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I Congreso Internacional de Periodismo 123<br />
Diante deste cenário em que o YouTube é cada vez mais utilizado pelos usuários, principalmente em dispositivos<br />
móveis como mostra as estatísticas do site, com o grande poder de influência que possuem em seus<br />
públicos, os YouTubers também são responsáveis pelo conhecimento que repassam a sua audiência. Porém,<br />
podem repassar informações erradas ou radicalizar ideologicamente seus seguidores justamente por deterem<br />
tamanha influência naquele que os assistem. Foi o que aconteceu dentro do YouTube brasileiro na crise política<br />
que o país vive atualmente.<br />
Os algoritmos de personificação de conteúdo e as bolhas de conhecimento do YouTube<br />
Os algoritmos são conjuntos de regras, feitas através de linhas de códigos, que indica ao software, programa<br />
ou site qual tarefa deve realizar por meio de um processamento lógico de dados. Eles são a base da informática<br />
e também da programação feitas em sites. O algoritmo do Google, que permitiu fazer buscas de páginas<br />
na internet, foi revolucionário pela forma como ele conseguia buscar as páginas de forma eficiente e precisa.<br />
Porém, nos últimos tempos, estes algoritmos estão sendo programados para personalizar o conteúdo dos<br />
usuários, ao selecionarem para ele as preferências de cada um. Isso é permito pelo algoritmo fazer uma análise<br />
das informações mais acessadas pelo usuário, o algoritmo então cruza estes dados e devolve ao usuário<br />
apenas conteúdos que mais agrada ao usuário.<br />
Em um primeiro momento, um algoritmo que personaliza as informações para o usuário é parece benéfico, já<br />
que o usuário teria acesso mais rápido aquilo que realmente o interessa. Porém, esta prática pode criar bolhas<br />
de conhecimento e ser prejudicial em uma sociedade, pois pode espalhar desinformações e radicalizar discursos<br />
políticos. “Os algoritmos deixaram de funcionar como uma receita tradicional de bolo e se adaptaram ao<br />
gosto do freguês” (Gandour citado em Carpanez, 2016). Carpanez (2016) destaca que<br />
Já o Facebook afirma que seus 1,3 bilhão de usuários podem receber 1.500 novas histórias por dia, considerando<br />
status, links, fotos e vídeos. Mas o sistema faz uma filtragem, priorizando 300 delas. O Twitter deve adotar uma<br />
linha parecida. A empresa cogita destacar posts que o internauta deveria ver e também disponibilizar uma linha<br />
do tempo personalizada para novos usuários - eles receberiam conteúdo de seu interesse, mesmo sem escolher<br />
quem seguir.<br />
O pesquisador Eli Pariser (citado em Carpanez, 2016) explica que “em troca do serviço de filtragem, damos<br />
às grandes empresas uma enorme quantidade de dados sobre nossa vida diária”. Já a pesquisadora Gisele<br />
Pappa (citado em Carpanez, 2016) analisa que “se quiser privacidade, você terá de abandonar dispositivos<br />
conectados à internet, voltar a armazenar arquivos em pendrive e ter um celular que só faz ligações, em vez<br />
de um smartphone. É uma escolha; informação personalizada vem ao custo de privacidade”. A afirmação da<br />
autora apresenta a realidade de uma sociedade conectada: a existência de monopólios digitais, empresas que<br />
dominam toda a internet e não deixa escolha aos usuários sobre quais serviços usarem on-line, como é o caso<br />
do Google, dona do YouTube.<br />
O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange (2015, p.38) exemplifica como o Google tem impacto nos interagentes<br />
na rede. “O logo colorido lúdico do Google é estampado na retina humana mais de 6 bilhões de vezes<br />
por dia e 2,1 trilhão de vezes por ano – uma oportunidade de condicionamento pavloniano como nenhuma<br />
empresa da história teve” (Assange, 2015, p.38). Assange (2015, p.41) continua sua análise sobre o Google ao<br />
dizer que a empresa fornece serviços gratuitos, o que seduz os usuários, mas que também utiliza os dados<br />
pessoais cedidos de cada interagente para lucrar ao disponibilizar publicidade dirigida ao gosto dos usuários.<br />
Assange, então completa seu raciocínio ao afirmar<br />
À medida que cresce o monopólio do Google na área de busca e serviços de internet, e ele estende a vigilância<br />
industrial para maior parte da população do planeta, dominando rapidamente o hemisfério sul, ele se torna praticamente<br />
a própria internet para muitas pessoas. A influência do Google sobre escolhas e o comportamento de todos<br />
os seres humanos se traduz em um poder concreto de influenciar o rumo da história (2015, p.41, grifos do autor).