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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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Esse po<strong>em</strong>a fala <strong>de</strong> uma estranha alegria, a alegria que se t<strong>em</strong><br />

diante da coisa triste que é ver os preciosos dias passando. A<br />

alegria está no jardim que se planta, na criança que se ensina,<br />

no livrinho que se escreve. Senti que eu mesmo po<strong>de</strong>ria ter<br />

escrito essas palavras, pois sou jardineiro, sou professor e<br />

escrevo livrinhos. (AE, p. 8-9)<br />

103<br />

Numa outra crônica, Sobre o dizer honesto, tratando da idéia <strong>de</strong> que a<br />

palavra é a representação daquilo que está ausente, daquilo que os sentidos do<br />

corpo não po<strong>de</strong>m perceber, novamente aparece a palavra do outro com função <strong>de</strong><br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> para referendar um pensamento escolanovista <strong>de</strong> que a educação não<br />

<strong>de</strong>ve voltar-se ao abstrato, ao não prático, mas t<strong>em</strong> que ser dinâmica e investigativa,<br />

voltada a experimentos, a uma prática ativa e autônoma.<br />

Na afirmativa <strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves, que recorre a diversas citações para o<br />

dizer, a palavra é a ausência do real, e possui uma intenção mágica <strong>de</strong> trazer à<br />

existência o que não está presente, ela é simbólica, ela é a falta <strong>de</strong> algo que os<br />

olhos não po<strong>de</strong>m ver, e só é significativa para a educação se pu<strong>de</strong>r ser relacionada<br />

ativamente à vida real <strong>de</strong> cada educando, não po<strong>de</strong>ndo constituir apenas <strong>de</strong> idéias<br />

inertes.<br />

Essas observações r<strong>em</strong>et<strong>em</strong>, mais uma vez, aos preceitos escolanovistas<br />

<strong>de</strong> que o ensino se dá pela ação ao se reconstruir o pensamento por meio da<br />

experiência ativa e concreta <strong>de</strong> cada educando.<br />

Para isso, o autor recorre a uma réplica das palavras <strong>de</strong> Fernando Pessoa<br />

e <strong>de</strong> Maurice Blanchot sobre o pensamento e a linguag<strong>em</strong>.<br />

Diz Fernando Pessoa que “pensamento é doença dos olhos”. (CGE, p.<br />

48)<br />

Recordando o que diz Maurice Blanchot, a linguag<strong>em</strong> autêntica<br />

“... não é a expressão <strong>de</strong> uma coisa, mas antes a<br />

ausência <strong>de</strong>sta coisa... A palavra faz <strong>de</strong>saparecer as<br />

coisas e nos impõe um sentimento universal <strong>de</strong> que<br />

alguma coisa está faltando...“ (CGE, p. 48)

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