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156 Convergencias mediáticas y nueva narrativa latinoamericana<br />

Nesse contexto, as velhas tecnologias sofreram adaptações, e a tendência é que seus potenciais se concentrem<br />

cada vez mais em poucos dispositivos. O público, que ganhou poder com as novas tecnologias, que está<br />

ocupando um espaço na intersecção entre os velhos e os novos meios de comunicação, está exigindo o direito<br />

de participar intimamente da cultura. Produtores que não conseguirem fazer as pazes com a nova cultura<br />

participativa enfrentarão uma clientela declinante e a diminuição dos lucros. As contendas e as conciliações<br />

resultantes irão redefinir a cultura pública do futuro. (JENKINS, 2009, p. 51).<br />

O professor Sérgio Amadeu também discute como o intensivo processo de digitalização vivido nos últimos<br />

anos interferiu na criação de uma cultura de convergência e suas implicações na esfera pública. A arquitetura<br />

informacional deixa de ser unidirecional e se torna distribuída, multidirecional, interativa, interconectada. Os<br />

custos de comunicação são menores, a possibilidade de o indivíduo se tornar um ativo na esfera pública é<br />

maior. Logo, é maior o potencial democrático das redes do que o dos veículos de comunicação de massa.<br />

Interessante ainda remeter esta reflexão a Manuel Castells e ao seu conceito de mass self communication.<br />

Segundo o sociólogo espanhol, a base da comunicação da sociedade em rede é a web global de redes de<br />

comunicação horizontal, que incluem o intercâmbio multimodal de mensagens interativas de muitos para<br />

muitos, tanto sincrônicos (em tempo real) quanto assincrônicos (sem a ideia do tempo real).<br />

A difusão da internet, a comunicação móvel, os meios digitais e uma variedade de ferramentas de software social<br />

tem impulsionado o desenvolvimento de redes horizontais de comunicação interativa que conectam local e globalmente<br />

em um tempo determinado. O sistema de comunicação da sociedade industrial se centrava nos meios<br />

de comunicação de massa, caracterizados pela distribuição massiva de uma mensagem unidirecional de um para<br />

muitos. (CASTELLS, 2009, ONLINE).<br />

Em relação à escrita, podemos relembrar o salto do texto impresso para o eletrônico. Roger Chartier, em A<br />

Aventura do Livro – do leitor ao navegador, afirma que com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance<br />

de nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas<br />

palavras: universalidade e interatividade (CHARTIER, 1988, p.133). Chartier se refere ao texto eletrônico como<br />

“a cultura que será complementar ou concorrente à cultura impressa [e antes dela a manuscrita] por numerosos<br />

decênios” (IBID., p.139). A cultura do texto eletrônico, para o autor, é forçosamente um “mundo de telas”,<br />

computadores cujas formas “impõem limites que parecem distanciados dos hábitos mais íntimos, mais livres,<br />

da relação mantida com a cultura escrita”. No entanto, Chartier faz uma importante observação em jeito de<br />

questionamento, demonstrando que a cultura da escrita e da leitura, a partir dos textos eletrônicos, poderiam<br />

vir a substituir a anterior cultura impressa a partir dos novos suportes [que hoje podemos associar com telas<br />

de telefones celulares inteligentes, ou smartphones, ipads e kindles, por exemplo].<br />

Afirma-se frequentemente que não dá para imaginar muito bem como se pode ler na cama com um computador,<br />

como a leitura de certos textos que envolvem a afetividade do leitor pode ser possível através dessa mediação<br />

fria, mas sabemos o que virão a ser os suportes materiais da comunicação dos textos eletrônicos? (IBID., p.142).<br />

Independentemente do suporte, e essa é uma das características fortes da cultura da convergência, não existe<br />

um aparelho mágico pelo qual toda mídia passe, e mesmo que este aparelho exista um dia, nós conectamos<br />

na mente as peças da mídia que consumimos, em nome da participação que nos é possibilitada pela web,<br />

acima de tudo como fãs.<br />

A mídia é capaz de nos cercar com suas narrativas cruzadas (transmidiáticas), imagens e sons que podem ser<br />

reproduzidos em plataformas distintas, que Jenkins vai chamar “franquias”. Na cultura das histórias em quadrinhos,<br />

por exemplo, está presente a narrativa transmídia, já que não fica apenas no que é relatado nas revistas,<br />

a história é estendida para outras publicações ou até para as telas de cinema, desenhos animados e seriados.<br />

Jenkins chama este fenômeno de narrativa transmídia, pelo fato cruzar mídias, mas também fala em “narrativa<br />

ampliada”, pelo fato de partir de uma origem, sem modificar o contexto.

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