Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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A mesma afirmação, <strong>de</strong> que a escola exerce o papel <strong>de</strong> agente <strong>de</strong><br />
dominação, po<strong>de</strong> ser encontrada <strong>em</strong> Althusser, na sua releitura <strong>de</strong> Marx, <strong>em</strong><br />
Aparelhos i<strong>de</strong>ológicos <strong>de</strong> Estado, <strong>de</strong>monstrando o caráter <strong>de</strong> dominador exercido<br />
pelo professor e pelo sist<strong>em</strong>a educacional.<br />
Conforme consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Althusser (2001), a escola faz o inculcamento<br />
dos saberes sob o ponto <strong>de</strong> vista da i<strong>de</strong>ologia dominante, e o faz por meio da classe<br />
<strong>de</strong> professores que <strong>de</strong>tém o monopólio do po<strong>de</strong>r, e, obviamente, sob a intenção <strong>de</strong><br />
conservar o processo <strong>de</strong> dominação entre classes.<br />
Ela [a escola] se encarrega das crianças <strong>de</strong> todas as classes<br />
sociais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Maternal, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Maternal ela lhes inculca,<br />
durante anos, precisamente durante aqueles <strong>em</strong> que a criança<br />
é mais “vulnerável“, espr<strong>em</strong>ida entre o aparelho <strong>de</strong> Estado<br />
familiar e o aparelho <strong>de</strong> Estado escolar, os saberes contidos na<br />
i<strong>de</strong>ologia dominante (o francês, o cálculo, a história natural, as<br />
ciências, a literatura), ou simplesmente a i<strong>de</strong>ologia dominante<br />
<strong>em</strong> estado puro (moral, educação cívica, filosofia).<br />
(ALTHUSSER, 2001, p. 79)<br />
Na crônica Sobre palavras e re<strong>de</strong>s, referências ao pensamento marxista<br />
b<strong>em</strong> como ao escolanovista po<strong>de</strong>m ser também resgatadas. Citar<strong>em</strong>os dois casos: o<br />
primeiro é um questionamento sobre a palavra i<strong>de</strong>ologia e a obscurida<strong>de</strong> que<br />
acompanha esse conceito; o segundo, uma história fictícia <strong>de</strong> um músico diante <strong>de</strong><br />
instrumento musical <strong>de</strong>sconhecido, mas passível <strong>de</strong> ser compreendido e até mesmo<br />
tocado, simbolizando a construção do novo, do inusitado, próprio do espírito criador<br />
<strong>de</strong>fendido pela i<strong>de</strong>ologia escolanovista adotado por Rub<strong>em</strong> Alves. Ambos os casos<br />
evocam a divisão marxista sócio-econômica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> superestrutura e<br />
infra-estrutura.<br />
Em primeiro lugar, dizer i<strong>de</strong>ologia é nomear uma rua no mundo<br />
das superestruturas, lá on<strong>de</strong> habitam os fantasmas, ecos,<br />
sublimados, sombras. (CGE, p. 71)<br />
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