Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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voz <strong>de</strong>sse discurso, o que <strong>de</strong>monstra uma opção do autor pela carga s<strong>em</strong>ântica que<br />
os <strong>de</strong>locutivos usados comportam.<br />
132<br />
Aplicando essas concepções teóricas na análise do corpus, encontramos<br />
uma quantida<strong>de</strong> relevante <strong>de</strong> casos, <strong>em</strong> que a modalização e a condução do<br />
discurso citado tornam-se evi<strong>de</strong>ntes, indicando a subjetivida<strong>de</strong> e a intencionalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Rub<strong>em</strong> Alves.<br />
Conforme ver<strong>em</strong>os a seguir, agrupamos as modalizações, <strong>de</strong> acordo com<br />
a indicação predominante e <strong>de</strong> maior ocorrência nas citações, e as classificamos <strong>em</strong><br />
modalizações indicativas <strong>de</strong>: <strong>de</strong>svelamento, <strong>de</strong>sarmonia, aconselhamento,<br />
l<strong>em</strong>brança, consonância, aproximação ou afastamento e ênfase.<br />
4.3.2.1. Modalização indicativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelamento<br />
Algumas citações, encontradas no corpus, traz<strong>em</strong> <strong>em</strong> seu contexto uma<br />
idéia <strong>de</strong> que o conteúdo da fala citada é algo que está sendo revelado ao alocutário,<br />
e para isso, Rub<strong>em</strong> Alves utiliza-se <strong>de</strong> verbos e nomes <strong>de</strong>locutivos, tais como:<br />
<strong>de</strong>núncia, revelador, <strong>de</strong>scobrir, confessar.<br />
Na crônica Sobre jequitibás e eucaliptos, encontramos o uso <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>locutivos <strong>de</strong>monstrando juízo <strong>de</strong> valor do autor ao recorrer ao discurso citado,<br />
explicitando sua subjetivida<strong>de</strong> diante da voz do outro, numa condução da leitura por<br />
meio dos modalizadores. Tratando do po<strong>de</strong>r da palavra e do po<strong>de</strong>r que as pessoas<br />
po<strong>de</strong>m exercer sobre outras por meio das palavras (o conhecimento), Rub<strong>em</strong> Alves<br />
recorre a um pensamento <strong>de</strong> Nietzsche, que veicula um certo ressentimento do<br />
filósofo diante <strong>de</strong> outros pensadores.<br />
Para evocar a fala nietzschiana aparece a palavra <strong>de</strong>locutiva “<strong>de</strong>núncia“,<br />
intensificada pela expressão “s<strong>em</strong>pre me l<strong>em</strong>bro”, como se revelasse uma<br />
significativa e <strong>de</strong>sconhecida informação ao leitor, e também numa idéia <strong>de</strong> que<br />
aquele pensamento <strong>de</strong> Nietzsche é algo constante na vida do autor, evocando<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e cumplicida<strong>de</strong> entre os dois.<br />
Eu s<strong>em</strong>pre me l<strong>em</strong>bro da <strong>de</strong>núncia que Nietzsche fazia<br />
daqueles que pretendiam ser donos do saber;<br />
“Eles se entreolham com cuidado e <strong>de</strong>sconfiança.<br />
Engenhosos <strong>em</strong> astúcia pequena, esperam aqueles cujo