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O salão ao qual o conduziram poderia ter estado desprovido de móveis e não o teria notado. Não se<br />
sentou. Não olhou na<strong>da</strong>. Apenas esperou, sabendo o que poderia acontecer.<br />
Ela abriu a porta.<br />
Possivelmente, no fundo, tinha temido que, quando voltasse a vê-la, se sentiria tão afligido por seus<br />
sentimentos que lhe perdoaria o que tinha feito. Tinha fabricado uma imagem dela, apoiando-se em coisas<br />
que ela não havia dito, em palavras que não se pronunciaram; até que tinha chegado a acreditar-se<br />
apaixonado por uma mulher que não existia. Mas quando ela entrou, não sentiu na<strong>da</strong>.<br />
Ela era pequena, e parecia encolhi<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> sua magia se perdeu.<br />
Robert só sentiu uma dor apaga<strong>da</strong> onde antes tinha estado ela.<br />
Estava a salvo, graças a Deus. A salvo de si mesmo.<br />
– Excelência – disse ela.<br />
Ele inclinou a cabeça.<br />
Era a primeira vez desde que se conheciam em que ela o tratava como a um duque. E também era a<br />
primeira vez que ele queria ser tratado como tal. Os duques não tinham que explicar na<strong>da</strong>. Não tinham<br />
que suplicar.<br />
Simplesmente atuavam e ninguém questionava seus atos.<br />
– Estou certo que sabe por que vim – comentou.<br />
Ela inclinou a cabeça. Ele notou vagamente que parecia desgraça<strong>da</strong>. Tinha círculos escuros sob os<br />
olhos. E a luz que tinha visto neles, a formosa luz que parecia encher a sala, estava completamente<br />
apaga<strong>da</strong>.<br />
Não se importou. A Robert já não importava na<strong>da</strong>.<br />
– Excelência. Devo-lhe uma explicação.<br />
– Não quero explicações – respondeu ele. O gelo não tinha necessi<strong>da</strong>de de ouvir na<strong>da</strong>.<br />
– Mas…<br />
– Não me importa por que o fez – murmurou Robert. Suas palavras tinham um som oco. – Dá no<br />
mesmo saber quanto lhe pagou minha mãe. Você não me importa na<strong>da</strong>. Ela se encolheu.<br />
– Pois me permita lhe garantir… – E não desejo quaisquer garantias.<br />
Deu-se conta então de que ela nunca as tinha <strong>da</strong>do. O único que as ofereceu tinha sido ele. Enganou-se<br />
pensando que, se ela chegava a conhecê-lo, que podia explicar-lhe bem, ela poderia… O que?<br />
Ela poderia interessar-se também por ele. Apreciá-lo um pouco. Ela sabia quem era ele e o que<br />
queria. Robert lhe tinha contado seus sonhos, Seus desejos secretos. Tinha confessado tudo.<br />
E não tinha sido suficiente.<br />
Uma vez mais teve uma desilusão. Dedicou-se a sonhar acor<strong>da</strong>do com uma pessoa que pouco se<br />
fixava nele.<br />
A diferença estava em que dessa vez não seria ele quem veria como se afastava a outra pessoa. Não<br />
seria ele o que esperaria inutilmente cartas que nunca chegavam.<br />
Obrigou-se a respirar regularmente até que recuperou aquela sensação de calma paralisa<strong>da</strong>. Envolto<br />
em algodão? Não, o algodão era muito leve para conter todo seu ser. Estava enterrado em areia e ca<strong>da</strong>