Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
B<strong>em</strong> dizia o mestre Wittgenstein que a linguag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> um<br />
po<strong>de</strong>r enfeitiçante. (CGE, p. 28)<br />
146<br />
Na crônica Eu, Leonardo..., ao tratar do controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> uma<br />
<strong>em</strong>presa, Rub<strong>em</strong> Alves afirma que “a parte mais importante <strong>de</strong>ste processo não é o<br />
controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dos produtos mas o controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dos pensamentos.<br />
É do pensamento que nasc<strong>em</strong> os produtos” (ALVES, 1994, p. 49), e que as<br />
<strong>em</strong>presas, tendo <strong>de</strong>scoberto isso, há muito t<strong>em</strong>po, também controlam o<br />
pensamento. Para confirmar sua fala, o autor recorre a William H. Whyte Jr. e usa o<br />
adjetivo “fascinante” referindo-se ao livro escrito por Whyte Jr., indicando que o<br />
referido livro po<strong>de</strong> encantar, seduzir, ou seja, atrair irresistivelmente o seu leitor:<br />
No seu fascinante livro O Hom<strong>em</strong>-Organização (The<br />
Organization Man, New York, Simon & Schuster, 1956), William<br />
H. Whyte Jr. <strong>de</strong>screve tal processo como a domesticação do<br />
gênio. (AE, p. 49)<br />
Outras expressões enfáticas, que funcionam como modalizadoras do<br />
discurso relatado, são encontradas no corpus. Destacamos, na crônica Sobre<br />
r<strong>em</strong>adores e professores, o uso do advérbio “interessantíssimo”, referindo-se a um<br />
ensaio escrito por Kolakowski, que, usado <strong>em</strong> seu grau superlativo absoluto, indica<br />
que o t<strong>em</strong>a tratado no ensaio é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>o interesse: a condição humana <strong>de</strong> se<br />
estar submisso às normas e leis sociais, ou a liberda<strong>de</strong> para pensar e ver s<strong>em</strong> os<br />
preceitos impostos pela socieda<strong>de</strong>:<br />
Leszek Kolakowski, um filósofo polonês, escreveu um ensaio<br />
interessantíssimo com o título O sacerdote e o bufão. O seu<br />
argumento, <strong>em</strong> resumo, é o seguinte: todas as socieda<strong>de</strong>s têm<br />
dois tipos <strong>de</strong> homens, sacerdotes e bufões. Sacerdotes são<br />
aqueles que sacralizam o existente e colocam o selo <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong> absoluta no conhecimento que circula como moeda<br />
corrente. Sua missão é preservar o passado e enrijecer o<br />
presente. Há, entretanto, os bufões, que não prestam a mínima<br />
atenção às maravilhosas vestes reais, que todos afirmam ver, e