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124 Convergencias mediáticas y nueva narrativa latinoamericana<br />

Assange (2015, p.53) ainda explica como o Google faz para recolher os dados pessoais de cada usuário, o dono<br />

do WikiLeaks diz que “cada dispositivo envia ao Google estatísticas de utilização, localização e outros dados. Isso<br />

lhe dá um poder sem precedentes de vigiar e influenciar as atividades de seus usuários, tanto na internet quando<br />

em suas atividades cotidianas”. Todos estes fatores de personalização de conteúdo que o algoritmo do Google<br />

disponibiliza afeta diretamente o YouTube. A página de streaming de vídeos disponibiliza uma seção de vídeos<br />

recomendados e as recomendações, então, sempre estarão atreladas as informações mais procuradas pelos<br />

usuários, o que forma uma bolha de conhecimento, já que o usuário é bombardeado por uma grande quantidade<br />

de conteúdo direcionado. Assim, se torna difícil para o interagente buscar por conteúdos diferentes daqueles que<br />

já está disponibilizado a ele pelo algoritmo do Google, por estes conteúdos já atendem as suas necessidades.<br />

Ronaldo Lemos (citado em Carpanez, 2016) explica o perigo que as bolhas de conhecimento criadas pelos<br />

algoritmos de personificação de conteúdo, ao afirmar que “o usuário pode acabar cercado por um contexto<br />

de informação específico e nem perceber isso. Os algoritmos não são programados para dar uma visão geral<br />

do mundo, mas sim para aumentar o tempo de permanência e o lucro dos sites”. Já Cristiano Nabuco (citado<br />

em Carpanez) alerta que “a bolha funciona como um anteparo, deixando o sujeito mais engessado dentro de<br />

suas próprias crenças”.<br />

O perigo das bolhas de conhecimento descritas pelos autores que limita o conteúdo que chega ao usuário<br />

das redes, pode ser exemplificado com a crise política brasileira. O YouTube, como já foi visto, se torno um<br />

veículo de informação confiável para quem acessa o site. O consumo de notícias e informações através do site<br />

influencia decisões e ideologias a serem seguidas. Dentro do YouTube brasileiro há uma grande quantidade<br />

de canais ideologicamente conservadores, que foram muito atuantes durante o processo de impeachment da<br />

presidente Dilma Roussef. YouTubers davam notícias diárias sobre o processo de afastamento da presidente e<br />

tecia opiniões sobre a mesma e seu partido, o Partidos do Trabalhadores (PT). O tom das mensagens passadas<br />

pelos YouTubers conservadores ou de oposição foi agressivo e começaram uma campanha de desmoralização<br />

da presidente e dos defensores de Dilma. Palavras como bandidos, ladrões e terrorista (devido ao passado de<br />

guerrilheira da presidente durante a ditadura militar brasileira de 1964 a 1984) foram usadas pelos YouTubers<br />

para em relação a presidente e seus defensores.<br />

A bolha de conhecimento, além do impeachment, também gerou discursos agressivos com relação a outros<br />

temas. YouTubers tiveram grande influência em disseminar ideologias preconceituosas aos homossexuais, em<br />

pedir a morte de criminosos, ao direito de possuir armas e um forte apego a religião cristã. YouTubers também<br />

começar a disseminar que o PT é um partido comunista e que teria como objetivo fundar uma ditadura comunista<br />

no Brasil. A onda conservadora no YouTube, potencializada pelas bolhas de conhecimento, polarizou<br />

o debate político no país e provoca até agressões nas ruas brasileiras, daqueles contra a presidente e a favor<br />

dela. As bolhas de conhecimento, então, radicalizaram o discurso político no Brasil, o que agravou ainda mais<br />

a crise política vivida no país. Inclusive, há quem defenda a volta da ditadura militar no Brasil e defendam a<br />

prisão e tortura do que chamam de comunistas.<br />

Portanto, as bolhas de conhecimento radicalizam o debate político no país, com YouTubers produzindo discursos<br />

agressivos. O resultado se vê nas ruas, com agressões físicas e palavras de ódio. Então, as bolhas de<br />

conhecimento gerada pelos algoritmos de personificação de conteúdo podem ser úteis para a procura de<br />

produtos ou vídeos de entretenimento, porém, quando relacionada a conhecimento e debate político, podem<br />

tornar informações erradas em verdades absolutas e polarizar a sociedade politicamente, o que é prejudicial<br />

para a democracia de um país.<br />

Conclusão<br />

O YouTube disponibiliza uma grande quantidade de vídeos para os usuários. Dentro do site é possível assistir<br />

desde uma apresentação de trabalho acadêmico até a tutorias de como cozinhar. Possui o potencial de trazer<br />

conhecimento para a sociedade, cada mais conectada e que acessa o site com frequência. Porém, a desinfor-

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