excelência. Devo-lhe uma explicação.<br />

– Não quero explicações – respondeu ele. O gelo não tinha necessi<strong>da</strong>de de ouvir na<strong>da</strong>.<br />

– Mas…<br />

– Não me importa por que o fez – murmurou Robert. Suas palavras tinham um som oco. – Dá no<br />

mesmo saber quanto lhe pagou minha mãe. Você não me importa na<strong>da</strong>. Ela se encolheu.<br />

– Pois me permita lhe garantir… – E não desejo quaisquer garantias.<br />

Deu-se conta então de que ela nunca as tinha <strong>da</strong>do. O único que as ofereceu tinha sido ele. Enganou-se<br />

pensando que, se ela chegava a conhecê-lo, que podia explicar-lhe bem, ela poderia… O que?<br />

Ela poderia interessar-se também por ele. Apreciá-lo um pouco. Ela sabia quem era ele e o que<br />

queria. Robert lhe tinha contado seus sonhos, Seus desejos secretos. Tinha confessado tudo.<br />

E não tinha sido suficiente.<br />

Uma vez mais teve uma desilusão. Dedicou-se a sonhar acor<strong>da</strong>do com uma pessoa que pouco se<br />

fixava nele.<br />

A diferença estava em que dessa vez não seria ele quem veria como se afastava a outra pessoa. Não<br />

seria ele o que esperaria inutilmente cartas que nunca chegavam.<br />

Obrigou-se a respirar regularmente até que recuperou aquela sensação de calma paralisa<strong>da</strong>. Envolto<br />

em algodão? Não, o algodão era muito leve para conter todo seu ser. Estava enterrado em areia e ca<strong>da</strong>

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