Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar o corpus selecionado para análise nesta dissertação<br />
como literário, fundados no pensamento <strong>de</strong> que é literário (arte literária) todo texto a<br />
que os leitores dão o status <strong>de</strong> literário, <strong>de</strong>svinculando essas produções textuais <strong>de</strong><br />
seus contextos <strong>de</strong> origens, e dando-lhes significados diversos e renovados.<br />
Conforme Compagnon (2003, p. 85-86), as obras <strong>de</strong> arte transcen<strong>de</strong>m a intenção<br />
primeira <strong>de</strong> seus autores e quer<strong>em</strong> dizer algo <strong>de</strong> novo a cada época; mesmo<br />
mantendo o sentido (aquilo que permanece estável na recepção <strong>de</strong> um texto através<br />
dos t<strong>em</strong>pos), a sua significação (aquilo que muda <strong>em</strong> cada recepção <strong>de</strong> um texto)<br />
terá s<strong>em</strong>pre traços da singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada leitor.<br />
Em Compagnon (2003), encontramos que a significação <strong>de</strong> uma obra não<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada n<strong>em</strong> controlada pela intenção do autor, ou pelo contexto <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong> (histórico, social, cultural), não se esgotando n<strong>em</strong> na intenção do autor n<strong>em</strong><br />
no aspecto contextual, uma vez que, ao passar <strong>de</strong> um contexto histórico ou cultural a<br />
outro, surg<strong>em</strong> novas significações que não foram previstas n<strong>em</strong> pelo autor n<strong>em</strong><br />
pelos primeiros leitores.<br />
3.4.2. A construção do discurso concretizando o estilo<br />
Encontramos, <strong>em</strong> vários autores, que há diversas formas <strong>de</strong> expressão<br />
oral ou escrita <strong>de</strong> uma língua, todas elas caracterizadas pelo estilo utilizado.<br />
Segundo o pensamento <strong>de</strong> Compagnon (2003), po<strong>de</strong>mos afirmar que a linguag<strong>em</strong><br />
literária é a que mais evi<strong>de</strong>ncia a questão do estilo, pois ela própria se caracteriza<br />
pelo estilo literário, que se contrapõe ao estilo comum, ou seja, a linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
todos os dias. A consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que há um estilo, que caracteriza e diferencia uma<br />
forma <strong>de</strong> expressão discursiva <strong>de</strong> outra, t<strong>em</strong> sido objeto <strong>de</strong> estudos tanto da<br />
lingüística como da crítica literária, que, reunidos sob o nome <strong>de</strong> estilística, têm<br />
direcionado suas atenções ao estudo da expressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma língua, ou seja, a<br />
sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sugestionar e <strong>em</strong>ocionar mediante <strong>de</strong>terminados processos e<br />
efeitos <strong>de</strong> estilo.<br />
A palavra estilo não é própria da lingüística ou da literatura, mas é nestas<br />
que <strong>de</strong>sejamos enfatizar esse conceito. Mesmo <strong>de</strong>monstrando a individualida<strong>de</strong> e<br />
singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um autor, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> uma classe, <strong>de</strong> uma escola, <strong>de</strong> um gênero,<br />
<strong>de</strong> um período, “o estilo r<strong>em</strong>ete ao mesmo t<strong>em</strong>po a uma necessida<strong>de</strong> e a uma<br />
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