Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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dizer s<strong>em</strong> o riso e s<strong>em</strong> a beleza“ (ALVES, 1995a, p. 9), confessando algo, numa<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que estaria revelando uma verda<strong>de</strong> ainda não dita.<br />
E, ao final <strong>de</strong> um longo po<strong>em</strong>a escrito <strong>de</strong>pois, ele tornou<br />
público o seu rompimento com aqueles que pensavam que a<br />
verda<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> dizer s<strong>em</strong> o riso e s<strong>em</strong> a beleza. Confessou:<br />
“Sou apenas um bufão! Sou apenas um poeta!“ (CGE, p. 10)<br />
134<br />
No outro caso, o autor utiliza as palavras <strong>de</strong> Barthes para referendar sua<br />
afirmativa <strong>de</strong> que só é possível apren<strong>de</strong>r algo novo se houver o esquecimento <strong>de</strong><br />
algo outrora aprendido, pois para apren<strong>de</strong>r é preciso se esquecer primeiramente <strong>de</strong><br />
algo que já tenha domesticado nossos pensamentos. A citação <strong>de</strong> Barthes é<br />
modalizada por uma introdução que fala <strong>de</strong> uma “enigmática observação“ que<br />
Barthes “confessou“ <strong>em</strong> sua “velhice“, sobre as “metamorfoses do educador“, ou<br />
seja, há toda uma estruturação na produção discursiva para enfatizar as palavras do<br />
locutor citado, culminando com a idéia <strong>de</strong> confessar, ou seja, <strong>de</strong>nunciar ou revelar<br />
uma verda<strong>de</strong>.<br />
Tudo isso apenas como introdução à enigmática observação<br />
com que Barthes encerra sua <strong>de</strong>scrição das metamorfoses do<br />
educador. Confissão sobre o lugar on<strong>de</strong> havia chegado, no<br />
momento da velhice. “Há uma ida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que se ensina aquilo<br />
que não se sabe. V<strong>em</strong> agora, talvez, a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma outra<br />
experiência: aquela <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r. Deixo-me, então, ser<br />
possuído pela força <strong>de</strong> toda vida viva: o esquecimento...“ (AE,<br />
p. 34-35)<br />
4.3.2.2. Modalização indicativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmonia<br />
Perceb<strong>em</strong>os, ao examinar a forma ou o tom que o verbo ou nome<br />
<strong>de</strong>locutivo imprime à fala do outro, palavras que traz<strong>em</strong> ao discurso citado uma<br />
conotação mais positiva ou mais negativa, exaltando ou abrandando,<br />
<strong>de</strong>sarmonizando ou conciliando, enfim, conduzindo o processo <strong>de</strong> interlocução entre<br />
o discurso citado, o discurso citante e o alocutário.